domingo, 27 de abril de 2014

O machismo nosso de cada dia: De assassinato à desfiguração.




Um policial civil matou a namorada a tiros no meio de uma rua da região central de Curitiba, na manhã desta quinta-feira (24), e em seguida tentou se suicidar com um tiro no pescoço. Napoleão Seki Júnior, 38, sobreviveu e foi levado ao hospital Cajuru, onde passa por uma cirurgia nesta tarde. O estado dele é grave. A mulher, identificada somente como Paloma, teria 23 anos. A Polícia Civil do Paraná confirmou a identidade do policial, um investigador que atualmente estava lotado no departamento administrativo da corporação. Caso sobreviva, será preso em flagrante por homicídio. Em nota, a Polícia Civil do Paraná revelou que Seki Júnior é investigado pela Corregedoria-Geral da instituição por problemas disciplinares. O investigador, que integra a Polícia Civil desde 2010, estava deslocado para trabalhos administrativos em virtude do inquérito. Testemunhas relataram que o casal estava discutindo dentro de um veículo. Em seguida, Seki Júnior retirou a namorada do carro e a algemou de costas na beirada da rua Reinaldino S. de Quadro, esquina com a rua Sete de Abril, no bairro Alto da 15. A cena foi filmada por uma testemunha e obtida pelo site "Plantão 190". Em seguida, o autor do crime sacou a arma e efetuou quatro disparos no peito da namorada, que morreu na hora. Depois, atirou no próprio pescoço, mas permaneceu consciente, sentado na calçada até a chegada de viaturas do Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência) e da Polícia Militar.” Osni Tavares em Uol

Não preciso nem dizer o quanto fiquei chocada quando liguei a TV ao meio dia para assistir o jornal e vi o vídeo do assassinato. Naturalmente o crime foi filmado. Se por um lado o vídeo servirá como prova do crime, por outro suscita uma séria discussão sobre a vigilância a qual estamos submetidos. Mas essa é uma outra história, embora saiba que toda essa vigilância  tenham forte relação com os altos índices de violência a que estamos sujeitos, inclusive a que vitimou Paloma.
Na verdade, ainda estou chocada, as imagens que são bastante fortes. A truculência do policial é revoltante. Não é possível entender que ainda sejamos tolerantes com a cultura machista que coisifica a mulher e a coloca como mero objeto sujeito as vontades masculinas. O resultado de um sistema que promove a educação baseada no patriarcado é o que vemos acima.
O assassinato é a expressão maior da violência machista e o último ato de uma história de opressão   e outras violências. Antes de sua consumação uma série de agressões e violações vão ocorrendo sem que o agressor seja responsabilizado. O caso de Fabiene, garota que teve o rosto desfigurado a murros, poderia figurar como mais um dos milhares feminicídios em que o agressor sai impune. Felizmente ela esta viva e pode denunciar pessoalmente o agressor. Mas será que está a salva de ser morta por ele?
Fotos mostram Fabiane antes e depois de sofrer as agressões (Foto: Arquivo da família e Matheus Magalhães/G1)

A polícia do Rio Grande do Norte ainda procura pelo homem suspeito de ter desfigurado o rosto de uma mulher, sua ex-companheira. Fabiene Gonzaga Martins, de 25 anos, é dona de casa e terá que fazer uma cirurgia para reconstituir dois ossos da face. Ela conta que apanhou com um cabo de vassoura e levou vários socos. A polícia prefere não revelar o nome do suspeito para não atrapalhar as investigações. [...] Fabiene tem vários pontos na cabeça, hematomas por todo o rosto e sangue coagulado nos glóbulos oculares. Ela foi encaminhada para o hospital após passar por exame de corpo de delito no Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep). [...] Além das agressões, o homem também foi denunciado por manter o filho do casal em cárcere privado. O menino tem 4 anos. "Também demos queixa do desaparecimento da criança. Isso foi no começo da semana, quando fomos à delegacia. Mas alguém foi deixar o menino lá em casa. O garoto está bem, só que muito nervoso e assustado. O pai continua solto”, disse Sônia. Ainda de acordo com a mãe de Fabiene, o menino também apanhava muito do pai. “Ele é um monstro. Tem que ser preso”, acrescentou. Em depoimento à polícia, Fabiene relatou que havia se separado do marido fazia pouco mais de uma semana justamente por não aguentar mais apanhar dele. Além da surra, a mulher contou que também foi estuprada. No Itep, ela também foi submetida a exame de conjunção carnal para poder comprovar o abuso sexual. G1.
Os requintes de crueldade usados contra Fabiene são os mesmo usados contra as mulheres paquistanesas que também têm seus rostos desfigurados por aqueles que deveriam ser seus companheiros ou namorados. Somente pouco há pouco tempo descobri que os homens escolhiam as regiões do corpo feminino onde preferiam bater. Pois é, eles não batem aleatoriamente, premeditam o alvo específico, que é primordialmente o rosto, além das regiões que remetem a feminilidade, que seriam os seios e a bunda. 
Mas, isso poderia ser é apenas um detalhe, em meio as tantas barbaridades que eles cometem, caso não revelasse um desejo ainda mais mórbido de não apenas agredir e causar o dor física, mas também causar sofrimento psicológico e vergonha, deixando marcas que não são passiveis de serem ocultadas. Contudo, não estou dizendo que somente as marcas, cicatrizes ou hematomas causem sofrimento psicológico, toda agressão, mesmo as que não deixam marcas visíveis, provocam sofrimento psicológico, vergonha, constrangimento, diminui a autoestima e causa uma série de danos a vítima. Quem nunca viu uma mulher tentando esconder o rosto por conta de um olho roxo deixado pelo marido, “companheiro” ou namorado?  Mesmo com todos os danos o hematoma no rosto apaga, e é possível, sim, recuperar o sorriso. 
* Najaf Sultana, 16 anos,
No entanto algumas cicatrizes se perpetuam e o sorriso jamais será o mesmo. As paquistanesas sofre constantes desfigurações no roto causado por ácido e queimaduras por mais fúteis, como por exemplo, deixar de servir a comida conforme o agrado do marido ou se a família pagar um dote inferior a expectiva do noivo.Vejam as fotos. 

Terrorismo ácido contra mulheres do paquistaoSaira Liaqat, 26 anos, mostra para a câmera um retrato dela antes de ser queimada em sua casa em Lahore, Paquistão. Quando ela tinha quinze anos, Saira foi obrigada a se casar com um homem da sua família, porém sua família só permitiu que ela fosse morar com ele após terminar os estudos. O marido não gostou da idéia e no final de Julho de 2003, chegou na casa dela com um embrulho, e pediu para que ela fose buscar um copo com água. Ela foi até a cozinha buscar e quando se virou para lhe entregar a água, ele jogou ácido em sua cara, cegando-lhe o olho direito e comprometendo a capacidade de visão do esquerdo. Saira foi submetida a 9 cirurgias plásticas para tentar se recuperar de suas cicatrizes.
Terrorismo ácido contra mulheres do paquistao
Irum Saeed, 30 anos, posa para a fotografia em seu escritório na Universidade urdu de Islamabad, Paquistão, quinta-feira, 24 julho, 2008. Irum foi queimada no rosto, costas e ombros a doze anos atrás, quando um rapaz a quem ela rejeitou o casamento jogaou ácido sobre ela no meio da rua. Ela já foi submetida a 25 cirurgias plásticas para tentar se recuperar de suas cicatrizes.
Terrorismo ácido contra mulheres do paquistao





Shameem Akhter, 18 anos, posa para as lentes do fotoógrafo Emilio Morenatti na sua casa em Jhang, Paquistão.
Shameem foi estuprada por três rapazes que jogaram ácido em seu rosto a três anos atrás. Shameem foi submetida a 10 cirurgias plásticas para tentar se recuperar de suas cicatrizes. 




Terrorismo ácido contra mulheres do paquistao 
Najaf Sultana, 16 anos, fotografia tirada em sua casa em Lahore, Paquistão. Quando tinha 5 anos, Najaf foi queimada pelo seu pai enquanto ela estava dormindo, aparentemente porque ele não queria ter uma outra menina na família. Como resultado da queimadura, Najaf ficou cega foi abandonada por seus pais, ela agora mora com parentes. Ela foi submetida a cerca de 15 cirurgias plásticas para tentar se recuperar de suas cicatrizes.



Terrorismo ácido contra mulheres do paquistao
Shahnaz Bibi, 35 anos, posa para a fotografia em Lahore, Paquistão. Dez anos atrás Shahnaz foi queimada com ácido por um parente devido a uma disputa familiar. Ela nunca fez nenhuma cirurgia plástica.






*Najaf Sultana, 16 anos, (foto acima) fotografia tirada em sua casa em Lahore, Paquistão. Quando tinha 5 anos, Najaf foi queimada pelo seu pai enquanto ela estava dormindo, aparentemente porque ele não queria ter uma outra menina na família. Como resultado da queimadura, Najaf ficou cega foi abandonada por seus pais, ela agora mora com parentes. Ela foi submetida a cerca de 15 cirurgias plásticas para tentar se recuperar de suas cicatrizes. Veja outros casos em: Adrenaline.uol.




*MEMUNA Khan, 21 anos
“A maioria das mulheres que sofrem ataques com ácido relata que são vítimas dos chamados ‘crimes de honra’, quando um homem (geralmente o marido) agride a mulher em nome da honra da família. Segundo um relatório da Comissão de Direitos Humanos da ONU, em alguns países, os assassinos não são punidos, ou recebem sentenças reduzidas, usando como justificativa a 'defesa da honra' da família. Com a omissão do Estado, restam às organizações não governamentais a tarefa de auxiliar as vítimas dessa tragédia. No Paquistão, considerado o terceiro lugar mais perigoso do mundo para uma mulher viver, a Fundação Depilex-Smileagain é uma dessas organizações de apoio às vítimas. O grupo busca a reintegração das mulheres na sociedade por meio de apoio médico e psicológico. Cerca de 240 vítimas estão registradas na lista de ajuda da fundação e trabalham como esteticistas em um centro de beleza da Depilex." R7.
*MEMUNA Khan, 21 anos, posa para a fotografia em Karachi, no Paquistão. Menuna foi queimada por um grupo de meninos que jogaram ácido sobre ela para resolver uma disputa entre seus familiares. Ela passou por 21 cirurgias plásticas para tentar se recuperar de suas cicatrizes.


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