Hoje,
quando resolvi escrever um artigo pra esse blog eu realmente fiquei bastante confusa
sobre qual tema escolher. Então, preferi começar pelo mais urgente; O caso das
garotas que estão em situação de exploração sexual e que recebem até 02 reais
pelo “programa”. Antes de qualquer coisa é necessário ressaltar que crianças e
adolescentes não se prostituem, elas são exploradas sexualmente. Dito isso,
vamos aos fatos:
“Ivone Salucci, 64,
sabe que seu ativismo desagrada muita gente. Ela foi autora das denúncias que,
em 2008, levaram à Operação Arcanjo, da Polícia Federal, que desarticulou uma
rede de exploração sexual envolvendo ao menos 19 crianças e adolescentes em Boa
Vista (RR). Passados seis anos desde a revelação do esquema, Ivone diz que a
exploração sexual persiste em Roraima. Depois da Operação, parecia que as
coisas iam melhorar em Roraima, mas a exploração sexual não deixou de acontecer.
Hoje as pessoas só estão mais cautelosas. Tem meninas em situação de pobreza
que têm na exploração sexual o seu ganho. Eu já ouvi de uma menina: ‘Se eu não
me prostituir, se eu não ganhar dinheiro, como minha mãe e meus irmãos vão
comer? ’ Nas rodovias, as meninas se prostituem por um prato de comida, por R$
2. Algumas das vítimas [da Operação Arcanjo] continuam se prostituindo. Apenas
uma foi incorporada ao Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados
de Morte.” Blog do Laert.
A Operação
Arcanjo, realizada na cidade de Boa Vista (Roraima), foi uma operação policial
de repressão ao tráfico de entorpecentes, crimes de pedofilia, abuso e
exploração sexual de menores, prostituição e outros crimes. Durante a operação
foram presas 08 pessoas, dentre elas o procurador-geral do Estado de Roraima,
Luciano Alves Queiroz, o major da Polícia Militar Raimundo Ferreira Gomes, o
funcionário do Tribunal de Regional Eleitoral (TRE-RR) Hebron Silva Vilhena,
Givanildo dos Santos Castro e Lidiane do Nascimento. As investigações revelaram
que menores, com idade entre 6 e 14 anos, eram aliciadas para fins de
exploração sexual por Givanildo e Lidiane. O esquema de pedofilia, abuso sexual
de menores e prostituição foi revelado a partir de uma investigação de tráfico
de drogas, coordenada pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado e em
conjunto com Polícia Federal, Ministério Público Estadual e a Justiça Estadual.
Durante as investigações foram feitos
grampos telefônicos e registradas imagens, algumas delas bastantes fortes. As
gravações colhidas mostravam inclusive os ardis usados pelos aliciadores e
clientes para levar às crianças e adolescentes aos locais onde seriam cometidos
os abusos. Além do aliciamento, as menores eram induzidas a usarem substâncias
entorpecentes o que as levou à dependência química. Segundo informam os Promotores
de Justiça, a maioria das vítimas eram crianças de família humilde e pelo
tamanho da quadrilha seria impossível determinar o número de crianças
alcançadas pelo esquema.
Além da Operação Arcanjo, desde
2011 que o Ministério Público Estadual de Roraima (MPRR) investiga casos de
exploração sexual, que culminou na 'Operação Balão Mágico', deflagrada em
Janeiro deste ano pela Polícia Federal, com apoio do Grupo de Atuação Especial
de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), para combater crimes de exploração
sexual e pedofilia no município de Alto Alegre.
Na época foram realizadas Escutas
telefônicas, ouvidas as vítimas, familiares e os suspeitos. No entanto, apesar
das fortes evidências, o promotor informou que ainda não há provas suficientes
que embasem a denúncia criminal. Mas havia informação que eram realizadas
festas envolvendo menores e que essas festas eram filmadas ou fotografadas
pelos participantes.
“De acordo com o promotor, a
informação é de que os casos ocorrem principalmente na sede do município, onde
está a minoria da população de Alto Alegre. Ainda conforme Naves, existe na
denúncia a informação de que crianças e adolescentes explorados estariam agora
participando como aliciadores e, além disso, haveria até mesmo a compra de
virgindade.” G1.
Apesar de ser uma realidade
devastadora e cruel, ela se repete em todo o país. Quem não se lembra da CPI da
Exploração sexual que ocorreu em 2006 e que revelou esquemas de exploração por
todo país. Em Santos, cidade turística e praiana;
“Crianças são abordadas
na rua por pessoas que, do interior de um automóvel, oferecem 50 reais por uma
‘transa’, 10 ou 20 reais por sexo oral. É assim que elas começam a ser
exploradas sexualmente. As meninas maiores contam que vários ‘clientes’ pedem
que tragam uma coleguinha de 9 ou 10 anos”. Revela a psicóloga
Lumena Celi Teixeira, coordenadora de projetos da ONG santista Centro Câmara de
Pesquisa e Apoio à Infância e Adolescência.
“Uma análise feita pelo
Disque Denúncia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Contra
Crianças e Adolescentes entre fevereiro e setembro de 2005, fornece mais dados
sobre o perfil das vítimas: 62% são do sexo feminino e 56,5% envolvem crianças
de 0 a 6 anos. Problema que acontece em escala mundial, a exploração sexual
infantil está associada à desigualdade social, falta de escolaridade e
violência intrafamiliar, entre outros fatores. Para Lumena, a erotização
precoce observada na música e em outras expressões culturais do Brasil são
agravantes consideráveis. Ela destaca que a mídia nacional apresenta, com frequência,
meninas de 13 ou 14 anos como ‘modelos profissionais’ ou ‘símbolo sexuais’. Dos
60 milhões de crianças e adolescentes do país, as que vivem em situação de rua
ou sem o cuidado integral de pais ou responsáveis são mais vulneráveis à exploração
sexual, que pode significar uma possibilidade de ascensão, quando não a única
fonte de recurso para se alimentar. ‘Porém, uma parcela não está na faixa de
exclusão mas quer um tênis novo de marca ou um celular -da onda-‘, revela
Cristina Albuquerque, coordenadora do Programa de Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República. A falta de maturidade para
o senso crítico favorece a sedução. ‘Mas, emocionalmente a vítima sofre um
grande trauma que só será percebido depois’, diz a psicóloga Ângela dos Santos,
coordenadora do Centro de Atendimento à Família da Fundação Criança de São
Bernardo do Campo, entidade que desenvolve trabalhos com a vítima, por meio de
programas de reinserção familiar e escolar, além de capacitação para o ingresso
no mercado de trabalho. ‘Ouvi depoimentos de crianças que tiveram coragem
de se expor para denunciar uma situação tão delicada e revoltante. Meninas são
contagiadas pela Aids ou ficam grávidas com 13, 14 anos porque foram proibidas
de usar preservativos pelos ‘clientes’. Outras são viciadas em drogas ou álcool
porque foram estimuladas ou obrigadas ao consumo para ficar descontraídas,
sentir menos dor ou vencer a vergonha’, afirma a senadora Patrícia Saboya
(PSB-CE) que presidiu a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da
Exploração Sexual no Congresso Nacional.[...] Além das sequelas físicas, a
violência compromete a sexualidade e a afetividade das crianças. Segundo a
psicóloga Lumena Teixeira, elas sofrem a descaracterização do referencial
adulto após estabelecer uma relação de uso e troca com eles. Dificilmente verão
no adulto uma pessoa capaz de relacionamentos transparentes e verdadeiros. Rosangela
Silva em CRM- PB.
Apesar
de ser uma matéria de 2006 parece que foi redigida ontem. Revela a realidade
cruel a que são submetidas as nossas meninas, que continuam sendo exploradas. Em
agosto desse ano uma moção de repúdio foi divulgada durante encontro de
promotores em Brasília por promotores de Justiça de todo o país alegando o "aumento
significativo" no número de casos de exploração sexual de crianças no
Brasil. No texto eles destacaram que as denúncias de crimes dessa natureza,
recebidas pelo Disque 100, aumentaram significativamente durante o período da
Copa do Mundo (12 de junho a 13 de julho). O número saltou de 524, de 12 de
junho a 13 de julho do ano passado para 740 no mesmo período deste ano. Também
foi informado sobre os pontos de maior vulnerabilidade infanto-juvenil,
detectados pela Rede de Proteção, que seriam as praias do Nordeste, Porto de
Manaus, rodovias federais e grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro
Natal. Além disso, foi alertado que o país está longe do fim da erradicação da
prática do crime de estupro de vulnerável, o favorecimento da prostituição ou
de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. (Fonte: Itatiaia.)
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