
“A
invisibilidade das mulheres foi construída na sociedade através de múltiplos
discursos, e das mulheres lésbicas e bissexuais de forma mais invisível, uma
vez que as relações de afetividade eram consideradas práticas culturais do
universo feminino. Nesta sociedade heteronormativa e patriarcal a mulher possui
um padrão que preestabelece suas características: como se portar nos espaços
sociais de acordo com cada idade; casar e ter filhos, cuidar da casa, do
marido, dos filhos/as. O espaço familiar é o inicio do sistema repressor que
impõe este modelo que estruturam as formas de sobreviver, se inserir na
sociedade e a primeira é a auto-invisibilização nos espaços de convivências
sociais. Esta lógica que pressupõe a valorização das relações heterossexuais em
detrimento das “outras”, inicia na família e nos outros espaços na forma
normatizadas e naturalizadas. A escola se classifica como o espaço de punir e
reformar as/os desviantes das ordens do sistema.” UNE.
Essa
invisibilidade também se processa institucionalmente, principalmente no
ambiente de saúde. Atualmente, ainda há uma enorme dificuldade de dialogo entre
mulheres que fazem sexo com outras mulheres e ginecologistas sobre suas
práticas sexuais e os métodos de prevenção. E isso afeta diretamente suas vida
já que os métodos de prevenção a DST’s/Aids são negligenciados. Alia-se a essa
dificuldade o fato de que esse grupo não conta com políticas publicas especialmente desenvolvidas para elas, como por exemplo; mecanismos de prevenção, reprodução assistida orientação sexual, dentre outras.

Entre as lésbicas entrevistadas, e que se
submeteram a testes de diagnósticos de DST’s, detectou-se que:
·
25,6% das 121 amostras recolhidas mostraram
um crescimento anormal de fungos
·
6,3% das mulheres apresentaram contaminação
pelo vírus do papiloma humano (HPV), que costuma causar verrugas e pode levar
ao câncer de colo do útero.
· 2,9% tiveram diagnóstico positivo para e HIV,
136 participantes que fizeram o teste (mas todas já conheciam sua condição
sorológica).
· 7% receberam resultado positivo para de
hepatite B, e 2,1% para hepatite C.


Também
povoa o imaginário popular que mulheres só se tornaram lésbicas porque sofreram
algum trauma ou violência sexual. Além disso, imagina-se que meninas que se
reivindicam lésbica ou bissexuais querem chamar atenção ou estão passando por
uma fase de experimentação. Sem contar com a violência de achar que mulheres consideradas
feias, gordas, mal amadas, mal comidas se tornam, devem ou podem se tornarem
lésbicas. Ideias elaboradas levando em consideração que a existência feminina
deve ser regulada por padrões estabelecidos para satisfazerem e agradarem
homens.
“A Lesbofobia, além da
violência e hostilidade, é considerada também como medo que as mulheres têm de
amar outras mulheres. É uma violência que nega o próprio desejo sentido da
mulher que machuca, julga e acaba com perspectivas de felicidade para agradar a
uma sociedade heteronormativa que castiga à duras penas, aquelas que não seguem
o padrão pré estabelecido. Então, sim! É diferente. Homofobia e Lesbofobia. São
palavras distintas que atingem sujeitos distintos. Não dá simplesmente para
jogarmos no mesmo saco e achar que tá tudo bem, porque não está. Mulheres são
estupradas, estranguladas, rechaçadas porque amam outras mulheres. Porque
mulher não pode amar outra mulher.” Revista Vírus Planetário
Bem,
é preciso ressaltar, como foi exposto acima, que o reconhecimento da identidade
de gênero de um indivíduo e de sua orientação sexual, com todas as implicações
que emanam desse processo, constituem-se direitos de fato, não são concessões
ou gentilezas concedidas a grupo LGBTT, portanto, não podem ser negados, negligenciados,
negociado, barganhado ou alvo de qualquer omissão.
A todas
às lésbicas e bissexuais, principalmente as guerreiras que estão à frente dos
movimentos de afirmação, construção e legitimação de direitos do grupo, quero
deixar um forte abraço e meu desejo de boa sorte nessa luta.
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