Faculdade
de direito e machismo muitas vezes podem ser usados como sinônimo. É histórica
a ocorrência de machismo dentro dos limites dessa instituição. Essa semana
repercutiu nas redes sociais a piada feita pelo professor Fábio Melo de
Azambuja, que ministra a cadeira de Direito Empresarial III, fazendo analogia
entre leis e mulheres leis "leis são como mulheres, feitas para serem
violadas".
A piada
feita pelo professor da PUCRS, naturalmente, gerou muita polêmica. Alguns sites
estão tratando a “piada” como uma brincadeira.
“Uma brincadeira de
gosto duvidoso em uma aula da PUCRS, em Porto Alegre, desencadeou uma polêmica
entre estudantes, professor e universidade na última quarta-feira. Segundo
depoimento de alunos, tudo começou quando Fábio Melo de Azambuja, que ministra
a cadeira de Direito Empresarial III, teria pedido licença para "contar
uma piada" durante a aula. — Ele perguntou se podia e ninguém contestou.
Aí ele disse: as leis são como as mulheres, foram feitas para serem violadas —
relata o estudante Luan Sanchotene, 25 anos. Até o fim da tarde de
quinta-feira, a publicação tinha 80 compartilhamentos na rede social, além de
dezenas de comentários — contra e a favor do professor, que seria conhecido por
suas brincadeiras em sala de aula. O episódio motivou uma reunião de estudantes
com a diretoria da universidade. Integrante do DCE da PUCRS, Paula Volkart
considerou a ocorrência ‘grave’. Ela disse que deve ser aberta uma sindicância
para apurar os fatos.” Zero Hora.
— Foi um ato de misoginia e
machismo, uma apologia ao estupro dentro da sala de aula, e o DCE mantém uma
posição que é contra as opressões. Depois disso, outras pessoas vieram até nós
e relataram casos que aconteceram com o mesmo professor. Sabemos que é muito
difícil que ele seja afastado, mas é importante que a PUC se posicione em
relação a isso — Paula Volkart.
Surpreendentemente,
na manhã desta sexta-feira alunos realizaram um ato de desagravo, em apoio ao
professor. Os estudantes foram à aula de preto e, no intervalo entre as aulas, aplaudiram
o professor enquanto ele saía de uma das salas. Em defesa do professor a aluna
Júlia Scheirr, do 7º semestre de Direito, que organizava o ato em
desagravo ao professor, disse que estava na aula e as
queixas tiraram o comentário do contexto.
Concordo com Paula Volkart. Não foi uma piada ou uma brincadeira foi a reprodução
da cultura do estupro e a propagação da misoginia. A maioria das piadas tem a
finalidade de naturalizar o abuso e a opressão. Fazer “piada” com estupro é uma
tentativa de legitimar o pleno poder e o direito do homem sobre os corpos
femininos. “Piadas” machistas, principalmente sobre violação dos corpos
femininos, devem ser abolidas de qualquer ambiente imagina dentro de uma
instituição de ensino.
Não há
contexto que torne aceitável a reprodução de “piadas” sobre violência contra as
mulheres. Não é aceitável porque é uma realidade vivenciada diariamente por nós
mulheres. Não é tolerável porque legitima e naturaliza a agressão, a opressão,
a violência. Mesmo que não desejasse falar o que falou, “as leis são como as
mulheres, foram feitas para serem violadas”, a expressão dá a conotação de que
é legítima a violação de mulheres e portanto é fazer a apologia ao estupro sim.
Não
se trata de politicamente correto ou incorreto, trata-se de não ser tolerante
com o crime e não fazer apologia a ele. Professor nenhum é pago para fazer
piadas, pelo menos os que estão no ensino regular formal. Professores que gostam
de fazer piadas infames devem deixar a sala de aula e procurar recintos onde as
barbaridades que dizem não sejam levadas a sério. Estupro não é piada é crime!
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