Essa semana me deparei com estudo sobre
comportamento realizado em duas universidades da Dakota do Norte. A pesquisa
revelou que um terço dos alunos, entre 86 entrevistados, afirma que estupraria
uma mulher “caso ninguém nunca soubesse e se não houvesse nenhuma consequência”
por seus atos.
Os alunos responderam a uma
série de questões onde revelavam como se comportariam sexualmente diante de uma
mulher. Em situações “livres de consequências”, um terço (31,7%) de 86
universitários norte-americanos (todos heterossexuais e, em sua maioria,
brancos) afirmaram que forçariam uma mulher a fazer algo sexual contra sua
vontade, ou seja, afirmaram que estuprariam, “caso ninguém nunca soubesse e se
não houvesse nenhuma consequência” por seus atos. A maioria deles não
reconhecia essa ação como estupro.
“Na pesquisa conduzida por duas universidades no estado de Dakota do
Norte, liderada pela professora Sarah Edwards e publicada no jornal científico Violence and Gender (Violência e Gênero), 13,6% dos
entrevistados confirmaram explicitamente que estuprariam uma mulher (também em
uma situação ‘livre de consequências’). Segundo os autores do estudo, os dados
que revelam a diferença proporcional entre os homens que endossam o uso da coerção,
mas rejeitam o rótulo de ‘estupro’, podem ser utilizados para programas
educacionais sobre sexo, comportamento e consentimento sexual e, assim, acabar
com a ideia de um ‘estereótipo de estuprador’. Lendo uma série de frases como ‘Eu
me irrito fácil com mulheres’, ou ‘Eu sinto que muitas mulheres flertam com
homens apenas para provocá-los e machucá-los’, os autores da pesquisa
conseguiam determinar tais categorias, com método para identificar os níveis de
‘hipermasculinidade’ dos participantes – como se eles considerassem o perigo ‘excitante’
ou o uso de violência como ‘máscula’ – e assim determinar se “atitudes sexuais
insensíveis contribuiriam para eles cometerem uma agressão sexual’.” Revista Fórum
Enquanto isso, na Indonésia
uma viúva foi estuprada por oito homens. A barbaridade foi justificada como
sendo punição por ter tido um caso com um homem casado. Além da violência sexual,
ela deverá ser condenada a sofrer algum castigo em público.
“Os estupradores pegaram a mulher quando invadiram uma casa na província
ao norte de Banda Aceh, e acusaram-na de ter “relações íntimas impróprias” com
o homem de 40 anos de idade. O rapaz de 25 anos de idade foi amarrado e
espancado, enquanto a mulher foi estuprada repetidamente. Em seguida, os dois
foram encharcados com água de esgoto. Depois a mulher foi levada para uma
delegacia pelos estupradores, que relataram a quebra das leis rigorosas de
Sharia contra a relação íntima fora do casamento. Três dos estupradores foram
imediatamente detidos acusados de estupro, e seus outros cinco companheiros
fugiram. Mesmo assim a mulher levou uma surra dos policiais por quebrar as leis
religiosas.” GadooR7.
É surreal
que a violência sexual contra as mulheres pareça aos homens tão legítima. A pesquisa
realizada nos EUA demonstra claramente o que é cultura do estupro e porque nós afirmamos
reiteradamente que todo homem é um estuprador em potencial. Vejam o que ocorre na
Indonésia, e em outros países, onde o estupro é um mecanismo usado como
apenação de mulheres. Vale ressaltar que é uma forma de pena que beneficia
pessoalmente o apenador e que sua execução se deve eminentemente a um
sentimento de desprezo pelas mulheres. Sem falar que revela uma forte afinidade
com o prazer em torturar e uma total ausência de empatia.
Sentimentos
bastante comuns entre os marmanjos brasileiros que acham que as redes sociais
são terreno de ninguém e onde se sentem completamente a vontade para revela-los
sem pudores e sem medo de censura ou punição. E há quem ache que revelar que
estupraria uma mulher é demonstração de virilidade. Vejam a estúpida postagem de um machinho que acha
engraçado fazer brincadeiras/piadas com estupro.
Acho
que essas criaturas não foram educadas para viver em sociedade, não saíram da época
das cavernas e não foram civilizados. São homens que devem ser afastados do convívio
social pois não conhecem e não respeitam regras de civilidade e as leis.
E se
você apoia esse tipo de comentário e acha que é brincadeira você também faz
parte do problema porque legitima a cultura do estupro. Não esqueça que estupro
é crime e um crime gravíssimo e que ameaçar de estupro ou fazer apologia
(estimular, exaltar, festejar...) também é crime.
Estupro
não é meio de punição, não é piada, não é brincadeira e não é uma demonstração
de virilidade. Quem obtém sexo através de violência ou de coação é estuprador e
deve ser mantido longe do convívio com a sociedade. Portanto, não alimente a
cultura do estupro pois qualquer mulher pode ser vítima desse crime bárbaro,
inclusive você, sua mãe, sua namorada, companheira, irmã, tia...