Lá vai
eu, a chata, falar de novo da história de cultura do estupro, logo fazendo
relação com um caso desses!
Como
assim cultura do estupro? Quando uma pessoa planeja dar de presente de
aniversário um estupro coletivo, envolvendo 10 homens, não estamos falando da legitimidade da cultura do estupro? Mas nesse caso o desprezo para com as mulheres excede qualquer limite do ponderável.
Eduardo dos Santos (Foto: Jornal Correio da Paraíba) |
Eduardo
dos Santos Pereira planejou dar a seu irmão, Luciano dos Santos Pereira (44), de
presente de aniversário uma festa que incluía um estupro coletivo. A festa e o
crime foram minuciosamente planejados por Eduardo, o mentor, Luciano dos
Santos Pereira, Fernando de França Silva Júnior, Jacó Sousa, Luan Barbosa
Cassimiro, José Jardel Sousa Araújo e Diego Rêgo Domingues e outros três
menores de idade.
Já pela madrugada de domingo
de carnaval, 12 de fevereiro de 2012, bandidos fortemente armados e encapuzados
invadiram a comemoração, amarraram as mulheres que estavam no local, no Centro
de Queimadas, a 15 km de
Campina Grande, as agrediram e as estuprarem. Na fuga, os supostos
assaltantes levaram duas das cinco vítimas e a caminhonete de um participante
da festa. Uma das mulheres, Michele Domingos da Silva de 29 anos, pulou do
veículo em movimento. Os criminosos pararam o carro e a executaram. A outra
garota, a professora Isabela Jussara Frazão Monteiro, 27 anos, foi morta com
três tiros, amarrada com algema de plástico e deixada em cima da caminhonete.
Jornal Correio da Paraíba |
Hoje,
após 19h de julgamento, o mentor do estupro coletivo de Queimadas, o réu
Eduardo dos Santos Pereira, foi condenado a um total 108 anos de prisão. O
julgamento, que começou ontem, foi realizado no Fórum Criminal de João Pessoa.
Mano de Carvalho/ Jornal Correio da Paraíba |
“O júri popular começou
na tarde dessa quinta-feira (25) e se encerrou na manhã da sexta-feira (26). O
Conselho de Sentença composto por quatro homens e três mulheres se reuniu por volta
das 5h20 desta sexta-feira (26) e saiu da sala cerca de três horas depois. O
Juiz Antônio Maroja Limeira Filho leu a sentença que apontou o réu como
culpado. São 106 anos e 5 meses por homicídio, formação de quadrilha, cárcere
privado, corrupção de menores e porte ilegal de arma e mais um 1 ano e 10 meses
por lesão corporal. [...] Luciano dos Santos Pereira, Fernando de França Silva
Júnior, Jacó Sousa, Luan Barbosa Cassimiro, José Jardel Sousa Araújo e Diego
Rêgo Domingues – foram condenados em 2012 pelos crimes de cárcere privado,
formação de quadrilha e estupro (relembre aqui). Eles cumprem penas entre 26 e 44 anos de
prisão em regime fechado no presídio de Segurança Máxima PB1, em João Pessoa.
Suas penas, somadas, chegam a 184 anos de prisão.” Pragmatismo Político.
Naturalmente,
os acusados contavam como certa a impunidade nesse caso, mas felizmente isso
não ocorreu. Todos, exceto os menores, vão responder por seus crimes.
Como
já falei anteriormente, o estupro é um crime de ódio, de misoginia, bem como a
agressão e o feminicídio. Todas essas expressões revelam o ódio que parte da
sociedade alimenta contra o feminino. Todas as características culturalmente construída
e aceita como feminina é passível de punição. Ora o estupro é usado como “mecanismo
de correção de lésbicas”, ora é usado para punir aquele que teve “o privilégio de
nascer com pênis” e ousa transpor a barreira binária do gênero.
Nesta
quinta (25), ele postou fotos sua no Facebook mostrando o resultado das
agressões que sofreu. Além das agressões quase foi estuprado por três homens
"Acordei
umas 6 e 15 da manhã e me troquei porque tinha uma entrevista de emprego.
Coloquei a touca na cabeça, mas o cabelo é grande, sempre fica um pouco aparecendo
e sempre alguém mexe comigo. Desci umas duas ruas para baixo da minha casa em
direção ao ponto de ônibus. Não tinha andado nem 300 metros quando percebi que
tinha três caras andando atrás de mim. Quando vi continuei de cabeça baixa e
apertei o passo para chegar o mais rápido possível até a Miguel Yunes, uma
avenida movimentada onde eu poderia correr para algum lugar. Estava a 10 metros
da avenida quando eles chutaram a minha perna e me derrubaram. Caí de cara no
chão, ralou tudo. Tenho um piercing no nariz e ele enroscou em algum lugar e me
machucou muito. Tentei me virar e um cara mais gordinho virou meu corpo e os
três começaram me dar chutes e socos, enquanto falavam: 'Sua bicha, seu
ridículo, quer ser mulher então vai apanhar que nem mulher'. Meu corpo estava
tão machucado que eu tentava gritar e só saíam gemidos. Puxaram o meu cinto e
desceram a minha calça, enquanto falavam: 'Agora você vai apanhar como mulher.’
Um deles estava abaixando a calça também. Os carros passavam e ninguém descia para
fazer nada. Mas de repente teve uma movimentação numa casa perto de onde
estávamos e eles levantaram falando: 'Moiô, moiô' e saíram dizendo assim: 'Não
acabou não, você vai ter o que merece.Consegui me levantar e fui a pé até a base
de polícia, onde caí no chão. O policial me pegou e foi muito atencioso, me
colocou em um carro e me levou ao Pronto Socorro. Tive traumatismo craniano
leve, lesão no tórax e no estômago e luxação nos dois tornozelos." Igay
Infelizmente, essa não foi a primeira vez que
Gabe foi agredido, foi a terceira vez que é abordado e espancado na rua. Ele também
não é a única vítima, é como ele mesmo coloca, mais um a entrar para as estatísticas.
O que
mais me incomoda é que a cultura do estupro está tão disseminada que mesmo
entre a galera mais jovem, e com um pouco mais de cultura, vê-se a exaltação desse
tipo de crime de uma forma espantosamente natural. Veja o caso que ocorreu na
UFMJ.
“Hoje xxxxxxxx foi dominado
por uma turma de idiotas, componentes da Bateria da Engenharia da UFMG (que
vergonha!), que em coro cantavam: “Não é estupro, é sexo surpresa”, dentre
outras imbecilidades machistas, misóginas e homofóbicas. Mais triste ainda foi
ver mulheres envolvidas na cantoria. E mais triste ainda perceber que ninguém
mais se sentiu incomodado. É preciso mesmo repensar o papel da universidade,
sobretudo as instituições publicas. Acho um absurdo SEM FIM uma UFMG da vida
ser conivente com esse tipo de comportamento, que ocorre não somente dentro da
universidade, mas muitas vezes EM NOME da universidade. Mais absurdo ainda
quando a universidade indiretamente (mas não sem consciência) contribui para
que esses episódios aconteçam quando, por exemplo, emprestam sua estrutura
física para o “ensaio”. Triste, lamentável. Confesso que não soube como agir (e
talvez nenhuma reação valeria a pena diante de um bando de playboys bêbados).
Mas fica no coração a esperança de que a luta jamais termine e que o futuro
seja um lugar melhor.”Luisa Turbino(estudante de mestrado em direito)
Só
me permita pontuar que citei esse caso só como exemplo, noutras universidade
rola não só exaltação do estupro como estupros de fato, principalmente de
calouras. É fato que eles ocorrem com uma frequência assustadora, no entanto,
estes acabam sendo abafados, negligenciados ou minimizados pelas direções
dessas instituições.
Mas enfim,
aproveito para tomar emprestado
as palavras de Luisa e com elas fazer uma breve adaptação: Acho um absurdo SEM FIM uma
sociedade inteira ser conivente com esse tipo de comportamento.
1 comentário:
Há tantos casos absurdos neste post que é difícil digerir, minha cara.
Que apodreçam todos na cadeia. Monstros!
Espero que tu estejas bem. Porque tu sim, és feita de luz.
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