Essa
semana rolou nas redes sociais um link para uma reportagem que me chocou bastante.
A reportagem foi levada ao ar pelo Jornal do Almoço desta quinta-feira (1º).
Nela aparece o vídeo em que uma garota é agredida por três outras.
“Uma jovem foi agredida
por outras três enquanto era filmada por um garoto em São José,
na Grande Florianópolis. Além de levar socos e chutes, a vítima teve a roupa
tirada. O vídeo publicado em redes sociais foi divulgado no Jornal do Almoço
desta quinta-feira (1º). Nas imagens, é possível ver o começo da agressão, no
amanhecer do dia. A vítima foi encurralada pelas outras jovens. Durante um
minuto e meio, ela aparece sendo espancada, além de ter roupa arrancada pela
agressoras. Já nua, consegue fugir, correndo. Durante a confusão, uma das moças
se abaixou e pegou uma pedra. Ela atingiu a cabeça da menina várias vezes e,
depois, confirmou o que fez para a câmera. "Olha ali, rachei a cabeça dela
com a pedra", diz a agressora. O motivo da violência seria um rapaz. A
menina que aparece apanhando nas imagens teria se envolvido com o namorado de
uma das agressoras. A confusão ocorreu em um dos locais mais movimentados do
bairro de São José, mas moradores dizem que não conhecem as envolvidas. A
Delegacia de Polícia informou que os agentes estão cientes da briga e do vídeo
na internet, mas não foi registrado nenhum boletim de ocorrência. Por isso, não
foi iniciada nenhuma investigação.” G1
Ao ver
as imagens fiquei chocada com a violência reproduzida. Ainda porque se tratava
de meninas jovens. Chocou-me ainda que uma pessoa se disponha a não só assistir
as cenas passivamente como também capturá-las e jogar na rede. O rapaz sequer
esboça qualquer reação diante daquele espetáculo brutal. Parece-me que cansamos
de assistir a espetacularização da violência e não mais nos contentamos em
ficar apenas plateia, querendo participar do espetáculo.
“Um vídeo publicado em uma rede
social mostra duas alunas brigando dentro do banheiro feminino de uma escola
estadual, em Florianópolis(veja
no vídeo ao lado). De acordo com a adolescente agredida, a violência foi
arquitetada por outras estudantes. A denúncia feita para a equipe de reportagem
da RBS TV indica que todo o cenário foi montado para divulgar o vídeo na
internet e dar notoriedade às agressoras. O confronto aconteceu nesta
segunda-feira (22). O caso ocorreu na Escola Estadual Presidente Roosevelt, que
fica no bairro Coqueiros, na capital de Santa Catarina. No vídeo, duas
adolescentes se agridem com socos, pontapés e puxões de cabelo. As imagens têm
quase um minuto de duração e mostram uma plateia aplaudindo e incentivando as
agressões. A jovem agredida, de 15 anos, afirmou que foi chamada para entrar no
banheiro pela agressora, de 12, que está no sexto ano, e pela irmã dela. ‘Ela
me chamou no banheiro como se fosse para conversar só eu, ela e a irmã dela.
Aí, de repente, abre a porta vem um monte de gente gravando. Daí, nisso já
começou a bater. Me disseram que já colocaram até no YouTube e no Facebook’,
denuncia a garota agredida. ‘Já virou uma rotina. Não é a primeira briga que
acontece naquele banheiro e sempre colocam na internet’ [grifo nosso], diz a
mãe da garota que está na oitava série. Para a diretora da escola, Rosângela
Medeiros, este é um caso isolado, que ocorre raramente dentro da instituição.
Há 32 anos trabalhando no educandário, ela se diz surpresa com as imagens. De
acordo com a diretora, as estudantes envolvidas não têm histórico de violência.
Apesar da direção ter tido conhecimento do fato no momento da briga, só teve
acesso ao vídeo dias depois. ‘Elas filmaram essa agressão com plateia. Uma
aluna estava de braços cruzados, outra em cima da pia do banheiro, filmando,
assistindo e aplaudindo. Eu garanto a você, esse tempo todo em que estamos na
escola, e eu falo com muita propriedade, raramente acontece um caso assim’,
afirma Rosângela. Apesar disso, estudantes garantem que este tipo de cena
acontece com certa frequência na escola, com 560 alunos. ‘Acontece briga, aluno
se joga da sala de aula. Os professores não têm controle dos alunos’, denuncia
a estudante Natasha de Bastos. De acordo com a direção da unidade educacional,
a adolescente agressora foi suspensa por cinco dias. Ela retornará para a aula
na próxima segunda-feira (29) e será acompanhada por um projeto que tem como
objetivo orientar para combater a violência no colégio.” G1
“Um vídeo de um
flagrante de briga entre duas meninas na porta da Escola Estadual Rafael Leme
Franco, no Jardim Antártica, zona Oeste de Ribeirão Preto, foi divulgado nesta
segunda-feira (7) na imprensa. A discussão entre as duas alunas do 7º ano, na
quinta-feira (3), teria sido motivada por ciúmes. O vídeo mostra duas meninas na calçada se batendo, enquanto um
grande grupo de alunos incentiva a briga. O vídeo termina logo que um rapaz
consegue separar as jovens. Moradores que residem próximo ao colégio dizem que
essas brigas são comuns. ‘Pelo menos uma vez por semana tem um quebra aqui na
frente’ [grifo nosso], disse um comerciante, que não quis se identificar. Um
aluno, de 13 anos, e que frequenta o 6º ano, diz que as brigas são frequentes. ‘É
briga é marcada lá dentro. E acontecem sempre’, revela. A violência, contudo,
nem sempre fica apenas do portão para fora. A reportagem conversou com um aluno
que diz estar cumprindo suspensão justamente por brigar. ‘Na sexta-feira (dia
4), joguei uma garrafa de gelo na cara dele (companheiro de turma). Parece que
ele quebrou o nariz. Eu peguei um dia de suspensão’. Questionado se ficou
arrependido, o estudante diz que não. ‘Ele xingou a minha mãe e se precisar eu
faço de novo’, disse. Procurada, a diretoria da escola não foi encontrada para
comentar o caso. De acordo com a Diretoria Regional de Ensino de Ribeirão
Preto, a escola Rafael Leme Franco desenvolve ações de prevenção e combate à
violência, contando com parceria de pais e da PM (Polícia Militar). ‘A
Diretoria de Ensino ressalta que é fundamental que todos os esforços das escolas
no combate a situações de vulnerabilidade encontrem eco nas famílias e nas
comunidades escolares’, finaliza a nota.” Jornal a Cidade
Naturalmente,
como é possível perceber, perdemos completamente o constrangimento de exibirmos
nosso pior lado, o violento. Sou capaz de apostar que isso vem ocorrendo por
conta de dois fenômenos bem importantes, a banalização da violência e a vontade
de se tornar, de repente, uma celebridade instantânea. A banalização da violência
dispensa qualquer comentário, já que se trata de um tema extremamente batido ultimamente.
No entanto, bastante preocupante, pois estamos realmente nos brutalizando, nos
dessensibilizando para o sofrimento do outro e, sinceramente, não consigo
imaginar onde isso tudo vai parar. Principalmente porque essas práticas
violentas venham sendo praticada por jovens e por garotas e que as principais
motivações sejam o ciúme.
Outra
questão que deve ser pensada é a que custo estamos buscando notoriedade ou fama
e quais as consequências desse “aparecer”. Entendo que parte desse desejo de
fama é estimulado pelos programas sensacionalistas que exploram ao máximo
miséria humana e vivem às custas da exibição dos circos dos horrores. Mas é
claro que se não houvessem espectadores não haveria programas com esse perfil. Então
é um processo que se retroalimenta. Se já somos ou ficamos cada vez mais violentos,
eu realmente não sei. Mas percebo que estamos cada vez mais sedentos de imagens
que mostrem todas as nuances e ângulos de qualquer tragédia. Lembro que não faz
pouco tempo a gente morria de medo de ver defunto, hoje em dia até o nome
mudou, já chamamos de presunto.
Mas
enfim, acredito que a sociedade precisa discutir o ciúme, a violência e
refletir sobre a mídia. E precisa fazer isso com a maior urgência. Ainda essa
semana assisti, desavisadamente, um vídeo de um assassinato. Foram quase duas
noites de sono perdidas. O assassinato foi filmado dentro de um presídio e
mostrava a vítima, um suposto estuprador, em choque, sendo violentamente
perfurado no peito enquanto olhava fixamente para a câmera. São imagens que
nunca vou esquecer e que preferia nunca ter visto, mas que circulavam nas redes
sociais livremente sem nenhum aviso de forte conteúdo. Tão chocante quanto às
cenas eram os comentários alertando que a vítima mereceu o que teve e que ainda
teria sido pouco. Como coloquei anteriormente, me preocupa bastante esse
sadismo, como também me preocupa que ele seja usado como uma escada para a fama.
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