Depois de uma onda de exposição de meninas que
cederam a tentação de se deixar filmar ou fotografar em seus momentos íntimos
um nova expressão surge no dicionário feminino brasileiro, a pornografia de
revanche expressão tomada emprestado do inglês "revenge
porn". Digo feminino porque as mulheres são as mais afetadas com a
prática.
A pornografia
de revanche diz respeito a prática de divulgar material fotográfico, ou filmes,
com conteúdo íntimo com a intenção de denegrir a imagem de quem é retratada
nele, comumente a mulher.
O projeto de lei, apresentado pelo deputado federal,
visa tornar crime a divulgação indevida de material íntimo. Romário virou uma
das vozes mais fortes em defesa desta causa feminina.
O Deputado cedeu entrevista a Marie Claire falando
sobre o tema.
Marie Claire - Como surgiu a ideia de fazer esse
projeto de lei que coíbe e penaliza a divulgação de fotos e vídeos íntimos?
Romário - Os casos têm se tornado cada vez mais frequentes. Além das notícias que repercutem na mídia, há incidência em pessoas próximas. Como legislador, toda vez que diagnosticamos um problema, tentamos pensar numa solução.
MC - Se aprovado, como ele será aplicado? Como será feita a punição aos infratores?
R - A lei já prevê punição, só que ela é branda para o tamanho do problema que causa. Normalmente se paga uma indenização por danos morais. A polícia e a justiça já sabem como agir, inclusive já investigam os casos recentes. Eu proponho uma tipificação específica, com aplicação de pena de três anos de detenção mais indenização da vítima pelas despesas com perda de emprego, mudança de residência, tratamento psicológico.
MC - Há um artigo do projeto que aumenta a punição em casos no qual o parceiro tenha um relacionamento amoroso com a vítima. Qual a importância de se aumentar a pena nesses casos?
Romário - Os casos têm se tornado cada vez mais frequentes. Além das notícias que repercutem na mídia, há incidência em pessoas próximas. Como legislador, toda vez que diagnosticamos um problema, tentamos pensar numa solução.
MC - Se aprovado, como ele será aplicado? Como será feita a punição aos infratores?
R - A lei já prevê punição, só que ela é branda para o tamanho do problema que causa. Normalmente se paga uma indenização por danos morais. A polícia e a justiça já sabem como agir, inclusive já investigam os casos recentes. Eu proponho uma tipificação específica, com aplicação de pena de três anos de detenção mais indenização da vítima pelas despesas com perda de emprego, mudança de residência, tratamento psicológico.
MC - Há um artigo do projeto que aumenta a punição em casos no qual o parceiro tenha um relacionamento amoroso com a vítima. Qual a importância de se aumentar a pena nesses casos?
R -
Na verdade, já há uma evidência de que este tipo de crime é praticado por
vingança de uma pessoa próxima, que já fez parte da intimidade. Identificamos
uma crueldade maior nestes casos. O criminoso se aproveita da vulnerabilidade
gerada pela confiança da pessoa.
MC - O projeto prevê indenização em espécie para quem
filmar/divulgar esse tipo de material. Como seria estabelecida essa multa?
R - As vítimas, juntamente com seus advogados, devem guardar todos os comprovantes de despesas com mudança de endereço, psicólogo e decorrentes da perda de emprego. Assim o juiz deverá determinar o valor a ser ressarcido.
R - As vítimas, juntamente com seus advogados, devem guardar todos os comprovantes de despesas com mudança de endereço, psicólogo e decorrentes da perda de emprego. Assim o juiz deverá determinar o valor a ser ressarcido.
MC - O senhor acredita que essa forma de compensação
financeira, por maior que seja, traria algum tipo de sensação de justiça para a
vítima? Corre o risco de ser mal vista pela sociedade?
R - Mal visto pela sociedade deveria ficar o criminoso.
MC - Geralmente, quando vaza um vídeo como esse, as mulheres são as principais vitimas. Por que o senhor acredita que isso aconteça? Vivemos em uma sociedade muito machista? Como é ser porta-voz de um projeto de lei de cunho tão feminino?
R - Mal visto pela sociedade deveria ficar o criminoso.
MC - Geralmente, quando vaza um vídeo como esse, as mulheres são as principais vitimas. Por que o senhor acredita que isso aconteça? Vivemos em uma sociedade muito machista? Como é ser porta-voz de um projeto de lei de cunho tão feminino?
R -
Embora os casos ganhem mais repercussão com as mulheres, há homens vitimados
também. Porém, nossa sociedade costuma julgar as mulheres. É como se o
sexo denegrisse a honra delas. Os comentários machistas não vêm só dos homens,
muitas mulheres criticam as vítimas também. Quando divulgo meu projeto
na rede, recebo comentários absurdos apontando a mulher como culpada. Coisas do
tipo… ‘se ela se desse o valor, não passaria por isso, que sofra as
consequências’ ou ‘mulher direita não se deixa filmar’. Acho natural apresentar
este projeto, sou pai de quatro filhas lindas. Revista Marie Clarie.
Fiquei
surpresa que essa iniciativa tenha partido de um ex-jogador de futebol,
reconhecidamente mulherengo. Mas, preconceitos à parte, meus sinceros respeitos
ao nobre Deputado pela iniciativa.
Já estava
na hora de termos uma lei pra tratar especificamente sobre esse tipo de
comportamento. Não se admite que os homens ainda usem desses expedientes pra
intimidar suas parceiras ou denegri-las a imagens.
Muito
boa a iniciativa, mas não me furto de uma observação. Será mesmo que uma lei
como essa remedia o estrago causado?
É claro
que não. Continuaremos sendo execradas e julgadas pelas nossas práticas
sexuais. Seremos sempre santas ou putas e santas e putas. Temos de carregar o
fardo de ser a mãe imaculada e assexuada para sermos respeitada por essa sociedade,
como também teremos de ser a puta insaciável que realiza todas as fantasias do
marido. Entretanto, não podemos ter fantasias, porque mulher séria não pensa em
sacanagem e muito menos pratica, se deixar filmar nem pensar, que o diga Fran,
Júlia ,
Thamiris...
Acho
que fiquei confusa, me perdi entre a puta e a santa. Não consigo imaginar como
uma pessoa com certa limitação cultural consegue conviver com exigências tão antagônicas.
Não há como ser uma puta na cama e uma “dama” na sociedade. Entenda que aqui cabe
exatamente àquela expressão “À mulher de César não basta ser honesta, tem de
parecer honesta”, a dama deve não ter tido experiências sexuais anteriores e ainda
tem de ter sua reputação ilibada.
Outro
dia, ouvi de um amigo que não deixava a mulher dele, com quem tem problemas
relacionais, “porque não queria pegar uma mulher usada por outro homem”. Essa declaração deve ter sido usada pelo meu
tataravô numa mesa de bar justificando porque não casava com uma viúva. Apesar disso,
esse pensamento reflete muito bem o pensamento sexista e ainda atual.
Bem,
mas voltando ao PL de autoria de Romário, apesar de não reverter os estragos
provocados na vida da vítima, pelo menos força o chantagista a avaliar melhor
se vale a pena puxar uns diazinhos de cadeia e ter a folha corrida manchada por
conta de uma revanche no mínimo infantil.
Romário
faz uma observação importante, “Nossa
sociedade costuma julgar as mulheres. É como se o sexo denegrisse a honra delas”.
Portanto,
por mais que a lei puna o canalha que divulgou o vídeo, não há como punir as
pessoas que divulgam ou que julgam a moral da vítima. O sexismo é bem mais nocivo
sobre a vida da mulher e ela estará sempre sob os holofotes da degradação.
Os canalhas
que acham que “Mulher direita não se deixa filmar ou fotografar” são os mesmos
que adoram ver esse tipo de pornografia. E pode acreditar, eles também tem
muitas fantasias, algumas delas inconfessáveis. Se tivessem um pouco mais de
coragem colocariam em prática e seriam bem mais felizes. No entanto, preferem
ficar se importando com a sexualidade feminina. É como sempre digo é uma
sociedade demasiada hipócrita essa nossa, onde todos têm o rabo preso mas que
se sentem no direito de apontar os “erros” dos outros.
2 comentários:
No outro dia eu vi Romário, ele veio para comer em um dos restaurantes em higienopolis que é do meu avô.
Pois é Ramiro, o deputado Romário foi muito perspicaz ao elaborar esse projeto. Nesse momento a medida acena como uma alternativa possível de estancar esse problema que é a exposição da intimidade de nós mulheres.
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