Enquanto a gente comemora o esquecimento
do aplicativo Lulu surge uma novidade, O
aplicativo Girls on a Map ou a grosso modo, mapa das garotas. O aplicativo
fornece dicas de experiências turísticas e hospedagem voltadas para o sexo, quase
um TripAdvisor da prostituição. O Girls on a Map permite a publicação de fotos
de garotas (sem previa autorização), atribuir notas a elas, descobrir onde
estão ou são e qual o nível de dificuldade de obter sexo onde elas podem ser
encontradas.
“Obviamente, as redes sociais já estão divididas em relação ao
aplicativo. O criador, o ex-apresentador de TV, o norte-americano Kevin Leu,
diz que os homens ‘querem escolher um bom destino, mas também estão à
procura de uma aventura de férias. E por que não? É o elixir da vida! Com o
'GirlsOnAMap', criamos uma plataforma para jovens solteiros em busca de
emoção’ Resolver essa questão e tornar o aplicativo menos sexista seria
simples: que tal dizer qual o tipo de homem pelos quais as mulheres mais se
interessam naquele destino? Há lugares em que o homem bonito é o loiro, em
outros, o negro. Há destinos em que homens gordinhos são um sucesso e outros em
que você precisa ser magrelo e alto. Se fosse assim, os homens iriam para onde
são os bonitões e ninguém teria sido invadido como nesse site. Mas é claro que
algo assim não faria tanto barulho quando o caminho mais fácil e escolhido. O
autor do site que incentiva que você poste fotos das garotas – sem autorização
delas, é claro –, mas diz que "as cartas ainda estão nas mãos
delas. Os homens continuarão tendo que se esforçar para tê-las. Em
nenhum momento defendemos que eles tirem proveito das meninas”. Como as cartas
estão na mão delas se suas fotos estão em um site com cara de prostituição sem
autorização prévia e talvez colocada por um cara que ela nunca viu na vida? Para
fechar, ele diz que o aplicativo não tem nada de errado, já que a objetificação
é uma coisa presente no dia a dia. “Nós objetificamos pessoas o tempo todo. Só
estou trazendo esse tipo de conversa para o ambiente online. Quando viajava,
sempre ficava curioso sobre como eram as mulheres do país”. E, infelizmente,
com isso não posso discordar. Enquanto nosso comportamento não mudar, pessoas
continuarão sendo machucadas, sofrendo e nossas relações, de todos os tipos,
serão superficiais.” Carol Patrocínio em Yahoo.
Em época de copa e como Fortaleza é a
capital da prostituição já viram que o aplicativo vai enfrentar congestionamento
de tanto acesso. Não é novidade pra que ninguém que no Brasil o turismo sexual
é um mercado que rende muito, mas muito mesmo. Na verdade, o turismo é uma
fachada usada para mascarar a busca por sexo e prostituição. Os estrangeiros, especialmente americanos e
europeus, escolhem os destinos a partir do tipo de experiência sexual que
gostariam de ter, como por exemplo; fazer sexo com “pessoas exóticas”, as mulheres da Amazônia era um tipo bem desejado, os
estrangeiros gostam de dizer que fizeram
sexo com elas. A visão
que se tem do país no exterior é de que
o Brasil é o país do sexo e do paraíso. Para reforçar esse estigma, há alguns anos, na
propaganda
federal brasileira o Brasil era retratado com imagens de mulheres em
trajes ínfimos. Além do que, o ingresso de
estrangeiros no país é facilitado pela falta de controle policial, isso deixa a sensação
de muita permissividade, ausência de leis e, consequentemente, impunidade.
“O principal atrativo do turismo
sexual é a obtenção fácil de relações sexuais em determinado estado ou país
estrangeiro. Na maioria dos casos, as relações são obtidas com prostitutas
agenciadas informalmente ou em locais diversos, como estradas, esquinas de
hotéis e bares. Além de mulheres, o comercial sexual também alicia homens para
trabalharem nesse mercado(SIC). O turismo internacional sexual se caracteriza
pela procura de clientes estrangeiros que preferem prostitutas de diferentes
nacionalidades e que realizam o serviço por um preço mais baixo em comparação
ao seu país de origem. Segundo pesquisas da ONU e de institutos privados, o
Brasil é um dos principais destinos do turismo sexual, ao lado de países como
Marrocos, Camboja , Colômbia , Costa Rica , China , Cuba , Peru e Tailândia .
Após a queda da Cortina de Ferro , Rússia , Hungria , República Checa e Ucrânia. Infoescola.
Então
vamos pensar um pouquinho, a gente junta a estatística que aponta para o Brasil
como um dos principais destinos do turismo sexual, a copa, mais o Girls on Map
temos um substancial aumento da opressão sobre nós mulheres daqui pra frente,
não só por sermos avaliadas a partir da nosso desempenho sexual, da beleza,
vulnerabilidade as investidas masculinas e comportamento social. Pode não
parecer, mas isso tudo tem um aspecto subjetivo que precisa ser levado em conta,
a avaliação de todos esses fatores em conjunto prediz a condição social da
mulher, como a maioria das mulheres que estão mais visíveis no turismo sexual
são aquelas que se encontram na camada social baixa, ela vai ser o principal
alvo daqueles que usam esse aplicativo e não vai ter mecanismo de lutar com isso.
Sob esse aspecto a opressão machista se intensificar.
Há quem
pense “o que eu tenho haver com isso?” Somos todas mulheres e a opressão que se
processa contra uma afeta todas nós. Não há como se conquistar a igualdade de
gênero enquanto nem todas as mulheres puderem fazer opções conscientes. A “opção”
pela prostituição não é um movimento consciente, menos ainda a exploração sexual.
Também não é consciente o desejo de encontrar um gringo pra casar. Esses movimentos
são condicionados pela tentativa de fuga da miséria. Entendo que o aplicativo
surge como mais mecanismo de expressão do machismo para controle do corpo e da
opressão contra a mulher, assim sendo atinge todas nós, independente da classe
ou etnia. Então já deu pra perceber que temos mais uma feroz luta para impedir
que esses ogros machistas atribuam notas aos nossos corpos ou nossas vulnerabilidades.