sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Maria Firmina dos Reis: Orgulho de ser nordestina



           Tenho orgulho de ser nordestina também porque a primeira romancista brasileira nasceu e viveu no Maranhão, território nordestino. Maria Firmina dos Reis foi considerada a primeira romancista brasileira. Era mulata e bastarda, nasceu em São Luís em 1825, Maranhão. Foi registrada como filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos Reis. Sua formação teria ocorrido na casa de uma tia na Vila de São José de Guimarães, município de Viamão, sob as instruções do escritor e gramático Sotero dos Reis, primo por parte de mãe.
Sao Luis Maranhao arquitetura 1024x768Firmina viveu em condições de extrema segregação racial e social, no entanto superou todas as barreiras do preconceito e aos vinte e dois anos foi aprovada para a “Cadeira de Instrução Primária” na cidade de Guimarães-MA. Em 1859 publicou o romance "Úrsula", considerado nosso primeiro romance abolicionista e um dos primeiros escritos por mulher brasileira. Em 1861 publicou Gupeva, de temática indianista. Em 1871, publicou a obra de poesias, Cantos à beira-mar. Em 1887, Firmina volta a escrever sobre a temática abolicionista no conto "A Escrava". Ao se aposentar, no início da década de 1880, fundou a primeira escola do Estado gratuita e mista (para meninos e meninas), fato que não foi bem aceito no povoado de Maçaricó provocando tal reboliço e escândalo que causou seu fechamento. Em paralelo, manteve publicações de poesia, ficção, crônicas, enigmas e charadas na imprensa local.
           Úrsula, romance no qual aborda a escravidão a partir do ponto de vista do outro, não teve o nome da autora revelado na capa e nem na folha de rosto.  A autoria era creditada a “Uma Maranhense”, pseudônimo de Firmina. A opção pelo anonimato ocorreu por conta da submissão feminina na época e aos preconceitos. O anonimato da obra somado à indicação de autoria feminina, de origem nordestina e abordagem inovadora do tema da escravidão no contexto do patriarcado brasileiro deixou a autoria da obra obscurecida por mais de um século.
Sao Luis Maranhao praca 1024x768          “Maria Firmina desconstrói igualmente uma história literária etnocêntrica e masculina até mesmo em suas ramificações afro-descendentes. Úrsula não é apenas o primeiro romance abolicionista da literatura brasileira, fato que, inclusive, nem todos os historiadores admitem. É também o primeiro romance da literatura afro-brasileira, entendida esta como produção de autoria afro-descendente, que tematiza o assunto "negro" a partir de uma perspectiva interna e comprometida politicamente em recuperar e narrar a condição do ser negro no Brasil. Acresça-se a isto o gesto (civilizatório) representado pela inscrição em língua portuguesa dos elementos da memória ancestral e das tradições africanas. Texto fundador, Úrsula polemiza com a tese segundo a qual nos falta um “romance negro”, pois apesar de centrado nas vicissitudes da heroína branca, pela primeira vez em nossa literatura, tem-se uma narrativa da escravidão conduzida por um ponto de vista interno e por uma perspectiva afro-descendente” (Eduardo de Assis Duarte).
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Fonte: http://www.editoramulheres.com.br/ursulaposfacio.htm
Imagens: http://www.ideiasvip.com/conheca-aqui-um-pouco-de-sao-luis-do-maranhao/
                 http://svr-net18.unilasalle.edu.br/?p=683

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