quinta-feira, 2 de abril de 2015

Racismo: a caminho da barbárie




Resultado de imagem para imagens de racismo"RACISMO! Desabafo… De uma mãe de filha Negra!
Não estava em casa quando recebi via WhatsApp uma mensagem de voz do celular da minha filha, seguida da seguinte mensagem escrita:
 “Olha como eu sofro”
Ela já vinha reclamando há algum tempo sobre bullying na escola e no condomínio onde moramos, todos relacionados a sua raça negra e ao seu cabelo (ela usa canicalom, um tipo de aplique trançado no próprio cabelo).
Resultado de imagem para imagens de racismoPor incrível que pareça, na semana passada recebi uma ligação da escola dela dizendo que ela estava sendo mudada de turma, pois a turma na qual ela foi colocada para estudar este ano “não havia se adaptado a ela”, então ela vinha sofrendo agressões verbais diariamente. Isso deixava ela arrasada, comecei a notar que todos os dias ela chegava em casa chateada, triste e desmotivada. Nunca fui do tipo de mãe que passa a mão na cabeça e sai correndo para acudir seus filhos nas primeiras dificuldades que eles encontrar, então, tentei através de orientação mostrar pra ela que aquilo era passageiro, que muitas pessoas já passaram por isso e que ela tinha que aprender a lidar com a situação, afinal de contas, quem nunca sofreu bullying em período escolar? Pensei que agindo assim eu a ajudaria a superar as dificuldades que fosse enfrentar na vida.
Resultado de imagem para imagens de racismoEnfim, coloquei meu fone no ouvido, e apertei o botão “REPRODUZIR”, que susto eu levei...logo a primeira frase gritada em alto e bom som foi “SUA PRETA, TESTA DE BATER BIFE DO CARA*****...”, foram 53 segundos de ofensas aterrorizantes, palavrões ofensivos , a nível físico, racial e por incrível que pareça sexual, vinda de um garoto de aproximadamente 13 anos morador do condomínio onde vivemos.
Nesta hora meu instinto protetor materno bateu mais alto, me deu um desespero tão grande, uma vontade imensa de fazer com que aquilo não tivesse acontecido, de tentar impedir aquela situação, uma falta de ar, eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo, eu não conseguia acreditar que um ser humano nascido no século XXI poderia raciocinar de maneira tão preconceituosa e cruel.
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Fui tomada por um desespero tão grande, porque estavam fazendo aquilo com a minha filha? Uma menina linda, meiga, simpática, inteligente. Porque discriminar e denegrir uma pessoa a esse nível tão baixo?
Pedi para ela me mandar todos os áudios que tinha recebido, uma sequência de mais de 20 áudios aproximadamente, então percebi que os áudios estavam sendo enviados de um grupo de amizade da qual ela faz parte, todos os participantes do grupo são do condomínio, onde 2 meninos a ofendiam enquanto alguns outros incentivavam as ofensas.
As frases que mais marcaram e mais me assustaram foram:
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“SUA PRETA, TESTA DE BATE BIFE DO CARA******!”
“EU SOU RACISTA MESMO, QUANDO EU QUERO SER RACISTA EU SOU RACISTA, ENTENDEU?”
“TODA VEZ QUE EU ENCONTRAR ELA NA MINHA FRENTE EU VOU ZUAR ATÉ ELA CHORAR”
“VOCÊ VAI FICAR NESTE GRUPO ATÉ VOCÊ CHORAR”
“CABELO DE MOVEDIÇA, CABELO DE MIOJO, CABELO DE MACARRÃO”
Muitos dos colegas ficaram quietos e preferiram não se manifestar, um deles até saiu do grupo quando as ofensas começaram, teve outro que se revoltou e disse que estavam passando dos limites e que aquilo já era desrespeito demais. Entrei em choque, diante de tantas agressões psicológicas, tamanha inconsequência dessa juventude que ainda nos dias de hoje se comporta de maneira tão cruel, não posso encarar essa situação como “coisa de criança”, racismo nunca foi coisa de criança.
Como mãe e maior responsável pela minha filha, me sinto no direito e na obrigação de divulgar esse acontecido porque a partir de hoje travo uma luta pessoal contra o racismo e contra o bullying.
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E se vc é contra o RACISMO e contra o BULLYING...compartilhe!
RACISMO É CRIME! NÃO TOLERE, NÃO FIQUE QUIETO, NÃO SEJA PASSIVO NESTA SITUAÇÃO.
Fico imaginando quantas crianças e adolescentes passam por esse tipo de situação todos os dias e simplesmente não fazem nada, por medo ou por vergonha. Ser NEGRO não é uma vergonha, a pele negra carrega uma história muito longa cheia de lutas, conquistas e vitórias, NEGRO É LINDO! Vergonhoso mesmo é agir de forma tão preconceituosa, primitiva, covarde e cruel.
E PASMEM... PARA AQUELES QUE PENSAM QUE RACISMO É COISA DO PASSADO, ISSO ACONTECEU EM 31/03/2015 NO BRASIL, O PAÍS DA MISCIGENAÇÃO, ESTADO DE SÃO PAULO, CIDADE DE SÃO BERNARDO DO CAMPO! Minha vontade é de gritar bem alto NÃO AO RACISMO! TOLERÂNCIA ZERO."
Resultado de imagem para imagens de racismoHoje eu me deparei com esse depoimento numa rede social. Tentei contatar a mãe da menina para pedir autorização para publicar aqui no blog, mas, não consegui falar com ela. Mediante o seu apelo, para que compartilhassem a história, resolvi compartilhar aqui no blog. Diante de um relato tão tocante quanto esse acho pertinente nos perguntarmos que tipo de pessoas estamos formando. 
Festa de estudantes da Unesp, em Botucatu, é comparada com cerimônia da seita Ku Klux Klan (Foto: Reprodução/Facebook)
Esse caso me lembrou um outro tão chocante quanto esse. Ainda essa semana circulou nas redes sociais as fotos de um trote dos alunos de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu onde estudantes aparecem em roupas semelhantes as da Ku Klux Klan.
No dia 05 de março os estudantes veteranos, da turma do 6º ano de medicina, realizaram uma festa para receberem os calouros fantasiados com roupas idênticas às usadas pela Ku Klux Klan, uma seita extremamente racista que atua nos Estados Unidos pregando a supremacia branca. Os membros da seita são conhecidos por praticarem violentos ataques, inclusive assassinatos e estupros, a negras e negros naquele país.
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Com certeza, estes estudantes não praticaram uma brincadeira inconsequente ou inocente. Não, não são garotos brincalhões. Por trás dessa atitude se esconde uma realidade cruel de segregação e de intolerância. Com tochas nas mãos, gorros e togas pretas esses estudantes estavam claramente declarando que na faculdade de medicina negras e negros não são aceitos, que este local não tolera negros.
Esse tipo de atitude não é um caso isolado. É uma realidade com as quais negras e negros têm de lidar tanto dentro das universidades como em todos os outros espaços.
E aí me vem novamente a pergunta: Que tipo de gente estamos formando? Garotas e garotos que aos 13 anos de idade acham natural e aceitável ser racista poderão ser os futuros membros de seitas racistas ou participar de grupos neonazistas. Ninguém nasce racista, racismo é uma construção social. Somos nós, pais, família, amigas e amigos que ensinamos as crianças a serem racistas. Somos nós que estamos pregando e ensinando o ódio.
Eu não consigo compreender o que houve conosco. Não consigo entender em que momento a gente resolveu que é “OK” ser um completo estúpido ou facínora. Eu acreditava que faria parte da geração da informação e da inteligência. Mas, infelizmente, acho que regredimos. Não consigo compreender que depois de conseguirmos acumular tanta informação nos tornamos mais tocos, ignorantes, intolerantes e alienados do que éramos há 20 anos. 
Um completo contrassenso. Racismo, machismo, homofobia, intolerância religiosa em pleno século 21 parece piada. É urgente que a gente rompa com processo de retrocesso intelectual pelo qual estamos passando. Precisamos urgentemente voltar a nos civilizar ou voltaremos a barbárie (se é que já estamos nela).


1 comentário:

Anónimo disse...

Esta e a pedagogia do Estado brasileiro que mata violenta destroi manipula crucifica rouba a vida e o futuro de varias geracoes. O racismo se aprende em casa na tv na escoka no shopping no judiciario na rua...mesmo construindo este pais com nosso sangue somos tratados como parias.