Entrei correndo à procura da minha professora. Numa das
salas encontrei seu irmão. Ele me chamou e logo que me aproximei ele me agarrou
por trás. Imagino que pôs o pênis pra fora e ficou roçando nas minhas nádegas
enquanto passava as mãos pelo meu corpo.
Tinha apenas seis anos e era a segunda escola que
frequentava. Estava instalada num sítio bem arborizado, tinha muro baixo,
pintado à cal, com um largo portão de ferro. A casa era enorme, com muitos
quartos e uma cozinha ampla com fogão a gás e à lenha, ficava um pouco afastada
da rua e era toda rodeada por alpendres. Descendo em direção leste
encontrava-se uma lagoa. Nossas aulas aconteciam sob os alpendres debruçados
sobre três longas mesas cujos assentos eram compridos bancos de madeira. Embora
as pessoas e o ambiente parecessem familiares esta escola serviu de cenário
para uma agressão covarde promovida por um ingênuo “tio”.
Foram minutos, ou segundos, intermináveis. Enquanto durava
aquele ataque eu experimentava um desamparo que beirava a sensação de estar
morrendo. Sentia uma enorme ânsia de vômito e meu corpo todo gelar e tremer. Era asqueroso
aquele homem roçando minhas costas. A angústia foi tamanha que não lembro
precisamente o que ele fez, era fato que suas mãos se multiplicavam por todo
meu corpo. Estava apavorada e com um
imenso medo de gritar, medo que ele me machucasse, e até de morrer. Não
entendia absolutamente nada do que estava acontecendo, porém estava certa de
que havia algo de muito errado naquele comportamento, principalmente pela maneira
que ele me largou quando alguém adentrou a sala e flagrou a cena. Ele baixou a
cabeça e virou em direção aos quartos, acredito que tentava se esquivar de
alguma punição. Não tenho ideia do ocorreu depois, já que aproveitei pra
fugir. Corri o mais rápido que pude até
chegar à minha casa e me sentir segura.
De alguma forma me
sentia cúmplice do assédio, por isso calei e tratei de esquecer este fato. Por este
motivo não recordo dos dias seguintes a ele, lembro bem que me recusei a
continuar frequentando esta escolinha. Foram anos sem recordar nada com relação
a este dia fatídico, até encontrar por acaso a sobrinha dele, eu já estava com
mais de vinte anos. Então, de repente veio à mente um filme acompanhado de todas as
sensações que vivi naquele momento. Emfim eu podia recordar aquele homem roçando a barba no
meu pescoço e a violência dele contra meu corpo. Acredito que foi depois desse
abuso que passei a sentir nojo de homem de barba. Eu simplesmente tenho asco de que
homens peludos me toquem.
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