Corpo
da adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, foi encontrado nesta quinta-feira,
após prisão de quatro funcionários de um parque de diversões em Colombo, região
metropolitana de Curitiba, Paraná. Três dos presos confessaram terem estuprado
e matado a adolescente Tayná. O corpo da garota foi encontrado dentro de um
poço seco. A adolescente estava desaparecida desde à noite da última terça-feira.
Seu sumiço teria ocorrido em frente ao parque. Ocasião em que câmeras de vídeos
teriam mostrado sua presença nas imediações.
Não sei
se perceberam, mas estamos vivendo a barbárie. Ou você acha que é natural
juntarem-se três indivíduos pra violentar e matar uma mulher (ou quase criança)?
A finalidade era uma só, saciar o desejo sexual. A morte? Ah, essa foi uma
consequência! Afinal, a vítima poderia denunciar seus algozes.
Para
os maníacos nada mais importa além de alguns poucos segundos de “prazer”. A
vida de uma mulher vale isso, apenas um ou dois coitos. Se para
consegui-lo for preciso matar, então vamos lá, matemos. O primordial é a
saciedade da libido doentia. Essa deve estar acima de qualquer coisa, inclusive acima de uma
vida.
Não consigo
entender o que leva três indivíduos a juntarem-se pra cometer um crime bárbaro
como este. Fico imaginando como eles combinaram o crime, como chegaram a
conclusão de que matariam a vítima, de onde enterrá-la-iam e todos os outros
detalhes envoltos nessa crueldade.
Do
o início do texto até aqui apenas uma coisa me parece certa, a função da mulher
na cabeça de uma grande porção de indivíduos do sexo masculino, o papel de mero
objeto de prazer. Satisfeita essa prerrogativa a mulher é perfeitamente
descartável. Pouco importa se ela sente dor, prazer ou frio, se tem sonhos, come,
dorme, sorrir. E daí se ela tem família, amigos, namorado... E se eles sentirão sua falta. O
que importa mesmo, são apenas poucos segundos de satisfação sexual.
Mas de
quem é a culpa de tudo isso? É da sociedade que é machista. Que legitima o
estupro “consentido”. Que não puni severamente a violência contra a mulher. A
culpa é do machismo que coisifica a mulher e a alça a condição de mero
instrumento sexual. Essa sociedade que qualifica a mulher através de seu vestuário,
da quantidade de parceiros, da bunda, do tamanho da saia, legitima o abuso, a violência
e o homicídio.
Sinto-me
uma cidadã de segunda categoria. Relegada a condição de objeto. E como tal,
sinto-me acuada, ameaçada. É como se, dia após dia, tivesse um revolver apontado
pra minha cabeça e seu gatilho acionado. E nessa roleta russa me sinto impelida
a agradecer à sorte de ter sobrevivido á cada namoro que terminei. Tenho que me
sentir feliz pelas muitas idas e vindas pela cidade incólume. Penso no quanto
tive sorte por cada volta pra casa ilesa e por cada amanhecer sã e a salva no
abrigo do meu lar.
Entretanto, não sei por
quanto tempo o giro do tambor estará a meu favor e me manterá a salva. Pois em
2010, a cada 1 hora, 57 minutos e 43 segundos uma mulher era vítima de
homicídio e tantas outras eram submetidas as toda espécie violência. (mais informações aqui).
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