Além da
nota não se desculpar com a vítima, a família e a sociedade, ainda tenta
distorcer os fatos. A criança não só foi identificada como as cenas veiculadas
foram utilizadas como combustível para lincharem virtualmente a garota e sua
família. A ganância da emissora (em busca de alguns minutos de audiência) foi
tamanha que não se deu sequer ao trabalho de borrar as imagens que pudessem de
alguma forma identificar a garota, embora a emissora diga o contrário os rostos
dos pais foram exibidos e a casa também e a garota também.
Não é
aceito o argumento de que as imagens seriam utilizadas para auxiliar na punição
do suspeito, porque não cabe ao espectador de programas policiais punir
criminosos, e os dirigentes do programa sabem disso. Pelo contrario, a função
primordial desses programas policialescos é exploração da miséria humana, seja
através da incitação a violência, quando expõem as imagens de vítimas ou de
supostos bandidos, ou através da criminalização dos jovens da periferia, sempre
alvo das famigeradas reportagens. Tudo isso feito em nome da promoção do medo e do preconceito dirigido ao povo das comunidades.
Enquanto
a família da criança se sentia desamparada pelo Estado, seja através do
conhecimento do descaso nas instituições policiais ou pelo descrédito na justiça,
os diretores sabiam como explorar o desejo por justiça dessa família, como
também das implicações da exposição da situação que envolvia a menor. E mesmo
assim ignoraram ilegalidade da veiculação das cenas e o impacto sobre a vida da
garota, família e à própria comunidade. Enquanto o movimento da família no
sentido de clamar por justiça a imprensa foi movido por um sentimento
inconsciente, a exposição da garota pelas TV’s denota um ato irresponsável e
deliberado, sem conotações humanitárias, visando tão somente a
espetacularização da violência.
Lamento profundamente
a cultura do pão e circo e o lançamento de pessoas à arena dos leões (abutres). No
entanto, o que mais me entristece é que esse tipo de espetáculo promova a
eleição de meia dúzia de indivíduos que vive da exploração das mazelas humanas.
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