Há exatos 14 dias atrás fiz
meu primeiro post no blog “Violência de Gênero. Basta!”. O blog foi criado com
o intuito de discutir a violência contra a mulher e antes de atingir 15 dias de
vida sinto-me impelida a discutir duas ocorrências de grande repercussão. No entanto
é importante ressaltar um dado alarmante, de lá pra cá foram mortas 53 mulheres
por seus namorados, maridos ou companheiros, ou seja, quase quatro mortes ao
dia. São vítimas do machismo, da opressão e da impunidade.
Na manhã de terça-feira, dia
23 de abril, foi enterrado corpo de Hirome Sato de 57 anos, morta por estrangulamento
em seu apartamento pelo seu companheiro, o advogado Sérgio Brasil Gadelha, de
74 anos, que confessou ter cometido o crime por conta de ciúmes.
Segundo
o próprio acusado relata não era sua intenção mata-la, no entanto, os médicos
só foram chamados pra atender a vítima na noite de domingo, quase 30 horas após
a sessão de espancamenteos, quando uma filha de Gadelha foi ao apartamento. A
perícia achou vários sinais de agressão no corpo de Hiromi, além das marcas de
estrangulamento.
Outro
crime brutal vitimou uma adolescente de 17 anos na cidade de Iguatú, interior
do Ceará. O corpo da jovem, Keyla Cibela Queiroz foi encontrado num lixão, na saída
da cidade por uma catadora de lixo. A jovem estava desaparecida a mais de dois
dias. Yaslan Moreira da Silva, companheiro da vitima, com quem tinha um filho
de 9 meses e um relacionamento de mais de dois anos, confessou ter matado a
jovem com uma martelada na cabeça, em seguida, ter envolvido seu corpo em sacos plásticos e
desovado no lixão.
A exposição
desses dois casos resume bem a situação de vulnerabilidade na qual nos
encontramos. Os homicídios aqui destacados foram usados apenas como demonstrativo
dos restantes 53 de feminicídios (morte de mulheres em razão de gênero)
cometidos no nosso País somente na última quinzena, de 16 a 30 de abril.
Apesar
da lei Maria da Penha ser um marco na luta contra violência , ela ainda é
insuficiente como método preventivo e corretivo. Infelizmente a impunidade
ainda é um fator estimulador das práticas de violência contra a mulher.
Em
2007, primeiro ano de vigência da lei Maria da Penha, o número de homicídios
apresentou queda: de 4,2 mortes, foi a 3,9 mortes para cada 100 mil mulheres.
Já no ano seguinte, a taxa voltou a atingir os patamares anteriores.
Dados
do Ministério da Saúde revelam que entre 1980 e 2010, foram assassinadas 91.932
mulheres. Do total de agressões contra a mulher, 42,5% são do cometidas pelo próprio
parceiro ou ex-parceiro, e 68,8% dos incidentes acontecem em âmbito doméstico.
Estatísticas
fornecidas pelo Instituto Patrícia Galvão revelam que pelo menos 70% dos
feminicídios são praticados por maridos ou ex-maridos, namorados ou
ex-namorados, noivos ou ex-noivos, companheiros ou ex-companheiros.
É lamentando
profundamente que exponho aqui esses dados. No entanto, meu sentimento maior
nesse momento é de revolta. Sinto-me extremamente frágil ante essa violência. Imagino
que a próxima vitima possa ser eu. E vejo que Estado permanece omisso ante os
fatos.
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