Após ter uma cena de seu novo filme cortada, a
atriz Evan Rachel Wood acusa a Motion Picture Association of America (MPAA),
entidade que representa os maiores estúdios de Hollywood, de machismo. A atriz
utilizou o Twitter para expressar sua insatisfação.
Shia LaBeouf (esq.) e Evan Rachel Wood em cena do filme 'Charlie Countryman' |
A cena censurada exibia a personagem de Wood
recebendo sexo oral de seu parceiro Charlie, vivido por Shia LaBeouf (de
"Transformers"). A versão sem cortes estava em exibição no Festival
de Sundance deste ano. Depois do festival, o filme dirigido pelo estreante
Fredrik Bond, voltou à sala de edição para ajustes finais e antes de entrar no
circuito teve a cena de sexo oral cortada a pedido da MPAA. O órgão controla a
censura por faixas etárias nos filmes dos Estados Unidos
As
palavras de Evan foram:
"Ao ver o novo corte de 'Charlie Countryman,
eu gostaria de compartilhar meu desapontamento com a MPAA, que achou ser
necessário censurar a sexualidade de uma mulher mais uma vez. A cena em que os
dois personagens principais fazem 'amor' foi alterada porque alguém sentiu que
ver um homem fazer sexo oral numa mulher deixava as pessoas 'desconfortáveis',
mas as cenas em que as pessoas são mortas tendo suas cabeças explodidas ficaram
intactas e inalteradas. Esse é um sintoma de uma sociedade que quer envergonhar
as mulheres e diminuí-las por gostarem de sexo, especialmente quando (uau) o
homem não chega ao orgasmo também! Para mim, é difícil de acreditar que [a
cena] teria sido cortada se os papéis fossem invertidos. Ou se a personagem
feminina tivesse sido estuprada. É hora das pessoas CRESCEREM. Aceitem que as
mulheres são seres sexuais. Aceitem que alguns homens gostam de dar prazer a
uma mulher. Aceitem que a mulher não precisa apenas ser fudida. e agradecer.
Nós temos o direito e o dever de nos darmos prazer. É hora da gente se impor.
Obrigada por escutar."
Não
me surpreende em nada esse tipo de censura, simbolicamente ela representa
realmente um veto à sexualidade feminina. Venho batendo na tecla de que aquilo
que se supõe execrável perante a sociedade não é exposição da sexualidade das
meninas (últimos casos de pornografia de revanche), mas sim a vivência da
sexualidade. A atividade sexual, inacreditavelmente, continua sendo prática degradante
para a mulher. Basta ver a repercussão provocada pelos vídeos íntimos de sexo e
o crivo das críticas, que sempre recaem exclusivamente sobre as meninas, como
se o sexo, exclua-se a masturbação, fosse uma atividade solitária.
O
homem que “fode” todas é garanhão, e se espalha ou mostra nem se fala, já a
mulher se “dá” pra todo mundo é puta. Pelas minhas contas, e eu gosto de fazer
contas, essa matemática não fecha, se tem alguém comendo todas e é garanhão é
lógico que tem uma porção de mulheres dando pra ele, e acho pouco provável que
seja puta. Portanto, se há um cem numero de homens héteros sexualmente
satisfeitos se supõe que também haja o mesmo número de mulheres pelo menos
vivenciando sua sexualidade. Digo - pelo menos - porque ter orgasmo e se
realizar sexualmente é outra história e isso acontece justamente por conta do
machismo, que castra a sexualidade feminina e a torna refém do tabu.
Enquanto
o garoto é estimulado a manipular o seu pênis a menina cabe a repreensão por se
tocar – Tira a mão daí menina, isso feio – A vagina é feia, o desejo e a
masturbação femininos são muito, mas muito feios. O homem pode fazer um ménage,
uma mulher direita nem em sonhos, “isso é coisa de puta”. Aliais, tem homem que
quer saber até o que a mulher sonhou. Que nunca chegue o dia em que seja
possível o uso de mecanismo de detectar sonhos, porque o que a gente é capaz de
viver neles não está escrito.
Mas
voltando “ao” sexo, eu acho a minha buceta linda, isso, buceta. Porque tenho de
ter pudores com o nome do meu órgão sexual, uma parte do meu corpo que me
proporciona uma das melhores coisas da vida, o orgasmo? A cultura machista faz
justamente isso, tenta nos oprimir até mesmo por termos órgão sexual. Entretanto,
não me basta ter buceta, também adoro receber e fazer sexo oral, porque é
muito, mas muito prazeroso mesmo. Se você não gosta é direito seu, embora ache
que deve ter algum sentimento mal resolvido nisso. Agora o que não dá é para
tentar regular a sexualidade alheia ou fingir que diversas práticas sexuais não
existem, são nojentas ou pecaminosas.
O
grande problema com o machismo é que o sexista não tolera ver a mulher gozando,
por que é libertador, é a expressão perfeita da mulher segura e livre. A gente
tem contrações por todo o corpo, a descarga elétrica liberada no corpo feminino
é superior a que o homem sente, experiências revelam que com ela é capaz de
acender uma lâmpada. O bem estar que ele provoca na mulher é maior do que o
sentido pelo homem. Enquanto Freud dizia que a mulher tinha inveja do pênis eu
digo que o homem tem inveja do orgasmo feminino.
A
mulher que é capaz de sentir prazer representa uma ameaça à masculinidade dos
sexistas. Pois a mulher que goza não aceita sexo “mêa-boca”, não aceita
nojinhos, não tolera preconceitos. A mulher que goza é feliz, não tem medo de
dizer do gosta e o que quer da vida, ela corre atrás. E os bebezinhos que não
sabem segurar a onda tremem na base, não sabem o que fazer na hora “H”.
Então,
é mais fácil tentar tornar todas as mulheres inseguras, manipula-las,
subjuga-las, pois assim o macho pode se sentir seguro, é como eu falo sempre, a
mulher tem um poder que assusta mesmo. Portanto, controlar a vida sexual e a
libido é uma forma castrar esse poder e nos dominar.
No entanto
a época do patriarcado já passou, não somos uma propriedade e não aceitamos
mais controle algum, não aceitamos repressão, julgamentos, ou submissão. Tem mais,
não somos seres assexuados e gostamos de sexo sim, não somos bonequinhas que
podem ser exibidas como troféus para os amigos e parentes dos projetos de
patriarca. Quem quer ter mulher de verdade tem de compreender que somos seres
desejantes, sexuais, autônomos e pensantes. Do contrário, se relacionem com uma
boneca inflável, dá bem menos trabalho.
Fonte: Sexo e Saúde. |
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