Tive
um namoro abusivo. Comecei a namorar com 13 anos e namoramos durante 04 anos,
no início do namoro abusaram de mim quando eu estava bêbada e eu fui culpada
por isso pelo meu namorado durante todos os anos passamos juntos. Sim, ele
usava isso como desculpa pra me privar das coisas, pra me trair, pra pedir
tempo quando ele quisesse e eu me via extremamente submissa.
Eu
não podia me vestir como eu queria, eu tinha que emagrecer pra ficar bonita pra
ele, até mesmo transar com ele tinha que ser quando ele queria, senão ele
brigava, não podia nem pensar em dormir na casa das minhas amigas ou viajar com
minha família, porque ele fazia de tudo pra me deixar mal com isso.
Enfim,
o menino fez de tudo pra eu continuar na redoma de vidro dele e eu deixei, pois
me sentia dependente dele. Era como se eu não soubesse viver sem o afeto dele.
Até que tive um colapso nervoso, no ano passado, e me obriguei a ir na
psicóloga. E sinceramente?
Foi uma das melhores coisas que eu fiz, me apego demais em astrologia e meu signo não condiz nenhum pouco com essa submissão, sou aquariana, e comecei a me libertar aos poucos. Chegou ao extremo quando o meu namorado começou a me diminuir mais pra eu simplesmente continuar com ele, então se eu saia com minhas amigas, ele brigava comigo no outro dia, inventava que tinha bebido muito e colocava a culpa em mim, que eu não ligava pro nosso namoro e nem pra ele, consequentemente.
Foi uma das melhores coisas que eu fiz, me apego demais em astrologia e meu signo não condiz nenhum pouco com essa submissão, sou aquariana, e comecei a me libertar aos poucos. Chegou ao extremo quando o meu namorado começou a me diminuir mais pra eu simplesmente continuar com ele, então se eu saia com minhas amigas, ele brigava comigo no outro dia, inventava que tinha bebido muito e colocava a culpa em mim, que eu não ligava pro nosso namoro e nem pra ele, consequentemente.
E,
chegou ao absurdo de eu querer dançar quadrilha e não poder, eu me oferecer pra
pegar um par qualquer que eu nunca sentiria atração alguma e ele ter a coragem
de me dizer: "Dessa forma você estará provocando desejo nele, aí ele vai
se masturbar pensando em você e eu não quero isso." Bom, dois dias depois
desse acontecimento eu tomei força de não sei onde pra terminar e me livrar de
toda bagagem que eu tinha com ele, eu não gostava mais dele fazia tempos, não
sentia prazer algum em transar com ele porque era sempre 3 vezes seguidas e
acabava machucada, eu simplesmente percebi que todo mundo tinha me moldado a
vida toda pra ser uma coisa que eu não era.
Tô
muito melhor agora, coloquei tudo nos eixos de volta, faz 3 meses que eu tô
solteira pela primeira vez em 4 anos e olha: nunca estive tão bem.
Letícia.
Essa
semana eu me deparei com esse texto e não tive como não pensar em quantas
meninas/mulheres estão vivendo relações extremamente parecidas com a relatada
por Letícia (nome fictício). Seu relato expõe exatamente os mecanismos de
coação, controle e opressão “sutilmente” utilizados para manipular, submeter e
subjugar mulheres.
É
através desses jogos que muitos homens fragilizam as mulheres e às condicionam
a se sentirem sempre culpadas. A culpa é um dos melhores mecanismos de
controle. É por conta dela que nos calamos, cedemos, aceitamos, nos resignamos
e que nos submetemos. É óbvio que a grande maioria dos homens sabe disso e
explora muito bem. Somos culpadas por sermos “gostosamente irresistíveis”, culpadas
de não nos prevenirmos, por sermos bonitas demais e atrairmos olhares mal-intencionados.
Mea culpa, mea máxima culpa. Ao
homem cabe sempre o papel da vítima desse espírito cruel e maligno que é a
mulher.
Será
mesmo que precisamos viver enredadas nesse tipo de teia? Nos sentido culpadas,
silenciadas, tolhidas e controladas?
Será
que não existem outras formas de relacionamento entre homens e mulheres?
Definitivamente,
não podemos viver acuadas, com medo e sob sombra da culpa. Liberdade não é uma
concessão, é um direito. Podemos e devemos ser, estar, agir e crer de acordo
com a nossa vontade. Não somos marionetes manipuláveis e muito menos
propriedade de ninguém. Controle, manipulação, chantagem e toda espécie de bullying são formas de violência psicológica.
Segundo o artigo 7º da Lei nº
11.340/2006 são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre
outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
Apesar
da naturalização do abuso ou da violência psicológica ou até mesmo do bullying matrimonial,
esses comportamentos não são saldáveis ou normais como tudo nos leva a pensar. Os
abusos nos relacionamentos íntimos podem interferir seriamente na qualidade de
vida do abusado e ser bastante danosos à sua saúde física e emocional. Relações
estabelecidas nesses parâmetros não são construtivas, pelo contrário, não permitem
o estabelecimento de um clima de companheirismo e bem estar entre o casal. Dessa
forma, quando a vítima rompe com uma relação abusiva
ela também rompe com o sofrimento psicológico que esse tipo de relação causa.
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