quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A homofobia mata




“Uma travesti de 50 anos foi executada com tiros na cabeça e pernas, nessa terça-feira (14), em Uberaba, no Triângulo Mineiro. A vítima estava em um ponto de prostituição do bairro São Benedito e a autoria e motivações do crime são desconhecidas. De acordo com a Polícia Militar, um morador da avenida Coronel Joaquim de Oliveira Prata acionou a corporação após escutar disparos de arma de fogo. Quando chegaram ao local, militares encontraram Antônio Carlos dos Santos, conhecido pelo apelido de “Pantera Negra”, caído debaixo da marquise do “Bar Bueno”. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas a vítima não resistiu aos ferimentos. Ainda segundo a testemunha, após o crime, um carro de cor escura saiu em alta velocidade em direção à avenida Guilherme Ferreira. Outras travestis que fazem ponto na região informaram que Santos trabalhava no bairro há muitos anos e, em dezembro do ano passado, foi agredido e teve que ficar internado alguns dias. No entanto, o motivo da agressão não foi esclarecido. Após os trabalhos da perícia, o corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) da região. Nenhum suspeito foi identificado ou localizado. A Polícia Civil investiga o caso.” Carolina Caetanoem O Tempo

“Um adolescente de 16 anos foi encontrado morto na madrugada do último sábado (11), na avenida 9 de julho, região central de São Paulo. O jovem tinha sido visto pela última vez em uma festa destinada ao público gay na República (centro). Dentro da boate, Kaique Augusto Batista dos Santos teria dito a amigos que havia perdido a carteira e o celular. O grupo se separou para procurar os objetos, e Kaique não foi mais visto. Segundo pessoas da família de Kaique que fizeram o reconhecimento do corpo, não havia dentes na boca do garoto. Uma barra de ferro estava dentro da perna dele. As causas da morte descritas no atestado de óbito são traumatismo craniano, traumatismo intracraniano e agente contundente. O boletim de ocorrência foi registrado como suicídio no 2º DP (Bom Retiro), mas ainda não há, segundo a Polícia Civil, evidências do que aconteceu e linha de investigação ainda pode mudar. A Secretaria da Segurança Pública informou que não vai comentar possíveis sinais de tortura porque o laudo da morte é sigiloso. Também não foi informado se a Polícia Civil solicitou imagens de câmeras de segurança –a pasta se resumiu a dizer que "a investigação está em andamento".  O enterro ocorreu na manhã de ontem no Cemitério Valle dos Reis, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Devido às condições do corpo, não houve velório.”  Mais detalhes sobre o caso você poderá obter através do Terra.

 Diante da notícia Urik Paiva expressou sua indignação através do texto a seguir

“O laudo da PM está certíssimo: claro que foi suicídio. A festa estava um tédio e ele resolveu quebrar todos os dentes e enfiar uma barra de ferro na perna. Obviamente não pode ter sido um ato homofóbico, porque não existe homofobia no Brasil. Nosso país está livre disso, porque existem aparatos legais para defender e preservar a vida de pessoas com orientação sexual que não a heterossexual. Esses aparatos existem porque todos os nossos legisladores são bastante comprometidos com causa LGBTT. Inclusive, os da bancada evangélica! Ah, esses são um caso especial de empenho para com as diversas causas de direitos humanos. Você sabia que eles foram os que mais lutaram para a aprovação da Lei Anti-homofobia no Brasil? De parabéns também está o Governo Federal, pois todo o ensino público trata da sexualidade de forma saudável e democrática. Além do kit anti-homofobia, que foi distribuído para todas as escolas do país, os professores receberam formação para lidar com questões ligadas à sexualidade na sala de aula. É por isso que todos os jovens estão saindo da escola com noções de respeito e cidadania, sendo incapazes de cometer qualquer crime contra um homossexual, travesti ou transgênero. Os pais também receberam aconselhamento e orientação acerca do assunto e não existem casos de discriminação doméstica, nem violência verbal ou física. O Brasil é um país livre, completamente livre do machismo e da homofobia. Aqui dois homens podem andar de mãos dadas tranquilamente na rua, duas mulheres podem constituir família porque ninguém vai falar nada de mal, os travestis são super respeitados em qualquer espaço público... e os transexuais – nossa! – são tratados como reis! Portanto, fica evidente que Kaique Augusto Batista dos Santos, adolescente gay de 16 anos, cometeu suicídio.”

Urik Paiva é editor, tem 24 anos, é gay assumido, feliz e mora em Belo Horizonte. Sua indignação tem razão de ser, quando ia escrever esse artigo resolvi procurar informações sobre o assassinato da travesti Pantera Negra, então digitei no site G1, site onde tinha visto a notícia, tão somente a palavra “travesti” e veja através da printagem da página o que achei.


Ai curiosidade aguçou e expandi a pesquisa para o Google, mais uma vez digitei simplesmente “travesti” e mais uma vez printei a página para compartilhar com vocês, observem a imagem. 
 

Você pode repetir a experiência em casa, e verificar o que encontra. 

Mas antes de terminar gostaria de compartilhar mais uma informação, a morte de Roger. 

“No dia 10 de janeiro de 2014, recebemos a notícia de que Roger Jean-Claude Mbédé morreu em Camarões. Roger havia sido condenado a 3 anos de prisão por ter enviado uma mensagem de texto a outro rapaz dizendo “Estou muito apaixonado por você” num país onde é ilegal ser gay. Os detalhes da morte de Roger ainda não estão claros, mas sabemos do seguinte: na cadeia, ele sofreu agressões físicas e teve emergências médicos. Fora da cadeia, ele foi agredido e não conseguiu trabalho, escola, moradia ou assistência médica. Apesar dos ataques e do sofrimento, Roger se posicionou contra a lei homofóbica de Camarões. Ele disse ter feito isso para que outras pessoas como ele, sejam lésbicas, gays, bissexuais ou pessoas trans, não passassem pelo que ele passou. Roger viveu com amor, mas morreu sem conhecer a justiça. O mundo precisa ouvir a história dele. Acrescente seu nome a nossa homenagem virtual em memória de Roger e peça um fim às leis homofóbicas que estão destruindo tantas vidas.”All Out. https://www.allout.org/pt/actions/remember-roger

Ontem uma amiga trans me marcou nessa notícia colocando as seguintes frases “Viu amiga que mundo?” e “Imagine como me sinto!”. Acho que não precisa falar mais nada, né?  Nem sobre machismo, sexismo, homofobia, transfobia... Deixo com vocês a reflexões pertinentes.

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