quinta-feira, 23 de abril de 2015

Crime contra mulher compensa



Hoje fui surpreendida com uma notícia no mínimo inusitada. Um segurança da CPTM (Companhia Metropolitana de trens Urbanos), que tentava abusar de uma mulher dentro do trem da própria companhia, foi imobilizado por ex-presidiário. O segurança da CPTM Cleber dos Santos Silva, de 41 anos, estava de folga e viajava no trem a paisana quando resolveu abrir o zíper e exibir o pênis para a vendedora Débora Lucas Cardoso. O abuso ocorreu perto da estação Tatuapé, na zona leste de São Paulo. 
Resultado de imagem para contra violencia domesticaAo sentir-se incomodada por uma movimentação estranha em sua volta Débora resolveu olhar para trás. Nessa ocasião ela percebeu que Cleber estava com o zíper aberto. Então ela gritou por ajuda. O ex-detento, Robson de Almeida Olavo, que viajava no mesmo trem, imobilizou o segurança até que ele pôde ser removido da composição e levado para a Delegacia do Metropolitano onde foi detido por volta das 20h desta quarta-feira (8). O ex-detento e duas amigas que a acompanhavam testemunharam a ação do suspeito.  
Resultado de imagem para contra violencia domesticaO interessante é o que aconteceu na delegacia. O delegado resolveu enquadrar o caso como "oportunação ofensiva ao pudor e ato obsceno", delitos cujas penas somadas é inferior a dois anos de detenção. Como o crime é de “menor potencial ofensivo” ele não deve permanecer preso, informou o próprio delegado.
Resultado de imagem para contra abuso no metro 
Alguém ainda se admira da forma como esse caso foi “solucionado”? É claro que é revoltante a forma como estupradores e abusadores são tratados na imensa maioria das nossas instituições policiais e judiciais. Entretanto, não nos surpreende que agressores de mulheres saiam impunes. O Estado é estruturado para favorecer e privilegiar homens, para que eles permaneçam impunes e possam continuar violentando mulheres livremente. 
Resultado de imagem para contra abuso no metroReparem que o acusado é justamente a pessoa que deveria cuidar da segurança dos passageiros e dos frequentadores das estações. Nada seria mais irônico que “o lobo cuidando das ovelhas” como nesse caso. Como será que esse segurança reagiu quando presenciou ou foi informado sobre abusos de mulheres dentro durante o seu trabalho?
Nas delegacias os policiais sempre tentam deslegitimar nossos relatos ou depoimentos e, em alguns casos, questionam até mesmo nossa sanidade. É de praxe nos fazerem duvidar daquilo que nos aconteceu. A própria Débora relata na reportagem, disponível no site R7, que o delegado tentou lhe incutir dúvidas sobre o abuso. 
Resultado de imagem para contra abuso no metroNão senhor Delegado, não existem dúvidas. Ela sabe exatamente o que lhe ocorreu. Se a palavra e a certeza da vítima não são suficientes para atestar o abuso, três pessoas testemunharam o fato, inclusive outro homem, e o confirmam. Mas, esse é ex-presidiário, não é mesmo? Quer dizer então que quatro pessoas não são suficientes para referendar o abuso? O que fazer quando há somente a palavra ou testemunho da vítima?

Resultado de imagem para contra abuso no metroHomens seguem violentando mulheres em todas as suas formas porque mulheres não têm voz, não têm legitimidade. Enquanto as mulheres forem silenciadas ou suas vozes forem invalidadas pelas instituições do Estado e a sociedade for conveniente com os agressores não estaremos seguras e o Estado será cúmplice dos agressores. A impunidade favorece a perpetuação da violência contra as mulheres. É urgente que os agressores sejam presos para que as mulheres possam se sentir seguras.  


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