Delegacias
da mulher em 12 estados receberão R$ 12,8 milhões. Entretanto o Ceará ficará de fora do rateio dos recursos.
Enquanto
isso a Delegacia Defesa da Mulher (DDM) aqui de Fortaleza segue em situação
precária. Em novembro de 2011 a situação
da DDM já era preocupante.
“Vereadoras de Fortaleza visitaram
na manhã desta terça-feira (27) a Delegacia da Mulher e constataram a situação
precária para o atendimento à população. A atividade foi coordenada pela
Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal por oportunidade da Semana de
Enfrentamento à Violência contra a Mulher. As parlamentares foram recepcionadas
pela delegada titular Rena Ximenes, que apresentou o quadro precário de
atendimento da delegacia, ao passo que há uma grande demanda reprimida. Segundo
a delegada, hoje são em média 60 boletins de ocorrência novos por dia, criando
uma fila de mais de 1.200 inquéritos policiais abertos. ‘Não há espaço para
detenção dos agressores, ficando eles algemados nos corredores da Delegacia’,
afirmou Ximenes, que destacou ainda a falta estrutura para atendimento
primário, como serviços emergenciais para mulheres fisicamente agredidas e
profissionais preparados para atender esse tipo de situação, como psicólogos e
assistentes sociais. Só neste ano, o equipamento já contabiliza 10.886
ocorrências e 176 mulheres foram assassinadas até este mês, números que já
superam os dados de 2011. ‘Mas, mesmos com essas dificuldades, já prendemos
4.500 homens’, completou a delegada. Eliana Gomes argumentou que o ideal seria
ter pelo menos cinco delegacias da mulher funcionando em Fortaleza, com a
perspectiva de regionalização do atendimento, além das delegacias contarem com
orçamento próprio, para que possam encaminhar despesas específicas, como
transporte de agredidas para a Rede de Enfrentamento, formada pelos Centros de
Referência da Mulher e os juizados especiais”. Tribuna do Ceará.
De lá
pra cá nada mudou, tanto que na Câmara Municipal, o vereador Marcio Cruz marcou
audiência pública para debater a situação da DDM.
“O parlamentar ressaltou a importância desse
debate para entender porque que na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM)
verificam-se diversas práticas diferenciadas no tratamento conferido à mulher
vítima de violência doméstica, como também a inexistência de investimento na
capacitação de recursos humanos. ‘As deficiências do sistema de proteção à
mulher em Fortaleza são alarmantes, onde a notória falta de infraestrutura do
prédio em que funciona a Delegacia da Mulher, encontra-se em estado catastrófico.
Além da necessidade de uma reforma estrutural, carece também de mobílias,
equipamentos de informática e diversos aparelhos que possam garantir o mínimo
de conforto às mulheres’, disse o vereador. Márcio ainda destacou que a
política de segurança para mulheres agredidas em Fortaleza está subordinada às
incipientes ações desenvolvidas na Delegacia Especializada. Ele declara que
enquanto os entes públicos e a sociedade civil não reconhecerem a violência
contra a mulher como uma questão social, merecedora de políticas públicas que
vão além da mera disponibilização de aparato repressor como medida pós facto,
pode-se afirmar que o que se tem é paliativo e não contribui para a emancipação
da mulher, verdadeiramente cidadã. Câmara Municipal de Fortaleza.
Infelizmente
esse dinheiro não chegou até o Ceará. A situação de vulnerabilidade da mulher
cearense preocupa. De acordo com dados da Coordenadoria Especial de Políticas
Públicas para as Mulheres (CEPAM), o Ceará tem a 3ª maior média do Nordeste de
mortes de mulheres por conflitos de gênero. Fortaleza, ocupa a 10ª posição no
ranque de feminicídios do país, com 5,4 mortes. A rede para acolhimento da população feminina
em situação de violência se encontra bastante defasada. De acordo com o artigo
185 da Constituição do Estado, todos os municípios com mais de 60 mil
habitantes devem possuir uma delegacia especializada para a mulher. No Ceará,
23 cidades estão inseridas nesse perfil, mas apenas nove contam com o
equipamento. Atendem o perfil os
municípios de Itapipoca, com mais de 100 mil habitantes, e as cidades de
Canindé, Aquiraz, Maranguape, e outras.
Recentemente
o governo do Estado assinou acordo de adesão ao programa "Mulher, viver
sem violência", da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência
da República. A iniciativa prevê o repasse de investimento no valor R$ 4,3
milhões para a construção da Casa da Mulher Brasileira, espaço que promete
reunir serviços de delegacias especializadas, juizados e varas, defensorias,
promotorias, equipe psicossocial e orientação para emprego e renda. O local, que será implantado no bairro Couto
Fernandes, na Capital cearense, deve ser concluído até o fim do próximo ano. Esperamos
que essa estrutura represente mais um mecanismo de combate a violência contra a
mulher e que não se torne mais um elefante branco como tantos outros prédios construídos
pelo governo, mas que sem concurso pra preencher o quadro funcional perdem
completamente sua função.
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