Nunca
o termo “mulher objeto” fez tanto sentido. Hoje foi publicado no site Extra que
o delegado Fábio Cardoso, titular da Divisão de Homicídios da Baixada
Fluminense (DHBF), chegou a conclusão de que Cícera Alves de Sena, a Amanda de
Bueno, de 29, a funkeira, teria sido assassinada por Milton Severiano Vieira, o
Miltinho da Van, de 32 anos. Segundo o delegado ela teria sido morta por “motivos
passionais”. O acusado, que se encontra preso preventivamente pelo crime, foi
transferido, nesta segunda-feira, para o Complexo de Gericinó, em Bangu, na
Zona Oeste do Rio. Entenda o caso:
“No
dia seguinte ao noivado do casal, a dançarina disse ter duas revelações do seu
passado para fazer ao companheiro. Durante a conversa, Amanda contou que havia
trabalhado na boate de strip-tease Império e que fora condenada por tentar
matar uma colega, dentro do estabelecimento, na cidade de Taguatinga, em
Brasília.” Extra.
Reprodução Extra - Thiago Lontra |
Se o
ex-noivo não aceitou o passado de Amanda muito menos a sociedade a perdoou por
ter sido dançarina de boate striptease, vejam o nível dos comentários feitos
no site que publicou a notícia:
“Quem procura acha.
Gostam de tirar os outros pra bobo. Acaba nisso aí.”
“Na Boa Andar Como Uma
Mulher Desse Naipe a Tiracolo é Se Garantir Muito ou Gostar de Ser Traído !!!”
“Essa senhora pelo que
sabemos sobre ela péssimo caráter. Irá fazer Muita falta em nossa sociedade.”
“Eu sei que nada
justifica um assassinato, mas a figura não era santa e gente com estilo de vida
que ela lavava não pode e nunca seria boa coisa numa sociedade de gente honesta
e familiar. Ela se foi e deixou uma sociedade mais tranquila e sem estes
exemplos lamentáveis de mulheres de mulheres artificiais e desprezíveis....”
“Seria mais produtivo noticiar um tolete de
bost4 descendo na descarga do que a morte de funkeiro(a).”
“Não era ‘flor que se
cheirasse’.... não foi à toa que se envolveu com o cara que a matou. Tudo
farinha do mesmo saco.”
Amanda
está sendo julgada, por ser mulher e funkeira, nada além disso. Poucas pessoas
mencionaram a tentativa de homicídio que cometeu, um crime que de fato é
relevante. Mas é claro, eram garotas que trabalhavam num ambiente que, segundo
alguns, era de prostituição. Eram “prostitutas” que estavam se matando e isso
pouco importa. O que importa mesmo é a “honra” de um indivíduo extremamente
violento. Segundo essas pessoas ela
mereceu morrer porque não era uma garota de família, por não ser uma mulher
“direita” e que tentou enganar um homem. Por esses motivos, de acordo com os
comentários, ela mereceu ser brutalmente assassinada. É esse destino reservado
a mulheres que não se comportam de acordo com essa moral conservadora da nossa
sociedade.
Mas,
Amanda é só mais um objeto como todas as outras mulheres que tem suas vidas a
disposição da satisfação das vontades masculinas. Vejam o nível de crueldade dessa
cultura machista sobre a mulher: Márcia Xavier de Lima, de 21 anos, grávida de
dois meses, foi assassinada pelo companheiro somente porque se negou a fazer o
jantar.
Grávida
de dois meses, Márcia foi encontrada morta com um golpe de faca dentro de casa,
na cidade de Eirunepé, no interior do Amazonas. De acordo com a Polícia Civil
ela foi assassinada pelo próprio marido, José Anderson da Silva de Souza, de
24, que tentou fugiu após o crime. Ainda segundo a polícia, o suspeito teria
matado a esposa porque ela não quis fazer o jantar. Ele foi autuado por
feminicídio.
O
crime aconteceu no início da manhã da última segunda-feira. Segundo informações
da polícia os vizinhos, que ouviram as ameaças à mulher, ainda chamaram a
polícia. No entanto, quando chegaram ao local Márcia já estava sem vida.
Felizmente o assassino preso ainda quando tentava fugir.
Esse
tipo de crime ocorre porque, enquanto sociedade, somos coniventes com os
agressores assassinos de mulheres. Numa sociedade machista estamos quase todos
do lado do agressor, o premiamos com a impunidade. Sempre culpamos a vítima
pela violência cometida contra ela. Somos tolerantes com a violência contra a
mulher.
1 comentário:
francamente...sem querer justificar nada...mas nós pouco iremos progredir se nós nos fazemos de objetos sexuais.
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