Depois
da campanha “Não mereço ser estuprada” e da reação violenta a campanha,
entramos na fase do questionamento da manifestação e até mesmo do feminismo. E confesso
que estou cansada dos contra argumentar e defender não só a nossa manifestação
quanto a nossa causa. E o mais lamentável é que àqueles que se confessam contrários
ao feminismo e a recente campanha contra o machismo, manifesto durante a pesquisa
do Ipea, sequer conseguem apresentar um argumento que se possa considerar ou
tentar discuti-lo. Entretanto, ainda
perdemos o nosso precioso tempo apresentando dados que tornam legítimas não somente
a luta contra a cultura do estupro como também contra o machismo.
A forma
mais tosca de tentar deslegitimar a nossa luta é usar alguma situação que não
esta no cerne da questão ou que está deslocada do foco e traze-la pra o centro
da discussão. Vejam a analogia abaixo.
Em
resposta a essa comparação, extremamente maldosa, coloquei alguns sites onde
eles pudessem observar contra que nível de violência estávamos lutando e
tentando combater. São Joaquim. Uol e Blog do Barbosa.
“No Brasil, meio milhão
de estupros e violência contra a mulher ocorrem anualmente. Meio milhão
notificado, isto é, cerca de 1.400 por dia. Se isso corresponde apenas aos 10%
que se sabe serem notificados, multiplica-se por 10 e chegamos a 14 mil estupros
e violência diários. O fenômeno está no centro do machismo, não na beirada da
patologia. Está no eixo da cultura patriarcal, não é ponta de curva. É o
controle no limite físico da mulher – ou por agressão ou por estupro.” Fátima
Pacheco Jordão.
Obs: Imagens com esse nível de violência não serão exposta nesse postagem.
"Acidentes de trânsito
causam 42 mil mortes por ano
As ações realizadas
durante a Semana Nacional de Trânsito são gerais, voltadas a todas as pessoas.
Não há um público específico, apesar do fato de “80% dos envolvidos em
acidentes são homens, e na faixa etária de 18 a 39 anos”, segundo a
coordenadora. Agência Brasil.
O crime organizado,
especialmente o tráfico de drogas, é responsável por um quarto das mortes
causadas por armas de fogo nas Américas, enquanto que na Ásia e na Europa é
responsável por apenas 5 por cento dos homicídios (de acordo com os dados
disponíveis).[...] O crime e a violência estão fortemente associados à
existência de um grande número de população juvenil, especialmente nos países
em desenvolvimento. Enquanto 6,9 por grupo de 100 mil pessoas são assassinadas
em nível mundial, a taxa de homens jovens vítimas é três vezes maior (21,1 por
100 mil). Os homens jovens têm mais probabilidades de possuir armas e
participar de crime de rua, de guerras de gangues e cometer crimes relacionados
com as drogas. Nas cidades são cometidos três vezes mais homicídios do que em
zonas menos povoadas.[...] Em nível mundial, 80% das vítimas e dos autores de
homicídios são homens. Mas enquanto os homens têm mais probabilidades de morrer
em lugares públicos, as mulheres são assassinadas principalmente dentro de casa,
como na Europa, onde a metade das vítimas foi assassinada por um integrante da
família. A maioria das vítimas de violência por parte do companheiro ou
familiares são mulheres. Na Europa, por exemplo, em 2008, as mulheres
representavam quase 80% de todas as pessoas assassinadas pelo companheiro atual
ou anterior. Onu
“A expressão máxima da
violência contra a mulher é o óbito. As mortes de mulheres decorrentes de
conflitos de gênero, ou seja, pelo fato de serem mulheres, são denominados feminicídios
ou femicídios. Estes crimes são geralmente perpetrados por homens,
principalmente parceiros ou ex-parceiros, e decorrem de situações de abusos no
domicílio, ameaças ou intimidação, violência sexual, ou situações nas quais a
mulher tem menos poder ou menos recursos do que o homem. Os parceiros íntimos
são os principais assassinos de mulheres. Aproximadamente 40% de todos os
homicídios de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro íntimo. Em
contraste, essa proporção é próxima a 6% entre os homens assassinados. Ou seja,
a proporção de mulheres assassinadas por parceiro é 6,6 vezes maior do que a proporção
de homens assassinados por parceira. No Brasil, no período de 2001 a 2011,
estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios, o que equivale a,
aproximadamente, 5.000 mortes por ano. Acredita-se que grande parte destes óbitos
foram decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher, uma vez
que aproximadamente um terço deles tiveram o domicílio como local de
ocorrência.” Ipea.
Será
que preciso continuar justificando porque a luta contra a cultura machista e
patriarcal é necessária? Preciso dizer que contra o feminismo não há argumentos
nesse nível?
Mesmo
assim vou insistir, homens se matam entre eles por conta da exacerbação da “virilidade”
e por conta de comportamentos de riscos (portanto, minhas afirmações estão longe de serem sexista). Afora isso, ou seja, a violência
cotidiana acomete homens e mulheres, embora os assassinos nesses casos sejam em
sua maioria homens. Quanto a questão do alistamento para a mulher não ser obrigatório,
a mais tosca das alegativas usadas contra o “privilégio” feminino, só tenho a
dizer uma coisa, mudem a lei que os obrigam a servir ao exército, afinal vocês
são maioria esmagadora no congresso. Apesar de o Brasil ter mulheres em
pontos-chave da administração federal, a começar pela presidenta da República,
Dilma Rousseff, e das dez ministras que fazem parte de seu governo, a atual
bancada feminina na Câmara Federal representa apenas 8,77% do total da Casa,
com 45 deputadas. No Senado, há 12 senadoras, dentre os 81 lugares.
PS: Cada um (homem ou mulher) tem o direito de transar com quantos quiser, se essa for sua vontade e se todos tiverem de acordo.
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