Tenho
orgulho de ser nordestina também porque a primeira romancista brasileira nasceu
e viveu no Maranhão, território nordestino. Maria Firmina dos Reis foi considerada
a primeira romancista brasileira. Era mulata e bastarda, nasceu em São Luís em 1825,
Maranhão. Foi registrada como filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos
Reis. Sua formação teria ocorrido na casa de uma tia na Vila de São José de
Guimarães, município de Viamão, sob as instruções do
escritor e gramático Sotero dos Reis, primo por parte de mãe.
Firmina
viveu em condições de extrema segregação racial e social, no entanto superou
todas as barreiras do preconceito e aos vinte e dois anos foi aprovada para a “Cadeira
de Instrução Primária” na cidade de Guimarães-MA. Em 1859 publicou
o romance "Úrsula", considerado nosso primeiro romance abolicionista
e um dos primeiros escritos por mulher brasileira. Em 1861 publicou Gupeva, de temática indianista. Em 1871,
publicou a obra de poesias, Cantos à beira-mar. Em
1887, Firmina volta a escrever sobre a temática abolicionista no conto "A
Escrava". Ao se aposentar, no início da década de 1880,
fundou a primeira escola do Estado gratuita e mista (para
meninos e meninas), fato que não foi bem aceito no povoado de Maçaricó
provocando tal reboliço e escândalo que causou seu fechamento. Em
paralelo, manteve publicações de poesia, ficção, crônicas, enigmas e charadas
na imprensa local.
Úrsula,
romance no qual aborda a escravidão a partir do ponto de vista do outro, não teve o nome da autora
revelado na capa e nem na folha de rosto.
A autoria era creditada a “Uma Maranhense”, pseudônimo de Firmina. A
opção pelo anonimato ocorreu por conta da submissão feminina na época e aos
preconceitos. O anonimato da obra somado à indicação de autoria feminina, de
origem nordestina e abordagem inovadora do tema da escravidão no contexto do
patriarcado brasileiro deixou a autoria da obra obscurecida por mais de um
século.
“Maria
Firmina desconstrói igualmente uma história literária etnocêntrica e masculina
até mesmo em suas ramificações afro-descendentes. Úrsula não é apenas o
primeiro romance abolicionista da literatura brasileira, fato que, inclusive,
nem todos os historiadores admitem. É também o primeiro romance da literatura
afro-brasileira, entendida esta como produção de autoria afro-descendente, que
tematiza o assunto "negro" a partir de uma perspectiva interna e
comprometida politicamente em recuperar e narrar a condição do ser negro no
Brasil. Acresça-se a isto o gesto (civilizatório) representado pela inscrição
em língua portuguesa dos elementos da memória ancestral e das tradições
africanas. Texto fundador, Úrsula polemiza com a tese segundo a qual nos falta
um “romance negro”, pois apesar de centrado nas vicissitudes da heroína branca,
pela primeira vez em nossa literatura, tem-se uma narrativa da escravidão
conduzida por um ponto de vista interno e por uma perspectiva afro-descendente”
(Eduardo de Assis Duarte).
Fonte: http://www.editoramulheres.com.br/ursulaposfacio.htm
Imagens: http://www.ideiasvip.com/conheca-aqui-um-pouco-de-sao-luis-do-maranhao/http://svr-net18.unilasalle.edu.br/?p=683
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