A
grande maioria dos que são contra o aborto é composta de homens. E por que isso
acontece? Porque eles não carregam no próprio ventre o filho e quando
conveniente podem fugir de toda responsabilidade com elx e fingir que nunca
foram pais. Enquanto a mulher cabe toda a prerrogativa de amamentar, educar e
ser responsabilizada pelo fracasso na educação. Portanto, meu útero, minhas
regras, ninguém vai me obrigar a carregar no meu ventre um feto que eu não
quero. Nenhuma mulher faz isso, nem a freira, nem a bispa, e muito menos a
pastora, nem a sua, mãe, irmã, e nem sequer sua esposa. Preferem, ou
preferimos, carregar a culpa, imposta pela cultura deísta e patriarcal a ter de
lidar com uma maternidade indesejada. Podem proibir, protestar, divulgar imagens
e vídeos chocantes que eu não mudo de opinião.
Podem
me prender
Podem me bater
Podem, até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não
Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso
E ponho na sopa
E deixa andar
Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu
Podem me bater
Podem, até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não
Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso
E ponho na sopa
E deixa andar
Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu
(Opinião Zé Keti, Nara Leão Canta)
A cada dois dias uma brasileira (pobre) morre por aborto inseguro, um problema de
saúde pública ligado à criminalização da interrupção da gravidez e à violação
dos direitos da mulher. Por ano, no Brasil, são realizados 1 milhão de abortos
clandestinos e 250 mil internações por complicações. É a segunda causa de
internamentos por procedimento da ginecologia. A mulher pobre tem risco
multiplicado por mil no aborto inseguro. Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), 20 milhões de abortos inseguros são
praticados no mundo. Por aborto inseguro, a Organização entende a interrupção
da gravidez praticada por um indivíduo sem prática, habilidade e conhecimentos
necessários ou em ambiente sem condições de higiene. O aborto inseguro esta associação a morte de mulheres que chega
provocar quase 70 mil morte todos os anos, 95% dos abortos inseguros acontecem
em países em desenvolvimento, a maioria com leis restritivas. Nos países
onde o aborto não é criminalizado como Holanda, Espanha e Alemanha, a taxa de mortalidade é muito baixa e há uma tendência de queda no número de
interrupções, porque quando ocorre a legalização os países passam a investir em políticas de planeamento reprodutivo.
Então, percebeu que por mais riscos a que
estejamos sujeitas, por mais pressão que a igreja e a sociedade de uma forma
geral nos faça, nós mulheres, continuamos nos submetendo a toda espécie de
processo e procedimentos abortivos quando nos deparamos com uma gravidez
indesejada? Então não vai com argumentos e apelações que vão nos impedir de
abortar. O que precisa ser feito é nos dar assistência pra que possamos decidir
conscientemente sobre a hora de maternar.
2 comentários:
Ótimo texto Ana! Com certeza a proibição não impede às mulheres de abortarem, quem achar que tem que fazer vai fazer e pronto. A legalização é fundamental para proteger a vida das mulheres pobres desse país! Um país desenvolvido é um país onde as mulheres tem o poder de escolhe sobre seus corpos!
*poder de escolha
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