Por Ana Eufrázio
Pra quem
não viu a campanha, uma menina de aproximadamente 3 anos aparece só de fraldas,
usando uma quantidade exagerada de acessórios adultos, calçando um enorme
sapato alto vermelho, com penteado duvidoso, de pernas abertas e exposição
frontal, mostrando os fundos da fraldinha, maquiada com boca vermelha e fazendo
biquinho. Pela descrição já da pra perceber que a imagem era bem agressiva. A menina
é retratada erotizada muito acima do limite do tolerável.
Uso despropositado do corpo feminino |
É
bem típico das campanhas publicitárias o apelo a erotização da mulher, usada
pra reforça a cultura da coisificação do gênero feminino, com a finalidade de
estimular o consumismo. Basta ver as campanhas de bebidas, carros e tantas outras.
Como
é possível perceber, os publicitários tem errado a mão e extrapolado no uso de vídeos
e imagens que passam as mensagens erradas, se é que não teriam realmente essa
finalidade.
Incentivo ao estupro. |
Mas quanto à campanha da Courofino, o responsável por ela exacerbou o limite do bom senso. A imagem não só é de mal gosto como também uma violação aos direitos da criança e do adolescente no tocante a preservação de sua imagem e não exposição a situações vexatórias ou constrangedora.
Conforme Artigos 17 e 18 da Lei Nº 8.069,
de 13 de julho de 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Art. 17. O direito ao
respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da
criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Art. 18. É dever de todos
velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
A
imagem exibida na mídia é provocante no péssimo sentido, desvirtua a inocente
brincadeira de imitar os adultos e a vulgariza, expondo a criança a poses e
comportamento sexuais. Ela estimula o uso da imagem da criança como objeto sexual
enquanto fetiche dos pedófilos.
Incitação ao abuso sexual |
Segundo
Rafael Barreto, assessor jurídico do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente
(Cedeca), o órgão enviou hoje, dia 15, denúncia ao Ministério Público e aguarda
resposta sobre o assunto.
Rafael
ainda informa que a conduta da empresa é passível de punição e que embora tenha
retirado a campanha da mídia continua correndo o risco de ser penalizada com
multa ou ter de assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), onde se compromete
a não usar crianças e adolescentes em suas campanhas publicitárias.
Estereotipação da mulher como objeto |
Conforme informação do Portal Administradores, além da violação ao ECA, a campanha também viola o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, em seu parágrafo 1º do artigo 37 que define:
- Crianças e
adolescentes não deverão figurar como modelos publicitários em anúncio
que promova o consumo de quaisquer bens e serviços incompatíveis
com sua condição, tais como armas de fogo,
bebidas alcoólicas, cigarros, fogos de artifício e loterias, e todos
os demais igualmente afetados por restrição legal”.
A
imagem que estampava a campanha desde a semana anterior ao dia das crianças foi
alvo de muitas críticas e repúdio. Por esse
motivo ela foi retirada da fã Page da marca. Apesar disso, os internautas
insistem nas críticas e continuam enviando mensagens com o pôster com uma tarja
de repúdio sobre a imagem da criança.
Qualquer
denúncia de violação aos direitos da criança e do adolescente pode ser
encaminhada pra Cedeca no telefone (85) 3252.4202 ou no endereço: Rua Deputado
João Lopes, 83, Centro, Fortaleza – Ceará. Para acessar o site basta clicar Aqui.
Obs: não foram usadas imagens de crianças, tampouco da ilustrada na campanha, em respeito a elas.
1 comentário:
Parabéns! Achei de extremo mau gosto e apelo a prostituição infantil o anúncio da Couro Fina. No Facebook apelei a intervenção do Ministério Público.
Vera Coelho
Servidora Pública aposentada
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