Hoje me
deparei com a informação de que as mulheres do exército americano correm mais
risco de serem estupradas do que mortas em campo de batalha. Estimativas do
Departamento de Defesa dos EUA (Revista TPM)
revelam que aproximadamente 19.300 soldados femininos sofreram assédio sexual
em 2010. Em sua maioria as agressões eram praticadas por companheiros de
batalha e chefes.
O retrato
da violência pode ser visto através do documentário, premiado no Festival de
Cinema de Sundance e indicado ao Oscar de melhor documentário em 2013, The
Invisible War (2012),
dirigido por Kirby Dick. Para o documentário foram entrevistadas
mais de 70 mulheres das Forças Armadas. As quais relataram histórias bem
parecidas de violência.
O estupro
de mulheres e morte dos homens pelo exército vencedor são práticas abomináveis,
no entanto, bastantes comuns. O objetivo é humilhar, impor a submissão e o
terror ao derrotado.
Então o estupro de companheiras de tropa seria “fogo amigo”? Não.
Definitivamente não. O que se pretende com a prática é a manutenção dos
processos de inferiorização e opressão da mulher. A estatística revela apenas
uma realidade que ocorre nos guetos, ruas, bares, lares... É a reprodução da
coisificação da mulher no cotidiano do front.
Para além
da reprodução da opressão do cotidiano, a prática do estupro visa afastar a
mulher das áreas que muitos julgam serem espaços exclusivamente masculinos.
Violência sexual, física e mecanismos de tortura psicológica são utilizados
como forma de provocar medo e humilhação. O que se pretende é fragiliza-la ao
ponto de sentir-se impelida a deixar a profissão.
O que precisa ser mudado é a forma como as mulheres são vista na sociedade como
um todo. É preciso que as sociedades respeitem os direitos femininos, sejam
equânimes no tratamento de ambos os gêneros e promovam a inserção do gênero feminino
em toda e qualquer área que deseje operar. Essas medidas provocarão mudanças
profundas nas relações de gênero ocorridas entre os soldados. Entretanto, é
necessário que cada caso de violência seja julgado e punido, independente do
ambiente onde foi cometido. Mas pra que isso aconteça é o urgente que o
silêncio seja quebrado e que cada vítima não seja refém do próprio medo.