Nesta
segunda feira (12) mais uma mulher entra para as estatísticas da violência. Sandra
Helena Queiroz, doméstcia, 42 anos, foi morta a tiros numa parada de
ônibus da Avenida Dedé Brasil, no bairro Serrinha, em Fortaleza. O
suspeito de ter cometido o crime é o ex-marido da vítima, que estaria
inconformado com fim do relacionamento.
Sandra
não resistiu aos ferimentos e teve morte imediata. O crime ocorreu por volta
das 5h da manhã. A vítima aguardava
transporte numa parada de ônibus no intuito de seguir para o trabalho. O
acusado do crime, o ex-companheiro, ainda não foi localizado pela polícia.
Lamentavelmente
a morte de Sandra irá figurar apenas como mais um número no rol de vítimas do
machismo. Sandra não será mártir da luta contra a violência que vitima a
mulher. Sua morte não representará um marco de uma nova realidade social para o
gênero feminino. Em pouco tempo o crime que lhe tirou a vida será esquecido. E restará
apenas aos seus familiares lamentarem a ocorrência desse crime tão bárbaro.
No
entanto, a cada violência cometida contra uma única mulher que seja suja de
sangue toda a nossa sociedade que é tão permissiva com esse tipo de crime. A tolerância
com o ciúme, com a possessividade, com a agressividade promove a coisificação
da mulher. E enquanto objeto, o homem pode dispor da companheira como melhor
lhe convém, inclusive lhe parecendo lícito o feminicídio. Essa é somente uma
das faces cruéis da violência de gênero, pois existem muitas outras, algumas delas
tão sutis que nos passam despercebidas.
Outro
dia tremi ao ouvi uma colega comentar que o marido não a deixava sair sozinha. Eu
percebia através de sua expressão que se sentia feliz que o marido tivesse esse
comportamento. Então me peguei refletindo: será que a mulher precisa se sentir
um “objeto” na posse de um homem pra se sentir valorizada? Então como fica sua
autonomia? Em que momento ela irá se enxergar dona de suas escolhas e seu corpo?
Acredito
que enquanto acharmos bonitinho o namorado, companheiro ou marido determinar o
que devemos vestir ou agir continuaremos estimulando os assassinatos de
Sandras, Marias, Fernandas... Engana-se quem pensa que o ciúme que impede a
mulher de sair sozinha ou de vestir-se como gosta é diferente do ciúme que
mata. Ambos representam a mesma a coisa, a possessividade e a coisificação da
mulher.
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