quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

2014 começou violento para as mulheres







Ainda estamos no começo do começo do ano e já temos quatro casos de violência contra a mulher de grande repercussão. Enquanto isso, me desdobro nas redes sociais debatendo a existência do machismo, embora saiba que é praticamente inútil, por dois motivos: os machistas vão continuar negando sua existência e com alguns ignorantes a discussão desce ao nível que se torna intolerável seguir a adiante. Outro dia li uma frase interessante “discutir com um ignorante é uma tarefa comparável a jogar xadrez com um pombo: você pode fazer todas às jogadas corretamente e explicar tudo impecavelmente, o pombo vai derrubar todas as peças e defecar no tabuleiro.” 

Apesar da árdua tarefa de denunciar o machismo às vezes me parecer infrutífera penso que não dá para fingir que ele não existe, até mesmo porque estão sendo assassinadas mulheres diariamente por essa cultura cruel e desumana. Por isso não desisto, porque tenho certeza que muitas pessoas se sensibilizam com o tamanho da vulnerabilidade da qual somos vítimas. Como coloquei acima, começamos o ano muito mal, logo na noite de réveillon uma mulher sofreu uma tentativa de enforcamento. 

O pedreiro, Adilson Rufino Silva, de 34 anos, por suspeitar que sua esposa, a doméstica Rosilene Azevedo, de 37 anos, estava olhando pra outro homem tentou enforca-la por meio de um golpe conhecido por gravata. A tentativa de enforcamento ocorreu em plena Avenida Nossa Senhora de Copacabana, próximo à Rua República do Peru. Após pedidos de socorro a policia tentou intervir. No entanto, a tentativa de imobilizar o agressor, pelo tenente-coronel Ronald Santana (19º BPM Copacabana), que teve sua arma roubada pelo pedreiro, resultou em tiroteio. Além do militar, que ficou ferido na perna, mais 11 pessoas ficaram feridas. 

Ainda dia 1º uma estudante de 24 anos, Nívea Araújo, foi jogada do terraço de sua casa supostamente pelo ex-noivo, Leonardo Carvalho de Oliveira. 


Leonardo, se entregou na 73ª DP (Neves) na noite do sábado último. Em depoimento, o acusado, 

...que é funcionário terceirizado da Petrobrás, manteve a versão de que a jovem teria ingerido álcool durante a festa de Réveillon, se desequilibrado no terraço e caído. Segundo investigadores, a versão não se sustenta, pois ele não soube explicar porque o quarto da jovem estava destruído e com marcas de sangue. Pesa também contra ele, imagens de câmeras de segurança de uma casa vizinha que mostram Leonardo circulando pelo local antes da chegada de Nívia e abordando o motorista que a conduzia. Ele teria escalado um muro para invadir a residência... De acordo com a delegada Norma Lacerda, não há dúvidas de que Leonardo tenha sido autor do crime... o depoimento do suspeito apresentou várias contradições: Leonardo afirmou que teria sido Nívia que ligou pra ele na noite do Réveillon enquanto ele estava em Saquarema, e teria pedido que o ex-noivo fosse até sua casa. Porém, amigos da jovem, que a deixaram em casa de carro na noite do crime, afirmaram que Leonado teria ameaçado Nívia durante toda noite através de ligações e mensagens pelo celular. No registro de ocorrência feito pelo suspeito, ele diz que Nívia teria caído do terraço quando tentava pegar roupas no varal. Desse vez, Leonardo apresentou outra versão dizendo que a estudante se jogou(SIC). Quanto aos hematomas no corpo da jovem, que segundo a polícia não foram provenientes da queda, Leonardo não soube explicar. Em relação as marcas de sangue no quarto da vítima, ele diz que o sangue seria dele, que teria se cortado ao tentar segurar Nívia e que teria sido nesse momento que o vestido da estudante teria rasgado.” O Dia. 

Sexta-feira última a vendedora Alessandra Alcântara Isaac, de 21 anos, sofreu uma tentativa de assassinato no Shopping Tijuca, Zona Norte do Rio. Alessandra foi esfaqueada nas costas (foram seis facadas) enquanto aguardava o shopping abrir. Mesmo ferida a vítima conseguiu informar aos policiais militares que fora agredida pelo ex-namorado, Pierre Alexandre Inácio da Silva, de 40 anos. Na fuga, Silva deixou cair uma mochila com documentos pessoais e um certificado de conclusão em um curso de lutas. Silva teria agredido Alessandra porque não se conformava com o rompimento do relacionamento. 

Durante a tarde de ontem o corpo de Janaina da Silva Evangelista, de 25 anos, foi enterrado em São Paulo. Ela foi morta pelo próprio noivo no Jardim Oratório, em Mauá, na Grande São Paulo, na noite da última segunda-feira. Sandro Sales Silva teria matado a noiva, Janaína, após uma briga causada por ciúmes.


Vizinhos viram Sandro entrar na residência de Janaína durante a tarde, permanecer por 40 minutos e sair apressado. A casa fica no Jardim Oratório. O corpo de Janaína foi encontrado pelo pai já no final da tarde. À noite, Sandro foi preso após confessar o crime a policiais do 1º Distrito Policial do município, segundo eles relataram. Disse ainda que Janaína o atacou com uma faca e que ele apenas se defendeu. De acordo com o delegado que investiga o caso, José Carlos de Melo, o fato de Janaína ter sido encontrada com marca de facada nas costas indica que ela teria sido surpreendida pelo tapeceiro. Sandro afirmou em depoimento que vai se manifestar apenas em juízo. Ele foi indiciado e vai responder por homicídio qualificado (motivo fútil). O corpo de Janaína estava debaixo da cama em um dos quartos da casa. Sobre o colchão estava a faca que teria sido usada no crime. O pai da jovem afirmou aos policiais que estranhou ter encontrado a porta de casa trancada e que precisou de ajuda de um vizinho para cortar um cadeado. Disse ainda que Janaína e Sandro costumavam ter discussões por ciúmes... A confissão ocorreu apenas os policiais pressionaram, questionando Sandro sobre o paradeiro de seu veículo para uma investigação de possíveis vestígios relacionados ao crime e relatando ao tapeceiro o testemunho feito pelos vizinhos.” G1. 

Por conta da morte dessas mulheres e de muitas outras que não chegaram aos noticiários, sinto-me impelida a continuar nessa enfadonha discussão, que vez por outra sai do campo ideológico e respinga na minha vida pessoal, com comentários que buscam atingir minha integridade e me constranger. Mas a cada ataque, seja a minha dignidade ou minha condição de mulher, o machismo se revela e cada vez mais intolerante. O machismo que ataca a integridade da mulher é o mesmo machismo que mata, que não aceita que a mulher se permita estar com outros homens, é o mesmo machismo que estupra e que oprime. Por isso essa cultura deve ser severamente combatida, para que as mulheres tenham liberdade, inclusive de escolha.


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