Pesquisa realizada com jovens, com
idade variando entre 18 e 29 anos, revelara
uma situação preocupante, 4 entre 10 entrevistados, defendem literalmente o argumento de que mulheres que se vestem de forma
insinuante não tem o
direito de reclamar caso sofram violência sexual. Dados da pesquisa Juventude, Comportamento e DST/Aids, que foi realizada
com o acompanhamento da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do Departamento
de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids) e Hepatites Virais do
Ministério da Saúde.
Ainda
foi registrado que pouco mais de 9%
dos entrevistados concorda
ou disse ser indiferente às agressões de mulheres por conta da recusa a
fazer sexo e pouco mais de 11% dos participantes também se sente indiferente
ao espaçamento de mulheres que traiu o parceiro.
Foram
entrevistados 1.208 jovens em 15 estados e
no Distrito Federal. Os critérios da coleta de dados, feita em 2012, foram
semelhantes aos adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As
pesquisas revelaram aquilo que a gente vem repetindo, que a nossa sociedade
ainda se pauta na cultura patriarcal para se relacionar com as mulheres. Lamentavelmente,
ainda somos rotuladas e tratadas como objetos. Não podemos exercer plenamente
nossa autonomia e somos relegadas a categoria de cidadãs de segunda categoria.
Naturalmente,
essa pesquisa revela um tremendo retrocesso. Significa que estamos educando mal
nossa juventude e que estamos reproduzindo o falido modelo de sociedade
violenta, patriarcal e heteronormativa, dentre outros males. Implica dizer que
uma parcela considerável dos homens jovens não sabe respeitar a sexualidade feminina
e tampouco lidar a sua. Além do sexismo, temos uma geração de pessoas que não
aprenderam a lidar com o não e com a rejeição. São pessoas que não respeitam
regras, limites e que veem a mulher com mero objeto ou mercadoria, se trata de indivíduos
que resolvem os conflitos a partir da violência.
Percebemos
que apesar de toda luta feminista a sociedade continua fomentando o machismo e
se estruturando em bases conservadoras. O mínimo que se esperava da geração avaliada
na pesquisa é que se revelasse mais tolerante e com um percentual bem pequeno
de ideias sexistas. Se nessa idade, reconhecidamente mais aberta a novas
ideias, um percentual tão elevado de rapazes se revelam tão conservadores
imaginem quando eles ficarem mais velhos!
Não compreendo
e não aceito que um jovem ache que tem o direito de agredir uma mulher porque
ela se recusou a fazer sexo com ele ou porque ela o traiu. Também não é
aceitável que o homem faça uso da desculpa de que o modo de vestir de uma
mulher justifique o estupro. Usar desse argumento é querer legitimar a própria perversão.
Diversas tribos indígenas não usam roupas e nem por isso as mulheres são
violentadas.
Repito,
o estupro revela uma necessidade de estabelecer uma relação de poder, uma
tentativa de subjugação da mulher, uma perversão masculina. Portanto, trata-se
de um comportamento deliberado e não uma relação de causa e consequência, como
alguns tenta fazer parecer. Mas eu nem devia estar tentando desmentir essa
desculpa esfarrapada que os homens usam para culpar a mulher pelo estupro.
2 comentários:
De fato essa pesquisa se configura,há uns três anos traz quando eu estava em sala de aula escutava demais os meninos com moralismo diante as meninas com frases tipo: "aquela menina é muito fácil,não vou namorar serio só vou ficar","elas são atiradas por isso é que agente só quer para transar"."namorada minha não anda com roupa com a bunda de fora"...assim são frases que escuto ainda hj de meu filho e sobrinhos adolescentes.
reclamamos que somos vistas e tratadas como objetos sexuais,mas alegamos que é nosso direito se vestir como um;reclamamos da pedofilia mas alegamos que meninas vestidas com roupas sexualizadas é normal...sinceramente,como vamos progredir???
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