Quando
afirmo que a violência contra a mulher é institucionalizada muita gente me
acusa de estar exagerando. Então o que dizer quando as polícias de vários países
são acusadas de estupro? O que dizer quando a violência sexual é tolerada dentro
das penitenciarias?
Por Manuel Carlos
Montenegro
Após visitar o Complexo
Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís/MA, na última sexta-feira (20/12), o
juiz auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Douglas
Martins cobrou providências do governo maranhense para acabar com a violência
cometida a familiares de presos durante as visitas íntimas realizadas nos
presídios do complexo. Esposas e irmãs de presos estariam sendo obrigadas a ter
relações sexuais com líderes das facções criminosas, que ameaçam de morte os
presos que se recusam a permitir o estupro das mulheres.
“As parentes de presos
sem poder dentro da prisão estão pagando esse preço para que eles não sejam
assassinados. É uma grave violação de direitos humanos”, afirmou o juiz, que é
coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema
Carcerário (DMF) do CNJ. Ele vai incluir a informação no relatório sobre a
situação de Pedrinhas que vai entregar ao presidente do CNJ, ministro Joaquim
Barbosa esta semana. A visita ocorreu após a morte de um detento quinta-feira
(19/12). Seria o 58º preso morto este ano no Complexo de Pedrinhas, segundo a
imprensa maranhense.
A violência sexual
seria facilitada pela falta de espaço adequado para as visitas íntimas, que
acontecem em meio aos pavilhões, uma vez que as grades das celas foram
depredadas. A lei determina que haja espaço adequado para esse tipo de visita.
Sem espaços separados, as galerias abrigam cerca de 250 a 300 detentos que
passam dia e noite juntos, o que estimularia brigas e uma rotina de agressões e
mortes, segundo o juiz-auxiliar da presidência do CNJ.
“Por exigência dos
líderes de facção, a direção da casa autorizou que as visitas íntimas
acontecessem no meio das celas. Sou totalmente contrário à prática e pedi
providências ao secretário da Justiça e da Administração Penitenciária
(Sebastião Uchôa), que prometeu acabar com a prática em Pedrinhas”, disse
Douglas Martins.
Rotina – Desde
2011, quando houve o Mutirão Carcerário do CNJ no Maranhão, o Conselho
recomenda ao Poder Executivo maranhense a construção de unidades prisionais,
especialmente no interior, para acabar com a superlotação do Complexo
Penitenciário de Pedrinhas, o único do estado. Em outubro, após uma rebelião
matar 9 detentos em Pedrinhas, o CNJ voltou ao estado para reiterar a necessidade
de mudanças urgentes no sistema prisional local. Na ocasião, a governadora
Roseana Sarney prometeu construir 11 unidades prisionais, das quais 10 no
interior.
A situação, no entanto,
segue precária. Segundo o magistrado do CNJ, foi possível visitar todas as
unidades do complexo, mas não entrar em todas as áreas dos presídios por falta
de segurança. “Como as celas não ficam fechadas, os agentes de segurança
recomendaram não entrar porque os líderes das facções não teriam permitido e o
acesso às dependências seria muito arriscado”, disse. A governadora do estado,
Roseana Sarney, prometeu prestar informações sobre a crise no sistema prisional
até terça-feira (24/12) ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Revista
Fórum. http://revistaforum.com.br/blog/2013/12/familiares-de-detentos-sao-vitimas-de-violencia-sexual-em-presidio-do-maranhao/
O que percebemos aqui é uma tripla opressão; a do Estado que submete
essas mulheres a revistas humilhantes e tolera os abusos cometidos pelos presidiários,
a cometida pelos próprios presidiários e da sociedade que se omite e ainda
acredita que mulher de preso deve ser penalizada pelos crimes cometidos pelo
marido. Não é incomum as pessoas comentarem que mulher de bandido merece
apanhar ou coisas do tipo. Então o que esperar quando esses crimes são
cometidos dentro dos próprios presídios e perpetrados por aqueles que
supostamente seriam comparsas dos maridos ou dos familiares das vitimas?
É óbvio que esse tipo de caso pode, e muito provavelmente vai, acabar engrossando
as estatísticas dos crimes sem solução. Estamos de diante do tipo de situação
que o governo não irá se mobilizar pra resolver e responsáveis por essas
instituições também vai fingir que o problema não existe. Pois é através desse
terror que a máfia que controla a estrutura presidiária mantém suas relações de
poder dentro e fora dos presídios.
1 comentário:
é mulher de bandido então merece, se não quer pare de visitar e vá construir uma vida.
'quem com porco se mistura farelo come"
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