terça-feira, 20 de agosto de 2013

Responda a enquete: Quando você precisou fazer uma curetagem no sistema de saúde, você foi anestesiada?



Já precisei fazer uma curetagem no sistema de saúde pública e fui submetida ao procedimento sem ter sido anestesiada. Foi uma das piores agressões que sofri. Uma semana antes do procedimento, durante uma ultrassonografia, o médico constatou que o embrião estava sem batimentos cardíacos e que não havia como reverter o abortamento em curso, e só me restava aguardar que meu organismo se encarregasse de expulsar os tecidos da gravidez. Porém as dores e o risco de hemorragia me levaram de volta ao médico. Nessa visita foi recomendado que eu fizesse uma curetagem, pois corria risco do quadro se agravar me levando a uma infecção ou outras complicações. O obstetra que me atendeu marcou a curetagem pra o dia seguinte. Para realização do procedimento fui apenas sedada, a cirurgia foi realizada a sangue frio. O que vivenciei naquela sala foi uma verdadeira tortura.Veja relato completo aqui.

Acredito que, apesar de terem se passado mais 13 anos, a prática ainda hoje seja bastante comum, e muitas mulheres continuem sendo torturadas criminosamente. O objetivo dos médicos que procedem dessa forma é punir a mulher, que eles julgam ter provocado o aborto. No meu caso havia uma ultrassonografia mostrando que havia ocorrido a morte do embrião e também os registros da minha ginecologista sobre os atendimentos que procurei logo que verifiquei que havia algo de errado sobre a minha gravidez, além das receitas com a prescrição de medicamentos pra evitar que o quadro abortivo evoluísse. Mas nada disso foi observado. O obstetra sequer leu o meu prontuário. Ele, e a equipe que o assessorava, agiu deliberadamente com a finalidade de me torturar.  Em caso de aborto eles acreditam que é imprescindível fazer a mulher sofrer. Em ambos os casos, aborto provocado ou espontâneo, a curetagem deve ser realizada respeitando os protocolos médicos de maneira a preservar a saúde da mulher e sob anestesia geral ou locorregional.  Não se admite que qualquer procedimento cirúrgico seja realizado sem anestesia.

A finalidade do meu relato é denunciar a prática de violência contra a mulher. Devemos nos encorajar e denunciar os maus profissionais, que se utilizam da relação de confiança entre médico/paciente pra provocar dor e sofrimento aos seus pacientes. A relação médico/paciente deve ser pautada na segurança de que o primeiro irá primar pelo bem estar do segundo. Então, o mínimo que se espera, é que o profissional atue com extremo zelo com nossa saúde e não que negligencie dela ou que haja de forma perversa ou sádica.

Caso você, assim como eu, tenha sido vítima desse tipo de violência e queira contar como tudo aconteceu você pode enviar seu relato por e-mail pra violenciadegenero.basta@yahoo.com.br. Você pode optar por publicar seu texto anonimamente ou receber os créditos da autoria.

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