Responda a enquete: Quando você precisou fazer uma curetagem no sistema de saúde, você foi anestesiada?
Já precisei fazer uma curetagem no sistema de saúde
pública e fui submetida ao procedimento sem ter sido anestesiada. Foi uma das
piores agressões que sofri. Uma semana antes do procedimento, durante uma ultrassonografia,
o médico constatou que o embrião estava sem batimentos cardíacos e que não
havia como reverter o abortamento em curso, e só me restava aguardar que meu
organismo se encarregasse de expulsar os tecidos da gravidez. Porém as dores e
o risco de hemorragia me levaram de volta ao médico. Nessa visita foi
recomendado que eu fizesse uma curetagem, pois corria risco do quadro se agravar
me levando a uma infecção ou outras complicações. O obstetra que me atendeu
marcou a curetagem pra o dia seguinte. Para realização do procedimento fui
apenas sedada, a cirurgia foi realizada a sangue frio. O que vivenciei naquela
sala foi uma verdadeira tortura.Veja relato completo aqui.
Acredito que, apesar de terem se passado mais 13
anos, a prática ainda hoje seja bastante comum, e muitas mulheres continuem
sendo torturadas criminosamente. O objetivo dos médicos que procedem dessa
forma é punir a mulher, que eles julgam ter provocado o aborto. No meu caso
havia uma ultrassonografia mostrando que havia ocorrido a morte do embrião e
também os registros da minha ginecologista sobre os atendimentos que procurei
logo que verifiquei que havia algo de errado sobre a minha gravidez, além das
receitas com a prescrição de medicamentos pra evitar que o quadro abortivo evoluísse.
Mas nada disso foi observado. O obstetra sequer leu o meu prontuário. Ele, e a
equipe que o assessorava, agiu deliberadamente com a finalidade de me torturar.
Em caso de aborto eles acreditam que é imprescindível
fazer a mulher sofrer. Em ambos os casos, aborto provocado ou espontâneo, a
curetagem deve ser realizada respeitando os protocolos médicos de maneira a preservar
a saúde da mulher e sob anestesia geral ou locorregional. Não se admite que qualquer procedimento cirúrgico
seja realizado sem anestesia.
A finalidade do meu relato é denunciar a prática de violência
contra a mulher. Devemos nos encorajar e denunciar os maus profissionais, que
se utilizam da relação de confiança entre médico/paciente pra provocar dor e
sofrimento aos seus pacientes. A relação médico/paciente deve ser pautada na
segurança de que o primeiro irá primar pelo bem estar do segundo. Então, o mínimo
que se espera, é que o profissional atue com extremo zelo com nossa saúde e não
que negligencie dela ou que haja de forma perversa ou sádica.
Caso você, assim como eu, tenha sido vítima desse
tipo de violência e queira contar como tudo aconteceu você pode enviar seu
relato por e-mail pra violenciadegenero.basta@yahoo.com.br. Você pode optar por
publicar seu texto anonimamente ou receber os créditos da autoria.
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