Uma enxurrada
de comentários ofensivos e de INCITAÇÃO AO CRIME DE ESTUPRO, prática que por
sinal é crime tipificada pelo código penal, inundou a página do Facebook criada
para realização de um protesto contra as declarações de que “mulheres que usam roupas que mostram o
corpo merecem ser atacadas” e que “Se as mulheres soubessem se comportar,
haveria menos estupros”.
Art. 286 - Incitar publicamente a prática de
crime,
Art. 243-D. Incitar publicamente o ódio ou a
violência e
A finalidade do evento era
promover uma sacudida na sociedade e mostrar que nós mulheres, principalmente
as feministas, e alguns homens discordavam dessas premissas e que não íriamos
aceitar o controle de nossos corpos por setores conservadores e reacionários da
sociedade. Não se tratava da tentativa de “conscientizar nenhum estuprador”
como alguns queriam colocar, pois O
CRIME DE ESTUPRO NÃO TEM RELAÇÃO COM O COMPORTAMENTO DA MULHER, seja no seu modo de trajar ou
em seus hábitos. Tem relação com as vivências do estuprador, seu caráter e seus
instintos. Além de estar relacionado com as subjetividades do estuprador também
há fatores que colaboram para que esse tipo de violação ainda ocorra sistematicamente,
são eles; a permissividade ou tolerância da sociedade com crime e com o
estuprador através da culpabilização da vítima, como ficou demonstrado na
pesquisa, e a omissão do Estado em punir os agressores. Todas as outras
alegativas são desculpas usadas para justificar o crime e punir e causar pânico
entre as mulheres.
Anteontem já revelado minha
preocupação com os índices que confirmavam a tolerância da sociedade com
estupro: Em pesquisa, 65% dos entrevistados disseram
concordar com a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo
merecem ser atacadas”. E 58,5% concorda que se “as mulheres soubessem se
comportar, haveria menos estupros”.
Com relação
a essa preocupação coloquei
“A leitura que faço desses números é que 65 % dos homens que me rodeiam são estupradores potenciais, e me preocupa mais ainda pensar qual a percentagem deles que são de fato. Não me surpreenderia que a percentagem se revelasse somente um pouco menor, haja vista a dificuldade que temos de convencer os homens de que Não é Não, como também na forma que somos observadas e agredidas nas ruas com piadas e falsos elogios, ou até mesmo através das mãos bobas nas ruas, dos encoxamentos nos ônibus e metrôs dos beijos roubados em meio à multidão.” Em Culpabilizaçãoda vítima de estupro é corroborada por pesquisa do IPEA.
Ontem,
durante a realização do protesto virtual, minhas preocupações converteram-se em
medo, poderia dizer que num sério pavor. Um evento que tinha a finalidade de
escancarar nossa revolta contra o machismo converteu-se num chamamento ao
insulto e à ameaças. Acabei por concluir que realmente temos um grande número
de estupradores potenciais e de fato circulando entre nós. Não há nem como negar
essa percepção, se temos anualmente registrado nesse país 50 mil estupros e se
segundo estimativas esse número pode chegar a ser 3 vezes maior, isso significa
dizer que temos aproximadamente 150 mil estupradores convivendo em sociedade livremente.
Vejam
por você mesmos o conteúdo dessas “manifestações”.
Ajude-me a me identificar - copie e cole o meu perfil nos comentários ou o meu nome. |
Gostaria
de agradecer a Nádia Gene, que gentilmente me cedeu as printagens que revelam
os absurdos manifestos acima. Um grande abraço Nádia.