Saindo
da cômoda posição conservadora, a reacionária Rede Globo de televisão, exibe
beijo gay em plena manhã da última quinta-feira, dia 14.
O tão
esperado beijo entre dois rapazes, que estava previsto pra rolar no horário nobre,
na novela das 9:00 h, foi vetado pela direção da emissora. Enquanto as
entidades ligadas aos movimentos LGBT ainda lamentavam a censura da cena, Fátima
Bernardes saiu na frente e exibiu o pedido de casamento, que um rapaz faz ao
seu parceiro, e um beijo entre eles, num bar de Maringá, no Paraná durante um
flash mob. Durante a brincadeira os
rapazes se beijaram e trocaram carinho.
O vídeo (aqui)
foi exibido com o intuito de acender a discussão sobre educação sexual e
homossexualismo e a responsabilidade dos pais em conversar sobre o assunto com
os filhos. O que surpreendeu foi a forma de abordar o tema, de uma forma
natural e sem censuras, o que é espantoso em se tratando da Globo, uma emissora
conhecida pelo sua dificuldade em abordar temas delicados ou polêmicos.
O movimento
da emissora, no sentido de exibir as imagens, parece uma tentativa de naturalizar
a visualização de cenas como as do vídeo. Num país como o nosso, nitidamente homofóbico,
esse movimento pode representar uma tentativa de rompimento com esse modelo de
sociedade, androcêntrica e hetero normativa.
A prática
de carinhos e carícias homoafetivas em público permanece tabu. A Nossa sociedade ainda
não aprendeu a lidar com a diversidade sexual (Pra ser precisa, a sociedade
ainda não sabe lidar nem com a sexualidade hetero). A exibição da cena, apesar
de representar um marco, passou despercebida pelo grande público. Talvez tenha
sido assim por conta da maneira extremamente natural que o material foi
veiculado.
A
produção tratou o tema de forma despretensiosa, sem alardes. Foi uma boa sacada
mostrar pessoas que encararam a cena de forma bastante natural, como pessoas
que se sentiram incomodadas com ela. Com essa medida foi possível verificar a
quantas andam o preconceito na nossa sociedade, e ele anda bem elevado.
Bem,
para além do simbolismo, o passo que a emissora deu foi bastante corajoso,
veicular a cena logo pela manhã poderia ter despertado a ira dos conservadores
e ter gerado uma explosão de protestos e manifestações contra. No entanto, a
Globo exibiu a cena justamente para crianças e seus pais, e o ambiente
escolhido para a exibição foi uma escola, o que pode ter deixado os “baluartes
da moral e dos bons costumes” desconfortáveis para fazerem criticas a respeito.
Apesar
de toda a estratégia e cuidados o gesto gerou muitas críticas, principalmente
dos evangélicos que acusam a Globo de querer acabar com a família. É lamentável
que existam pessoas que creem que a simples exibição de cenas de carinhos
homoafetivo possam ameaçar a existência da família.
O que ameaça a família, e me refiro a família convencional como a pregada pelos evangélicos, é o machismo que
eles fomentam, é idealização da mulher submissa e resignada, é a forma autoritária
com é tratada a mulher. O que acaba com a família é a fome, é o desrespeito e a
falta de afeto.
Muito
embora desagrade a muita gente, a gradual veiculação de cenas como estas pode
fazer toda a diferença no combate ao preconceito e homofobia. A TV também tem a
função de quebrar paradigmas e apontar para novas direções. E surpreendentemente
a Globo aponta para a direção da tolerância e o respeito a diversidade sexual.
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