sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Quase metade dos nossos jovens acredita que roupas insinuantes justificam o estupro.




Pesquisa realizada com jovens, com idade variando entre 18 e 29 anos, revelara uma situação preocupante, 4 entre 10 entrevistados, defendem literalmente o argumento de que mulheres que se vestem de forma insinuante não tem o direito de reclamar caso sofram violência sexual. Dados da pesquisa Juventude, Comportamento e DST/Aids, que foi realizada com o acompanhamento da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids) e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
 
Ainda foi registrado que pouco mais de 9% dos entrevistados concorda ou disse ser indiferente às agressões de mulheres por conta da recusa a fazer sexo e pouco mais de 11% dos participantes também se sente indiferente ao espaçamento de mulheres que traiu o parceiro.

Foram entrevistados 1.208 jovens em 15 estados e no Distrito Federal. Os critérios da coleta de dados, feita em 2012, foram semelhantes aos adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As pesquisas revelaram aquilo que a gente vem repetindo, que a nossa  sociedade ainda se pauta na cultura patriarcal para se relacionar com as mulheres. Lamentavelmente, ainda somos rotuladas e tratadas como objetos. Não podemos exercer plenamente nossa autonomia e somos relegadas a categoria de cidadãs de segunda categoria.
 
Naturalmente, essa pesquisa revela um tremendo retrocesso. Significa que estamos educando mal nossa juventude e que estamos reproduzindo o falido modelo de sociedade violenta, patriarcal e heteronormativa, dentre outros males. Implica dizer que uma parcela considerável dos homens jovens não sabe respeitar a sexualidade feminina e tampouco lidar a sua. Além do sexismo, temos uma geração de pessoas que não aprenderam a lidar com o não e com a rejeição. São pessoas que não respeitam regras, limites e que veem a mulher com mero objeto ou mercadoria, se trata de indivíduos que resolvem os conflitos a partir da violência.

Percebemos que apesar de toda luta feminista a sociedade continua fomentando o machismo e se estruturando em bases conservadoras. O mínimo que se esperava da geração avaliada na pesquisa é que se revelasse mais tolerante e com um percentual bem pequeno de ideias sexistas. Se nessa idade, reconhecidamente mais aberta a novas ideias, um percentual tão elevado de rapazes se revelam tão conservadores imaginem quando eles ficarem mais velhos!

Não compreendo e não aceito que um jovem ache que tem o direito de agredir uma mulher porque ela se recusou a fazer sexo com ele ou porque ela o traiu. Também não é aceitável que o homem faça uso da desculpa de que o modo de vestir de uma mulher justifique o estupro. Usar desse argumento é querer legitimar a própria perversão. Diversas tribos indígenas não usam roupas e nem por isso as mulheres são violentadas.

Repito, o estupro revela uma necessidade de estabelecer uma relação de poder, uma tentativa de subjugação da mulher, uma perversão masculina. Portanto, trata-se de um comportamento deliberado e não uma relação de causa e consequência, como alguns tenta fazer parecer. Mas eu nem devia estar tentando desmentir essa desculpa esfarrapada que os homens usam para culpar a mulher pelo estupro.


2 comentários:

Anónimo disse...

De fato essa pesquisa se configura,há uns três anos traz quando eu estava em sala de aula escutava demais os meninos com moralismo diante as meninas com frases tipo: "aquela menina é muito fácil,não vou namorar serio só vou ficar","elas são atiradas por isso é que agente só quer para transar"."namorada minha não anda com roupa com a bunda de fora"...assim são frases que escuto ainda hj de meu filho e sobrinhos adolescentes.

Anónimo disse...

reclamamos que somos vistas e tratadas como objetos sexuais,mas alegamos que é nosso direito se vestir como um;reclamamos da pedofilia mas alegamos que meninas vestidas com roupas sexualizadas é normal...sinceramente,como vamos progredir???