quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Girls on Map - o novo Lulu




Enquanto a gente comemora o esquecimento do aplicativo Lulu surge uma novidade, O aplicativo Girls on a Map ou a grosso modo, mapa das garotas. O aplicativo fornece dicas de experiências turísticas e hospedagem voltadas para o sexo, quase um TripAdvisor da prostituição. O Girls on a Map permite a publicação de fotos de garotas (sem previa autorização), atribuir notas a elas, descobrir onde estão ou são e qual o nível de dificuldade de obter sexo onde elas podem ser encontradas.


“Obviamente, as redes sociais já estão divididas em relação ao aplicativo. O criador, o ex-apresentador de TV, o norte-americano Kevin Leu, diz que os homens ‘querem escolher um bom destino, mas também estão à procura de uma aventura de férias. E por que não? É o elixir da vida! Com o 'GirlsOnAMap', criamos uma plataforma para jovens solteiros em busca de emoção’ Resolver essa questão e tornar o aplicativo menos sexista seria simples: que tal dizer qual o tipo de homem pelos quais as mulheres mais se interessam naquele destino? Há lugares em que o homem bonito é o loiro, em outros, o negro. Há destinos em que homens gordinhos são um sucesso e outros em que você precisa ser magrelo e alto. Se fosse assim, os homens iriam para onde são os bonitões e ninguém teria sido invadido como nesse site. Mas é claro que algo assim não faria tanto barulho quando o caminho mais fácil e escolhido. O autor do site que incentiva que você poste fotos das garotas – sem autorização delas, é claro –, mas diz que "as cartas ainda estão nas mãos delas. Os homens continuarão tendo que se esforçar para tê-las. Em nenhum momento defendemos que eles tirem proveito das meninas”. Como as cartas estão na mão delas se suas fotos estão em um site com cara de prostituição sem autorização prévia e talvez colocada por um cara que ela nunca viu na vida? Para fechar, ele diz que o aplicativo não tem nada de errado, já que a objetificação é uma coisa presente no dia a dia. “Nós objetificamos pessoas o tempo todo. Só estou trazendo esse tipo de conversa para o ambiente online. Quando viajava, sempre ficava curioso sobre como eram as mulheres do país”. E, infelizmente, com isso não posso discordar. Enquanto nosso comportamento não mudar, pessoas continuarão sendo machucadas, sofrendo e nossas relações, de todos os tipos, serão superficiais.” Carol Patrocínio em Yahoo.

Em época de copa e como Fortaleza é a capital da prostituição já viram que o aplicativo vai enfrentar congestionamento de tanto acesso. Não é novidade pra que ninguém que no Brasil o turismo sexual é um mercado que rende muito, mas muito mesmo. Na verdade, o turismo é uma fachada usada para mascarar a busca por sexo e prostituição. Os estrangeiros, especialmente americanos e europeus, escolhem os destinos a partir do tipo de experiência sexual que gostariam de ter, como por exemplo; fazer sexo com “pessoas exóticas”, as mulheres da Amazônia era um tipo bem desejado, os estrangeiros gostam de dizer que fizeram sexo com elas. A visão que se tem do país no exterior é de que o Brasil é o país do sexo e do paraíso.  Para reforçar esse estigma, há alguns anos, na propaganda federal brasileira o Brasil era retratado com imagens de mulheres em trajes ínfimos. Além do que, o ingresso de estrangeiros no país é facilitado pela falta de controle policial, isso deixa a sensação de muita permissividade, ausência de leis e, consequentemente, impunidade.

O principal atrativo do turismo sexual é a obtenção fácil de relações sexuais em determinado estado ou país estrangeiro. Na maioria dos casos, as relações são obtidas com prostitutas agenciadas informalmente ou em locais diversos, como estradas, esquinas de hotéis e bares. Além de mulheres, o comercial sexual também alicia homens para trabalharem nesse mercado(SIC). O turismo internacional sexual se caracteriza pela procura de clientes estrangeiros que preferem prostitutas de diferentes nacionalidades e que realizam o serviço por um preço mais baixo em comparação ao seu país de origem. Segundo pesquisas da ONU e de institutos privados, o Brasil é um dos principais destinos do turismo sexual, ao lado de países como Marrocos, Camboja , Colômbia , Costa Rica , China , Cuba , Peru e Tailândia . Após a queda da Cortina de Ferro , Rússia , Hungria , República Checa e Ucrânia. Infoescola

Então vamos pensar um pouquinho, a gente junta a estatística que aponta para o Brasil como um dos principais destinos do turismo sexual, a copa, mais o Girls on Map temos um substancial aumento da opressão sobre nós mulheres daqui pra frente, não só por sermos avaliadas a partir da nosso desempenho sexual, da beleza, vulnerabilidade as investidas masculinas e comportamento social. Pode não parecer, mas isso tudo tem um aspecto subjetivo que precisa ser levado em conta, a avaliação de todos esses fatores em conjunto prediz a condição social da mulher, como a maioria das mulheres que estão mais visíveis no turismo sexual são aquelas que se encontram na camada social baixa, ela vai ser o principal alvo daqueles que usam esse aplicativo e não vai ter mecanismo de lutar com isso. Sob esse aspecto a opressão machista se intensificar.

Há quem pense “o que eu tenho haver com isso?” Somos todas mulheres e a opressão que se processa contra uma afeta todas nós. Não há como se conquistar a igualdade de gênero enquanto nem todas as mulheres puderem fazer opções conscientes. A “opção” pela prostituição não é um movimento consciente, menos ainda a exploração sexual. Também não é consciente o desejo de encontrar um gringo pra casar. Esses movimentos são condicionados pela tentativa de fuga da miséria. Entendo que o aplicativo surge como mais mecanismo de expressão do machismo para controle do corpo e da opressão contra a mulher, assim sendo atinge todas nós, independente da classe ou etnia. Então já deu pra perceber que temos mais uma feroz luta para impedir que esses ogros machistas atribuam notas aos nossos corpos ou nossas vulnerabilidades.



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Mulheres Trans, mulheres de verdade.


Quando nos referimos a mulheres trans do que mesmo estamos falando?
Estamos falando de uma mulher como qualquer uma outra, Scelma por exemplo, é uma linda sindicalista que se dedica a luta por melhores condições trabalho para si e suas companheira da Confecção feminina. Scelma além de sindicalista e pilotista é integrante do Movimento Mulheres em Luta (MML-Ce), uma organização que feminista que luta pela igualdade de gênero.
Scelma se descobriu mulher ainda na infância, no entanto, só revelou à família aos 17 anos de idade, ocasião em que foi expulsa de casa e obrigada e sair do interior do estado e vir pra Fortaleza pra fugir da opressão dos pais. Desde então, ela se encontra longe da família. Seu ponto de apoio são as companheiras de luta que a ajudam a fortalecer sua autoestima e superar os obstáculos cotidianos.  Scelma sonha se tornar veterinária e ter a identidade social reconhecida.







Karol oliveira é uma linda mulher de 20 anos e cabeleireira há um ano, mora com os pais. Sua situação é um exemplo raro no meio trans, mas que tem aumentado bastante, continuar com morando com os pais e receber deles apoio após assumir sua identidade trans. Karol, desde criança sentia que havia algo diferente com ela, se sentia mais atraída pelo universo feminino, entretanto como a infância é um momento de descoberta ela não sabia explicar exatamente o que lhe ocorria. A constatação de que era mulher ocorreu ainda aos 14 anos. Essa descoberta implicou medo, angústia e receio. Karol temia as críticas, os olhares desconfiados. Apesar do medo preferiu revelar à família sua identidade. Naturalmente, os seus pais sofreram um baque, entretanto, a aceitaram e a acolheram.





Atualmente Karol é assistida pelo Grupo de Resistência Asa Branca (GRAB), uma Organização Não-Governamental (ONG) sem fins lucrativos ou vinculação partidária, reconhecida como de Utilidade Pública Municipal. Fundado em 1989, é uma das organizações LGBT em funcionamento mais antigas do Brasil. Através dos projetos dos quais participa ela fortalece sua identidade e tem a serviços sociais.

O caso Karol é um exemplo de como a família pode atuar de maneira a contribuir na construção da identidade da pessoa trans e reduzir o estigma que comumente esta associado as questões de gênero.

 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O fantástico poder da TV


Aprendemos quando criança a sonhar com castelos, príncipes encantados montados em cavalos brancos, com um beijo de amor que nos acorda de um longo e enfadonho sono. Somos embaladas com histórias sobre fadas que transformam abóboras em carruagem e ratos em guiadores destas. Temos as fadas que nos levam os dentes e as que com o toque de sua vara de condão nos fazem voar. Temos o Papai Noel que se desloca quase do fim do mundo pra nos presentear na noite de Natal. Dormimos acreditando que os duendes estão vigiando o jardim para que nenhum mal possa invadir a nossa casa. Acreditamos em poderes secretos e super-poderes.





Durante a adolescência passamos a acreditar que a posição dos astros no dia do nosso nascimento pode interferir e definir como será o nosso dia e nosso comportamento. Também acreditamos que as linhas das nossas mãos poderão nos dizer tudo sobre passado, presente e futuro. Até acreditamos que nosso destino está escrito nas cartas do tarô. Quando nos apaixonamos somos levadas a crer que Mãe Joana traz nosso homem de volta em três dias. E vamos amadurecendo e passamos a acreditar que topar com gato preto ou passar por baixo de escada dá azar. Somos levados a crer que carregar um galho de arruda nos livra do azar e um trevo de quatro folhas nos trás sorte. Acreditamos que cruzar o réveillon de branco nos trará paz, de amarelo nós trará dinheiro e de vermelho amor pra o ano inteiro.


Ao que parece, somos condicioanadas desde cedo a acreditar, acreditar e acreditar. Então fica fácil crer que a Gisele Bündchem não faz dieta – não morre de fome – para manter o seu peso, e que ela usa Pantene, nada mais além disso, para manter aquele cabelo espetacular. Também faz todo sentido acreditar que Suzana Vieira, mesmo após os 70 anos, não tem uma celulite. Alias, tem as pernas lindamente fantásticas como aparecem nas revistas. Também é muito fácil acreditar que a Madona tem um rostinho lisinho, sem nenhuma ruga e nenhuma plástica.







Por trás da indústria da beleza há outra indústria que trabalha incansavelmente para nos iludir, a indústria da magia, que transforma sonhos em realidade. Somos diariamente bombardeadas por centenas e milhares de estímulos que nos fazem desejar. Somos por essência seres desejantes e para nos instiga-los basta nos estimular os olhos e os ouvidos, de resto o cérebro inventa.   Nada melhor pra embalar nossos sonhos de juventude eterna, do que ver corpos e rostos perfeitos dos nossos ídolos estacionarem no tempo e exibirem belezas irretocáveis. Será? Vejam o vídeo abaixo e me digam o que acham do poder de manipulação da TV e seu ilusionismo. 



Todo o sistema midiático conhece bem a nossa capacidade de acreditar e a partir da nossa credulidade nos manipula. O ilusionismo midiático nos mostra o quanto estamos a aquém das celebridades. Somos apenas pobres mulheres naturais, e por isso somos levadas a infelicidade e a depressão. Acordamos com olheiras, com os cabelos desgrenhados e com mau hálito depois das nossas inúmeras e relaxantes noites de sonhos. Temos celulite, estria e gordura localizada, e tudo isso é resultado das cervejadas, feijoadas e dos churrascos com a família e os amigos, e/ou da fantástica experiência de maternar. No rosto temos marcas de todas as experiências que vivemos, dos nossos sorrisos escancarados, dos choros de emoção ou de olhar o sol nascer e se pôr. E até mesmo os nossos lindos ídolos são como nós, meros normais, no entanto, elas sempre aparecem com suas aparências maravilhosas porque a fada com a varinha de condão, a mesma que atuou no vídeo acima, as deixa esplendorosas. Quer saber por quê? Porque ninguém quer consumir a imagem de uma mulher comum, e mulheres comuns todas somos. A magia está em nos mostrar um modelo desejável, ou por melhor dizer, um modelo vendável, muito embora não atingível. A beleza eterna e perfeita é o príncipe encantado, a fada do dente, o lobisomem, o Papai Noel...