Há
algum tempo tenho pensado em escrever sobre a fiscalização que estamos
frequentemente sofrendo sobre a nossa sexualidade, inclusive das próprias
mulheres, e essa oportunidade chegou. Particularmente, me sinto bastante incomodada com a necessidade
que algumas pessoas têm de tentar regular a frequência com que os outros fazem
sexo, com quem ou onde fazem sexo. Tem gente se preocupa com o tamanho da saia
ou do short da vizinha, da amiga, da atriz... Enfim, para ver a frequência com
que isso ocorre basta apenas você observar quantas vezes as palavras vagabunda,
puta, periguete é repetida nas postagens em que aparecem mulheres em situação
de exposição na internet. Pode ser em reportagem sobre estupro, pornografia de revanche,
em flagra de celebridades mostrando “mais do que devia”, em fotos e vídeos com
mulheres em situações sensuais ou eróticas...
Bem,
o que me deixa profundamente entristecida é que muitas mulheres também xinguem
ou julguem outras mulheres por seu comportamento ou experiências sexuais. É
lamentável que isso ocorra porque não é só a mulher alvo do comentário que se
torna vítima do machismo, são todas as mulheres que se tornam vítimas deles.
Até mesmo porque quem se beneficia com ele é somente o patriarcado, o machismo,
os homens. Já as mulheres, inclusive àquelas que criticam as outras, acabam tendo
a sua liberdade sexual cerceada.
Então,
acho que chegou a hora da gente repensar o nosso comportamento e pensar duas
vezes antes fazer qualquer tipo de comentário leviano. Como bem diz Camila
Schincaglia.
“O que eu to vendo de mina fazendo
slut shaming não tá escrito.
Migas, vamos lá, slut shaming é o
ato de culpabilizar mulheres por determinadas atitudes ou pelo seu
comportamento sexual. Ou seja? É basicamente reprimir a liberdade sexual da
mina fazendo ela se sentir culpada ou inferior por fazer o que os homens cis têm
toda a liberdade do mundo para fazer.
Então, não é legal sair comentando
a vida sexual da amiguinha por aí. Contar para os outros o que ela faz ou deixa
de fazer, MUITO MENOS em tom pejorativo, chamando-a de vagabunda, dada, puta ou
derivados.
Vamos parar de reproduzir machismo?
Praticar slut shaming é ajudar o patriarcado a reprimir a liberdade sexual de
TODAS AS MULHERES, inclusive a sua, sabia?
A sociedade já nos
reprime/objetifica o tempo todo.
Os homens cis já nos reprimem/objetificam o tempo todo.
A última coisa que precisamos é ajudá-los a nos reprimirem.
Então, o que precisamos?
Os homens cis já nos reprimem/objetificam o tempo todo.
A última coisa que precisamos é ajudá-los a nos reprimirem.
Então, o que precisamos?
1. Desconstruir esse pensamento.
As minas têm liberdade de fazerem o
que elas quiserem com seus próprios corpos.
2. Não criticar minas que exercem sua liberdade
da mesma forma que os homens cis ou de uma forma diferente da sua.
Sem umbiguismo. Cada uma, cada uma.
3. Precisamos nos unir para combater esse pensamento. Se você vir alguém chamando uma mina de vagabunda/puta/etc em tom pejorativo, explique para essa pessoa que a outra é dona de seu próprio corpo e que ninguém precisa ser fiscal do sexo alheio.
4. Empodere suas amigas. Mostrem para elas como é bom ser livre para fazer suas próprias escolhas, como é bom exercer o consentimento ou o não-consentimento com total controle de seu corpo.
Por minas livres. Beijas”. Camila Schincaglia.