Sinto-me
profundamente incomodada de ser chamada de feminazi. Primeiro que não há nenhum
fundamentalismo no meu feminismo e acredito que poucas, muito poucas das
feministas sejam fundamentalistas, embora tenham razão para serem, afinal são
tantas atrocidades promovidas pelo machismo que acabam por justificar a
misandria. Entretanto, o que me incomoda mesmo é o fato de que apesar do
feminismo não implicar a morte de homens vemos nossa ideologia comparada ao
nazismo, ideologia que promoveu o massacre de milhares de pessoas. Entre nós não
há sequer o pensamento ou vontade estabelecer um esquema de exploração e
opressão contra os homens. Enquanto isso, homens motivados pela cultura
machista sequestram, mutilam, estupram, agridem e matam.
Há mais
de duas semanas assistimos atônitos o desenrolar do sequestro de aproximadamente
200 meninas na Nigéria, levadas de um internato em Chibok, pequena cidade
interiorana no Estado de Borno, no noroeste do país, na noite do dia 14 de
abril. Homens armados, integrantes do grupo radical islâmico Boko Haram, invadiram
o internato e;
“Depois de se apoderar de alimentos e outros
produtos encontrados no local, os homens colocaram fogo no prédio e partiram,
levando-as. Duas semanas após o sequestro, quase nada se sabe sobre o destino
das mais de 200 jovens, a maioria entre 16 e 18 anos, que se preparavam para
fazer seus exames finais. Uma das hipóteses é a de que elas teriam sido levadas
para Sambisa, um frondoso bosque cortado por riachos e habitado por antílopes e
elefantes onde, antes da insurgência, moradores da região caçavam e pescavam. Também
há relatos de que algumas teriam sido vistas em caminhões na direção do Chade
ou da República dos Camarões, onde seriam vendidas por US$ 15. Também na semana
passada, surgiu a informação de que elas teriam sido forçadas a casar com
sequestradores, que teriam pago US$ 12 por uma noiva. Em um vídeo, o líder do
Boko Haram, Abubakar Shekau, confirmou que as jovens seriam vendidas. ‘Deus me
orientou a vendê-las, elas são propriedades Dele e eu vou fazer o que ele me
pediu’, disse. Em 1º de maio, muitos foram às ruas pedir que governo faça mais
pelas jovens. Há mais de uma década, os militantes do Boko Haram estão
empenhados em uma campanha violenta com o objetivo de derrubar o governo e
estabelecer um Estado islâmico na região. O grupo se opõe ao que qualifica de
"educação ocidental" de mulheres e quer a adoção da Lei Sharia (Lei
Islâmica) no país. Não há informações sobre as medidas tomadas pelo governo
para resgatá-las - o que, segundo as autoridades, se deve à necessidade de não
revelar detalhes por razões de segurança - e tão pouco sobre o número exato de
estudantes sequestradas. Inicialmente, falava-se em 230. Depois, houve relatos
de que 40 teriam conseguido escapar. Posteriormente, o número se elevou para
276. E a cifra mais recente, fornecida à BBC pelo chefe de polícia nigeriano
Tanko Lawan, é de que 223 meninas teriam sido sequestradas. Em desespero,
nigerianos saíram às ruas no dia 1º de maio para protestar e exigir que o governo
faça mais para resgatar as jovens.” BBC
Até aqui
a história já se revelava uma verdadeira barbárie. Mas ela assumiu um contorno
ainda mais cruel quando uma das meninas levada juntamente com o grupo conseguiu
fugir e relatar o que vem ocorrendo nos cativeiros;
“Uma das meninas sequestradas na Nigéria supostamente pelo grupo islâmico radical Boko Haram que conseguiu escapar denunciou que as reféns mais jovens são vítimas de até 15 estupros por dia, segundo o portal local de notícias The trent. A menor [...] afirmou que devido a sua virgindade ela foi entregue como esposa a um dos líderes da seita. Segundo seu depoimento, os sequestradores obrigaram as meninas a se converterem ao islamismo e ameaçavam degolá-las se negassem fazer sexo ou não seguissem suas instruções. Após serem sequestradas no colégio, as crianças (dezenas das quais seguem em cativeiro) foram levadas a um campo da milícia fundamentalista na floresta de Sambisa, no estado de Borno, no norte do país e base espiritual e de operações do grupo. De acordo com organizações de direitos humanos, as menores foram obrigadas a se casar e, em alguns casos, os sequestradores as venderam como esposas por duas mil nairas cada uma (pouco menos de R$ 30). Entidades como a ONU e personalidades como o prêmio Nobel de Literatura nigeriano Wole Soyinka pediram a libertação das meninas, assim como campanhas pela internet e manifestações em cidades de todo o mundo.” R7.
Aqui
no Brasil, uma mulher leva 40 facadas após trocar o nome do namorado durante o
sexo.
“Aline Messiane Soares, de 19 anos,
levou 40 facadas de seu namorado após desentendimento na última quarta-feira
(7). O crime aconteceu em Piraquara, região metropolitana de Curitiba. De
acordo com informações do programa "190", o desentendimento começou
durante a relação sexual, quando Aline teria chamado o namorado, Ailton
Figueiredo Aparecido Dias, 37 anos, de "Carlão". Revoltado, ele se
descontrolou, pegou uma faca e atacou Aline. A jovem foi internada em estado
grave e o namorado segue foragido. Yahoo.
Há três
dias uma mulher não deixa marido ler mensagem de celular e é morta a facadas,
na zona oeste do Rio. O crime ocorreu na comunidade da Carobinha, em Campo
Grande.
“Uma mulher foi morta a facadas pelo
marido, porque não o deixou acessar as mensagens do seu celular. O crime
aconteceu na madrugada desta terça-feira (6), na comunidade da Carobinha, em
Campo Grande, na zona oeste. Em depoimento à polícia, Luiz Gustavo dos Santos
Leocádio, de 20 anos, confessou o crime e contou ter tido uma discussão com a
companheira antes de ter um acesso de fúria. Ele desferiu contra ela diversos
golpes de faca. Cátia Simone Ribeiro Racca, de 19 anos, morreu no
local, que foi periciado pela Polícia Civil. A faca usada para praticar o crime
foi apreendida. Em pesquisa ao histórico criminal de Luiz Gustavo,
policiais descobriram que contra ele havia uma mandado de busca e apreensão
pendente por homicídio praticado por arma branca quando o rapaz era menor de
idade. Luiz Gustavo será indiciado por homicídio qualificado por motivo
fútil e por impossibilitar a defesa da vítima.” R7.
Enquanto
nós, feministas, lutamos bravamente contra esse tipo de crime, caraterizado
pelo desprezo a vida, ao corpo e ao bem estar feminino os masculinistas se manifestam
buscando manter o privilégio de agredir, estuprar e matar mulheres, criando
mecanismos e usando das mais diversas artimanhas para nos constranger e nos
silenciar. E no desespero chegam a encarar nossa filosofia de vida como fundamentalista
e associá-la a genocídios! Ora, façam-me o favor.
Por acaso
fomos nós feministas que sequestramos centenas de homens, os estamos mantendo em
cativeiro, os estuprando dezenas de vezes ao dia? Fomos nós que esfaqueamos nossos
companheiros e os matamos por conta de ciúmes? Não! Os crimes acima foram
cometidos contra mulheres por homens, machistas em nome do patriarcado.
Não é
concebível que sejamos chamadas de feminazis por lutarmos contra violências como
estupros – e nesse caso, mais de uma dezena diariamente – assassinatos e
agressões. Agora se a revolta dos masculinistas os leva a achar que é crime hediondo
e contra a humanidade se indignar diante de barbaridades como essas e lutar para
tentar combatê-las eu aceito sem nenhuma ressalva a alcunha de feminazi e com
muito orgulho. Porque me indigno sim, me revolto sim, denuncio e luto sim até
que nenhuma mulher seja usada objeto ou venha perder a vida nas mãos de machistas.
1 comentário:
olá, gostaria que vc me explicasse como as feministas lutam contra esse tipo de crime, pq eu só vejo reclamações em blogs, e mulheres mostrando os seios em passeatas.
sou mulher, e gostaria de fazer algo ativamente. por isso pergunto como vçs lutam.
grata,
anna
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