De
acordo com dados do Ministério da Saúde somente em 2012 deram entrada nos
hospitais e clínicas do (SUS) Sistema Único de Saúde 18.007 mulheres
apresentando indícios de terem sofrido violência sexual, o que implica na média
de duas mulheres violentas a cada hora. A maioria esmagadoras das vítimas, cerca
de 75%, eram crianças, adolescentes e idosas. Os dados foram colhidos através
do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) e representam apenas
os casos onde a vítima procurou atendimento médico.
Apesar
de a estática revelar um índice de violência sexual muito alto esse número deve
ser ainda maior, já que algumas das vítimas sequer procuram o serviço médico.
Há casos em que o abuso é cometido sem que o estupro resulte em sinais claros
de violência física, onde a vítima não esboça reação e o agressor não deixa
hematomas ou lesões graves. Nesses casos, a vítima se sente inibida em procurar
ajuda por vergonha ou medo de sofrer qualquer tipo constrangimento, pois corre
o risco de ter sua credibilidade questionada.
Outro
fator a ser considerado e que impede que as vítimas procurem socorro é a
proximidade com o agressor e o medo de retaliação, já que na maioria dos casos
de violência sexual o criminoso é uma pessoa de seu convívio. Conforme informa
a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República, em 60% ou 65% dos casos o agressor, é comumente o
padrasto, o pai, o namorado, o amante, o vizinho, o avô.
A
convivência com agressor não só inibe a denúncia como também faz com que os
abusos ocorram sistematicamente, ocasionalmente resultando em gravidez. Comumente,
nos casos em que o agressor é o responsável pela tutela da vítima, ou seja,
pai, padrasto ou outro, a vítima é obrigada por ele a prosseguir com a gravidez
acarretando ainda mais prejuízos pra mulher.
No
Brasil contamos com o ligue 180 que é um
serviço da Central de Atendimento à Mulher. O serviço é ofertado pela
Secretaria de Políticas para Mulher (SPM) e tem o objetivo de receber denúncias
ou relatos de violência, de ORIENTAR as mulheres sobre seus direitos e sobre a
legislação vigente e ainda, ENCAMINHA-LAS AOS SERVIÇOS ESPECIALIZADOS quando
necessário. Segundo dados do órgão, o número de relatos de abuso sexual contra
mulheres pelo serviço Ligue 180 passou de 320 em 2006 para 1.686 em 2012.
Na Índia a cada 20 minutos uma mulher é estuprada. Muitas são vítimas dos chamados estupros de gangue, em que vários homens atacam ao mesmo tempo. Lamentavelmente, a estimava é de que somente 1 em cada 50 casos de estupro seja levado à polícia. E apenas 26% das denúncias resultam em condenação, algo por volta de 0,5% do total de agressões. Nos casos em que a vítima opta pela denúncia, na maioria das vezes, a polícia culpa a própria mulher pela violência. Essa prática desestimula as denúncias e expõe a mulher a mais violência, pois às vítimas de estupro se tornam párias, são evitadas na sociedade e não conseguem casar. Qualquer semelhança com o que ocorre no Brasil não é mera coincidência.
Aqui no nosso país a mulher também é “punida” pelos crimes sexuais dos quais é vítimas e, assim como na Índia, é tratada como “pária”. É certo que ela costuma casar e seguir a vida em frente, desde, é claro, que ninguém saiba sobre a violência. Porque a sociedade não perdoa a vítima, a aponta e ela passa a ser vista como portadora de doença contagiosa
Outra semelhança com a situação indiana é que aqui a vítima também é acusada de ter provocado o criminoso seja através das suas roupas, seja através do “comportamento sexualizado” ou por estar nos lugares “inadequados”.
Bem, aqui cabe uma reflexão (advirto que não justifica), ora se o que leva o homem a violência sexual são as roupas provocantes usadas pela vítima, então o que dizer da violência cometida contra soldados em serviço e vestindo, roupa quase masculina, a farda?
Tudo bem! Não são somente as roupas, mas os corpos femininos que são provocantes. E o que dizer das crianças violentadas que aparecem nas estatísticas acima?
Tá. Já compreendi. Não são somente as roupas e nem os corpos sensuais. São os comportamentos sexualizados das mulheres. Vamos lá. E o que dizer dos estupros cometidos contra mulheres idosas?
Já sei! São os lugares em que as mulheres costumam se arriscar. Perdoe-me a insistência em tentar entender; o que dizer dos estupros que são cometidos dentro de casa?
Finalmente compreendi. A culpa é da mulher que não escolhe suas companhias. Agora só me resta uma pergunta; você leu sobre as estatísticas acima? Então viu que entre 60% e 65% dos estupros são cometidos por pessoas conhecidas da vítima (pai, padrasto, tio, irmão...).
Perdoe-me os que ainda estão tentando encontrar uma forma de culpabilizar a vítima, mas ficou claro que o crime de estupro ocorre porque o homem vê a mulher como mero objeto de satisfação sexual e, o Estado é seu cúmplice quando deixar de puni-lo severamente e ainda busca formas de culpar a vítima.
Fonte: BBC Brasil. http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130308_violencia_mulher_sus_kawaguti_rw.shtml
Folha de São Paulo, www1.folha.uol.com.br/mundo/1217634-india-tem-uma-mulher-estuprada-a-cada-20-minutos.shtml
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