terça-feira, 15 de abril de 2014

Pra que serve o feminismo...




Depois da campanha “Não mereço ser estuprada” e da reação violenta a campanha, entramos na fase do questionamento da manifestação e até mesmo do feminismo. E confesso que estou cansada dos contra argumentar e defender não só a nossa manifestação quanto a nossa causa. E o mais lamentável é que àqueles que se confessam contrários ao feminismo e a recente campanha contra o machismo, manifesto durante a pesquisa do Ipea, sequer conseguem apresentar um argumento que se possa considerar ou tentar discuti-lo.  Entretanto, ainda perdemos o nosso precioso tempo apresentando dados que tornam legítimas não somente a luta contra a cultura do estupro como também contra o machismo.

A forma mais tosca de tentar deslegitimar a nossa luta é usar alguma situação que não esta no cerne da questão ou que está deslocada do foco e traze-la pra o centro da discussão. Vejam a analogia abaixo.

Em resposta a essa comparação, extremamente maldosa, coloquei alguns sites onde eles pudessem observar contra que nível de violência estávamos lutando e tentando combater. São Joaquim. UolBlog do Barbosa.

Aí eu fui acusada de ser sexista por ter dito que os homens morrem em disputas com outros homens (tráfico de drogas, brigas entre quadrilhas rivais, brigas por conta de embriagues, disputas e acidentes no trânsito... majoritariamente por questões ligadas ao envolvimento com a criminalidade) e que as mulheres são assassinadas majoritariamente por questões de ciúmes por seus próprios parceiros e por conta de estupros e que são poucos os casos de mulheres que matam seus parceiros.

“No Brasil, meio milhão de estupros e violência contra a mulher ocorrem anualmente. Meio milhão notificado, isto é, cerca de 1.400 por dia. Se isso corresponde apenas aos 10% que se sabe serem notificados, multiplica-se por 10 e chegamos a 14 mil estupros e violência diários. O fenômeno está no centro do machismo, não na beirada da patologia. Está no eixo da cultura patriarcal, não é ponta de curva. É o controle no limite físico da mulher – ou por agressão ou por estupro.” Fátima Pacheco Jordão.
 Obs: Imagens com esse nível de violência não serão exposta nesse postagem.



"Acidentes de trânsito causam 42 mil mortes por ano
As ações realizadas durante a Semana Nacional de Trânsito são gerais, voltadas a todas as pessoas. Não há um público específico, apesar do fato de “80% dos envolvidos em acidentes são homens, e na faixa etária de 18 a 39 anos”, segundo a coordenadora. Agência Brasil.
O crime organizado, especialmente o tráfico de drogas, é responsável por um quarto das mortes causadas por armas de fogo nas Américas, enquanto que na Ásia e na Europa é responsável por apenas 5 por cento dos homicídios (de acordo com os dados disponíveis).[...] O crime e a violência estão fortemente associados à existência de um grande número de população juvenil, especialmente nos países em desenvolvimento. Enquanto 6,9 por grupo de 100 mil pessoas são assassinadas em nível mundial, a taxa de homens jovens vítimas é três vezes maior (21,1 por 100 mil). Os homens jovens têm mais probabilidades de possuir armas e participar de crime de rua, de guerras de gangues e cometer crimes relacionados com as drogas. Nas cidades são cometidos três vezes mais homicídios do que em zonas menos povoadas.[...] Em nível mundial, 80% das vítimas e dos autores de homicídios são homens. Mas enquanto os homens têm mais probabilidades de morrer em lugares públicos, as mulheres são assassinadas principalmente dentro de casa, como na Europa, onde a metade das vítimas foi assassinada por um integrante da família. A maioria das vítimas de violência por parte do companheiro ou familiares são mulheres. Na Europa, por exemplo, em 2008, as mulheres representavam quase 80% de todas as pessoas assassinadas pelo companheiro atual ou anterior. Onu

“A expressão máxima da violência contra a mulher é o óbito. As mortes de mulheres decorrentes de conflitos de gênero, ou seja, pelo fato de serem mulheres, são denominados feminicídios ou femicídios. Estes crimes são geralmente perpetrados por homens, principalmente parceiros ou ex-parceiros, e decorrem de situações de abusos no domicílio, ameaças ou intimidação, violência sexual, ou situações nas quais a mulher tem menos poder ou menos recursos do que o homem. Os parceiros íntimos são os principais assassinos de mulheres. Aproximadamente 40% de todos os homicídios de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro íntimo. Em contraste, essa proporção é próxima a 6% entre os homens assassinados. Ou seja, a proporção de mulheres assassinadas por parceiro é 6,6 vezes maior do que a proporção de homens assassinados por parceira. No Brasil, no período de 2001 a 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios, o que equivale a, aproximadamente, 5.000 mortes por ano. Acredita-se que grande parte destes óbitos foram decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher, uma vez que aproximadamente um terço deles tiveram o domicílio como local de ocorrência.” Ipea.


Será que preciso continuar justificando porque a luta contra a cultura machista e patriarcal é necessária? Preciso dizer que contra o feminismo não há argumentos nesse nível?
Mesmo assim vou insistir, homens se matam entre eles por conta da exacerbação da “virilidade” e por conta de comportamentos de riscos (portanto, minhas afirmações estão longe de serem sexista). Afora isso, ou seja, a violência cotidiana acomete homens e mulheres, embora os assassinos nesses casos sejam em sua maioria homens. Quanto a questão do alistamento para a mulher não ser obrigatório, a mais tosca das alegativas usadas contra o “privilégio” feminino, só tenho a dizer uma coisa, mudem a lei que os obrigam a servir ao exército, afinal vocês são maioria esmagadora no congresso. Apesar de o Brasil ter mulheres em pontos-chave da administração federal, a começar pela presidenta da República, Dilma Rousseff, e das dez ministras que fazem parte de seu governo, a atual bancada feminina na Câmara Federal representa apenas 8,77% do total da Casa, com 45 deputadas. No Senado, há 12 senadoras, dentre os 81 lugares.

PS: Cada um (homem ou mulher) tem o direito de transar com quantos quiser, se essa for sua vontade e se todos tiverem de acordo. 




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