terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Igreja Católica demonstra machismo e homofobia em declaração



A Igreja católica eslovaca disse numa carta pastoral que a igualdade de gênero destrói a família e que a decisão de aceitar pares homossexuais leva a uma "confusão sodomita".

Na mensagem pastoral, a Igreja católica eslovaca refere que, por detrás da aparente bondade da ideia de igualdade de gênero, se esconde o objetivo de destruir as famílias (Sic). Os bispos eslovacos referem que a família é uma instituição de Deus e que a desintegração familiar deterioraria a felicidade humana, assinalando que quem se refere ao conceito de "igualdade de gênero" pensa em algo positivo, em que os homens e as mulheres têm os seus direitos. A carta pastoral advertiu que o uso de palavras nobres como "direitos humanos", quando, na realidade, os partidários de uma "cultura da morte" pretendem que "um homem já não se sinta como um homem, nem uma mulher como uma mulher" e que o matrimônio não seja a "união abençoada por Deus" de um homem e uma mulher. RTP.http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=699958&tm=7&layout=121&visual=49

A estrutura da igreja é uma representação clássica do patriarcalismo, sobre o padre se assenta a figura do patriarca, que detém poder sob o rebanho –simbolicamente seus filhos – como também sob o Estado. O que a igreja defende é manutenção das coisas como estão, opressão contra as mulheres e crianças, já que isso não ameaça o poder que ainda detém. Manter a mulher sob a sombra do homem implica dizer que ela nunca vai romper com sistema clerical dominado por homens, onde o poder, e nesse sentido, o dinheiro, circula apenas em mãos masculinas. A opressão da mulher ajuda a manter essa estrutura rígida, baseada na cultura androcêntrica e deísta, já que uma mulher oprimida é incapaz de questionar o sistema hierárquico, e principalmente, os dogmas da igreja.

A igualdade gênero é uma clara ameaça de rompimento com um sistema milenar de exploração das mulheres, de controle de seus corpos e mentes. Quando a mulher se sentir confortável para questionar o sistema patriarcal do clérigo indiscutivelmente ela vai almejar ascender hierarquicamente e ocupar cargos de direção na igreja. E o que menos a igreja quer é que se eleja uma Papisa que possa gerar em seu ventre um incontestável herdeiro do de seu patrimônio. Além disso, uma igreja mais democrática poderá avançar em discussões que não interessam ao machismo, que seria a liberdade da sexualidade feminina, representada na liberação ao uso dos anticoncepcionais e preservativos, o divórcio e outros.   

Quando a igreja diz priorizar a manutenção da família, implica dizer que não aceita o divórcio. A ideia se apoia no fato de que no patriarcado, a mulher se inclui no rol de bens do marido, ainda hoje os homens pensam assim, e romper com o casamento implica perda de poder. Sem contar que em caso de divórcio o patrimônio do homem reduziria pela metade, e a mulher poderia ter poder sobre si mesma, sobre os filhos e parte do patrimônio do casal. Nesse sentido, a separação representaria perda para o homem e ganho para a mulher. É claro que essa lógica se aplica aos casais que detêm bens.  Para o resto dos fieis, ou seja, a maioria, se aplica a indissolubilidade do casamento para que Deus seja justo e que seus mandamentos sirvam para ricos e pobres. 

Quero que fique claro que não estou defendendo a dissolução das famílias e muito menos o ateísmo, estou questionando a estrutura da igreja e seus dogmas, que servem sobremaneira para controlar mulheres e homens, explorar e oprimir mulheres. Sem contar que sequer cogitam a possibilidade de acolher os assumidamente homossexuais, deixando inclusive de considerar que acolhe entre os eclesiásticos muitos homossexuais que não podem em hipótese alguma revelarem sua condição. Enquanto diz pregar o amor o cristianismo prega a intolerância, o machismo e a homofobia.

2 comentários:

Rosa Goncalves disse...

Infelizmente setores conservadores da Igreja Católica também promulgam a violência racista e homofóbica e promovem a negação dos direitos humanos e ainda tem muito o domínio da palavra e do discernimento de muitos fieis que conseguem seguir a risca seus ensinamentos,apesar do surgimento da teologia da libertação que veio para combater tudo isso ainda não foi possível por que os interesses desses setores conservadores é o que predominam são eles que estão na direção,no comando...

Célia Rodrigues disse...

Absurdo total Ana, o que ocorre desumanamente nas cadeias públicas, principalmente em se tratar de setores femininos!
O que se pode fazer é exatamente o que você fez, publicar com fotos e fatos!
Nos solidarizamos com todo tipo de articulação que venha contribuir para um mundo sem preconceito e sem violência!!!
Abraços Feminista