Dia 08 de março - Dia internacional da mulher
Em
março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos situada na cidade norte
americana de Nova Iorque fizeram uma grande greve na luta pelos seus direitos e
foram queimadas vivas por isso. Hoje, 8 de março de 2014, saímos as ruas para
lutar contra esse modelo de sociedade que ainda nos oprime todos os dias.
Nós,
mulheres, somos mais da metade da população mundial. Somos milhões ganhando
salários mais baixos, ainda que executando a mesma função que os homens;
cumprindo dupla ou tripla jornada de trabalho, incluindo o trabalho doméstico,
que não é reconhecido; sofrendo assédio moral e sexual no trabalho, no ônibus,
na rua e em casa; sendo violentadas por nossos namorados, maridos ou patrões;
sendo exploradas sexualmente desde a adolescência e aprendendo que nosso corpo
é negociável e disponível ao prazer dos machos; sendo tratadas como objeto pela
mídia, vendidas como acompanhamento de cerveja, carro ou desodorante e
atormentadas por um padrão de beleza que nos oprime. Somos negras, oprimidas
também pelo racismo, mais exploradas em trabalhos que trazem em seu cerne
marcas de escravidão. Somos lésbicas que, quando não invisíveis, colocadas como
objeto de desejo e fetiche para satisfação sexual - masculina, é claro.
Nós,
mulheres, somos as que mais dependem e acessam os serviços públicos de má
qualidade: faltam creches para nossos filhos, escolas perto de casa e a nossa
saúde é meramente reprodutiva. Somos as que mais sofrem com as remoções
ocasionadas pela copa, por obras de mobilidade urbana ou por qualquer grande
projeto dos governos federal, estadual e municipal, com a perda de nossas casas
e os deslocamentos aos quais nos obrigam. Somos as mais afetadas por um modelo
de cidade excludente. Somos as mais atingidas pela seca. Somos aquelas para
quem a repressão, a cada manifestação, vem acompanhada de ameaças de abuso
sexual ou do abuso propriamente dito. Somos também as que têm o direito ao
nosso corpo rifado a cada nova quadra eleitoral em nome da aliança com setores
conservadores para a tal governabilidade.
Somos
mulheres trabalhadoras que ainda vivem em um sistema capitalista e opressor,
patriarcal e machista, que nos impõe uma lógica de dominação masculina, seja de
pai, marido ou patrão. Um sistema que lucra - e muito - ao nos destinar à vida
privada e à função social de reprodução e de cuidado e ao fazer da nossa mão de
obra fora de casa mais barata. Um sistema que nos violenta sexual, física e
moralmente e ainda banaliza cada uma dessas violências, fazendo delas - e da
nossa dor - espetáculo midiático.
O machismo é estruturante de toda a sociedade. Por isso, todas as causas do mundo são as causas das mulheres. Cada uma delas não está resolvida se o machismo, o racismo e a lesbotransfobia que trazem em si não são superados também. Nós, mulheres, estamos nas ruas. A nossa luta é todos os dias: por um transporte público, gratuito e de qualidade, por uma educação libertadora, por melhores condições de trabalho, por bons serviços públicos, contra as remoções das obras, contra os governos que nos rifam... Por liberdade.
O machismo é estruturante de toda a sociedade. Por isso, todas as causas do mundo são as causas das mulheres. Cada uma delas não está resolvida se o machismo, o racismo e a lesbotransfobia que trazem em si não são superados também. Nós, mulheres, estamos nas ruas. A nossa luta é todos os dias: por um transporte público, gratuito e de qualidade, por uma educação libertadora, por melhores condições de trabalho, por bons serviços públicos, contra as remoções das obras, contra os governos que nos rifam... Por liberdade.
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